A Ocupação do Litoral do Rio Grande e de Santa Catarina
Pelo Tratado de Utrecht (1715), a Espanha reconheceu, novamente, Portugal como possuidor da Colônia. No entanto, Sacramento permanecia cercada pelos espanhóis, que entendiam que o domínio português restringia-se somente ao núcleo da Colônia, isto é, os portugueses só teriam direito às terras que ficassem dentro do alcance de um tiro de canhão. As posições portuguesas ficaram cada vez mais isoladas e a sobrevivência de Sacramento seriamente ameaçada.
A Coroa portuguesa percebeu a necessidade de ocupar as terras vazias entre Sacramento e Laguna. Para diminuir o isolamento e consolidar o domínio no Prata, movimentos de povoamento foram incentivados visando estabelecer núcleos de colonização nos litorais de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Paulistas estabeleceram fazendas de gado em Curitiba, um caminho foi aberto de Laguna até a Colônia e, em 1723, foi fundada a cidade de Montevidéu, para servir de suporte militar a Sacramento.
Não se conformando com a pressão portuguesa, os espanhóis arrasaram Montevidéu e fundaram, em 1726, pela segunda vez, a cidade, atual capital do Uruguai. Em 1735, o governador de Buenos Aires recebeu ordens para tomar Sacramento. Toda a zona rural da Colônia foi destruída . Pomares, estâncias e gado foram perdidos. Reforços chegaram do Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco. Em outubro de 1736 os espanhóis foram expulsos e os portugueses, que tinham conseguido manter as fortificações, reassumiram suas atividades comerciais.
Em 1737, uma expedição chefiada pelo brigadeiro Silva Pais tentou retomar Montevidéu, sem sucesso, conseguindo, no entanto, fundar, no mesmo ano, o presídio (forte) Jesus Maria José na entrada da lagoa dos Patos. André Ribeiro Coutinho, um oficial militar, companheiro de Silva Pais, escreveu que aquela era, realmente, a terra de "muito": "Aqui há muita carne, muito peixe, muito pato, muita marreca, muita perdiz, muito jacum (...) muito ananás, muita courama, muita madeira, muito bálsamo, muita serra, muito lago e muito pântano; no verão, muita calma, muita mosca, muita motuca, muito mosquito, muita pulga; no inverno muita chuva, muito vento, muito frio, muito trovão..."
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