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A Questão do Prata

Desde os primeiros tempos da colonização da América a região platina foi objeto de disputa entre Espanha e Portugal, especialmente a Colônia do Sacramento, atual Uruguai, também conhecida como Banda Oriental. Com a assinatura do Tratado de Badajoz, em 1801, que deu a Portugal a posse dos Sete Povos das Missões e à Espanha a colônia de Sacramento, a paz na região parecia ter sido selada.

Entretanto, a vinda da família real para o Brasil e o domínio da Península Ibérica por Napoleão mudaram a situação. Desde o estabelecimento da Corte no Rio de Janeiro, o Governo português demonstrou interesse em conquistar a margem esquerda do rio da Prata. A situação da Espanha, agora aliada da França e, portanto, inimiga de Portugal e da Inglaterra, propiciava a D. João excelente oportunidade de se instalar na cobiçada região do Prata, para o que procurou o apoio da Inglaterra. Os representantes ingleses no Rio de Janeiro não se posicionaram logo sobre a questão, escaldados que estavam por conta das duas tentativas infrutíferas realizadas em 1806 para se apossarem de Buenos Aires e de Montevidéu. Resolveram aguardar instruções de seu Governo para agir. Logo depois, em setembro de 1808, informados da revolta espanhola contra o domínio francês, os ingleses desaprovaram a posição portuguesa, pois agora a Espanha voltara a ser sua aliada.

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D. Carlota Joaquina também tinha interesses pessoais na dominação das antigas colônias espanholas, visto ser filha do rei da Espanha, Carlos IV, deposto por Napoleão, e irmã do herdeiro aprisionado pelos franceses, Fernando VII. Assim, julgava-se com direitos às colônias espanholas, por ser a única representante legítima dos Bourbon espanhóis na América . Lord Strangford, encarregado pela Inglaterra de cuidar de ambas as situações, teve melhor acolhida junto a D. João, pois D. Carlota já havia estabelecido contatos com antigos colonos espanhóis, que lhe davam esperanças de conseguir o seu intento. Tolhida em sua ação por D. João, a quem a Inglaterra pedira auxílio, D. Carlota viu, aos poucos, suas aspirações irem por água abaixo, inclusive pela desconfiança dos espanhóis em relação à sua lealdade à causa da Espanha, por ser casada com o príncipe português.

Mas a dominação da Espanha pela França detonara um processo de independência entre as colônias espanholas, do qual resultaram países como a Argentina e o Paraguai, que se tornaram independentes em 1810 e 1811, respectivamente. Sob o pretexto de defender o Rio Grande dos conflitos que eclodiam em suas fronteiras, D. João organizou tropas luso-brasileiras que se dirigiram para o sul, em direção à região platina, com a intenção de anexá-la ao Império português.

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Resolvidos os problemas fronteiriços, foi assinado um armistício entre o governo de D. João e a Junta que governava Buenos Aires. Mas a proclamação da independência das Províncias Unidas do Rio da Prata ocasionou a retomada de violentos conflitos na região conhecida como a Banda Oriental do Uruguai, que não aceitava as imposições de Buenos Aires. Por este motivo os uruguaios retomaram a luta. Pretendendo resguardar suas fronteiras e, também, expandir o seu Império, D. João ordenou a invasão e ocupação da região, que se tornou a Província Cisplatina, incorporada ao Brasil até 1827.

    A Política Externa Joanina