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Outras Expedições

Novos grupos de estudiosos e cientistas europeus continuavam chegando ao Brasil. Entre 1816 e 1822 o professor francês de botânica Saint-Hilaire percorreu as atuais regiões sudeste e sul, demonstrando, em suas anotações, seu deslumbramento com os recursos naturais aqui encontrados. Mas, se a beleza da natureza brasileira o encantava, não deixava de perceber e criticar os privilégios concedidos à nobreza e aos portugueses, de maneira geral, bem como as injustiças cometidas contra a população mais pobre. Em seu livro " Segunda viagem do Rio de Janeiro a Minas Gerais e a São Paulo" comentava:

" (...) Era preciso que se distribuísse, gratuitamente, e por pequenos lotes, esta imensa extensão de terras vizinhas à capital e que ainda estava por se conceder quando chegou o rei. Que se fez, pelo contrário? Retalhou-se o solo pelo sistema das sesmarias, concessão que só podiam obter depois de muitas formalidades e a propósito das quais era necessário pagar o título expedido."

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Entre 1821 e 1829 uma expedição científica russa percorreu o interior do Brasil. Ela foi organizada por Von Langsdorff, membro da Academia de Ciência de São Petersburgo e cônsul-geral da Rússia no Rio de Janeiro. Dessa expedição fazia parte, contratado como desenhista, o pintor alemão Rugendas que, no entanto, ao chegar ao Brasil, abandonou seus companheiros e passou a viajar por conta própria, desenhando e anotando o que via. Rugendas ficou desagradavelmente surpreso com a permanência do tráfico negreiro no Brasil, especialmente na época da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, e escreveu em seu livro, referindo-se aos escravos: "... Seus sofrimentos são de tal ordem que nenhuma descrição seria bastante fiel, embora entregássemos à imaginação mais fértil o encargo de pintar o quadro com suas verdadeiras cores..."

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Se, por um lado, essas missões e expedições de cientistas, estudiosos e artistas estrangeiros serviam para tornar o Brasil mais conhecido lá fora, por outro lado, serviam, também, para a entrada, aqui, de novas idéias. Para a historiada Emilia Viotti da Costa, "a entrada de estrangeiros em número crescente a partir de 1808, a intensificação dos contatos com a Europa facilitaram a divulgação de idéias liberais e nacionalistas, então cultivadas nas sociedades secretas que aqui também se multiplicavam."

    Os Viajantes e o Redescobrimento do Brasil