As Forças Políticas na Constituinte de 1823 |
Dentro das forças políticas que conduziam o processo da emancipação política urdiu-se uma trama de desentendimentos e desconfianças. Quando da reunião da Assembléia os deputados eleitos pelos democratas não estiveram presentes. Os aristocratas, sob a liderança de José Bonifácio, contando com apoio dos absolutistas, foram eliminando da cena política os democratas de Gonçalves Ledo que, praticamente, já não existiam quando a Constituinte se reuniu.
Este processo de exclusão incluía a proibição de que jornais ligados aos democratas circulassem. Também foi determinado por José Bonifácio, então ministro do Império, o fechamento das lojas maçônicas ligadas aos seguidores de Ledo.
O político José Martiniano de Alencar, que viveu naquela época, descreveu a situação afirmando que (...) "a marcha dos negócios públicos não é serena nem regular. O Governo tem tomado medidas violentas e anticonstitucionais; tem-se deportado outros, abrindo-se uma devassa não só na Corte como pelas províncias (...) a liberdade de imprensa está quase acabada, se não de direito, ao menos de fato (...) desconfia-se do despotismo; e o desgosto é geral."
Alencar referia-se à prisão e exílio de inúmeros deputados democratas como Gonçalves Ledo, José Clemente Pereira, Cônego Januário da Cunha Barbosa. Consta, inclusive, que Ledo, em vão, requereu um processo de justificação para sua forçada saída do país.
O jornalista Cipriano Barata escreveu (...) "Nosso imperador é um imperador constitucional e não o nosso dono. Ele é um cidadão que é imperador por favor nosso e chefe do poder executivo, mas nem por isso autorizado a arrogar-se e usurpar poderes que pertencem à nação. (...) Os habitantes do Brasil desejam ser bem governados, mas não submeter-se ao domínio arbitrário."
José Bonifácio, por sua vez, fortalecido politicamente naquele momento, declarava: "nunca fui nem serei realista puro, mas nem por isso me alistarei jamais debaixo das esfarrapadas bandeiras da suja democracia." |