Povoar para Defender
As constantes invasões do litoral brasileiro por parte de franceses e de espanhóis mostraram ao rei de Portugal que a assinatura de acordos diplomáticos com países europeus não lhe assegurava o domínio do novo território americano, o Brasil. Portanto, era preciso povoá-lo. Era preciso empreender uma colonização capaz de garantir, ao mesmo tempo, a ocupação e a defesa do litoral e, em conseqüência, consolidar o poder da Coroa.
Em 1534, Dom João III, intitulado "O Colonizador", implantou o sistema de capitanias hereditárias. Dividiu o litoral brasileiro em quatorze faixas de terras, que se estendiam do Oceano Atlântico para o interior até a linha imaginária de Tordesilhas.
O rei doou as terras a homens de sua confiança que arcavam com o ônus do empreendimento. Esses homens, fidalgos de pouca importância social no Reino, recebiam o título de capitães-generais e tinham o direito , entre outros, de transmitir as capitanias doadas aos seus herdeiros. Por essa razão essas faixas de terras denominaram-se capitanias hereditárias.
Os capitães-generais ou donatários, impulsionados por um grande desejo de aventura e fascinados com os relatos dos viajantes sobre riquezas, aceitavam viver numa região bem distante do seu país e assumir um compromisso tão ousado. O historiador Sérgio Buarque de Holanda diz que "a época predispunha aos gestos e façanhas audaciosos, galardoando bem os homens de grande vôo."
Outros fatores também interferiam na decisão dos capitães: a oportunidade de exercer mais poder e de expandir a fé cristã. Esses homens representariam, em suas capitanias, a Espada e a Cruz, símbolos das conquistas através da força das armas, da dominação pela superioridade técnica e da pregação religiosa. |