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Boas Práticas
Educação de Jovens e Adultos
Panfletando pela EJA
Informações
Sequência Didática
Resultados Observados
UNIDADE DE ENSINO
EM Alagoas - 3ª CRE
Avenida Dom Helder Camara 6742 - Pilares
AUTOR(ES)
Claudia Cerqueira Lopes e Flavia Maia Cerqueira Rodrigues

Claudia Lopes, 52, atua na Educação há 29 anos. Hoje, trabalha como professora de Geografia no Ensino Médio da rede estadual do Rio de Janeiro e na EJA da rede municipal carioca. Claudia é mestranda na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) e especialista em EJA pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN). Trabalhou em 2021 e 2022 na E.M. Alagoas (3ª CRE), em Pilares, e hoje leciona no Ceja da Maré (4ª CRE).

Flavia Rodrigues, 42, trabalha na Educação há 25 anos. É professora de Língua Portuguesa no Peja da E.M. Alagoas (3ª CRE), em Pilares, e alfabetizadora no Ceja da Maré (4ª CRE). Flavia também é mestranda em Educação Profissional em Saúde na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) e pesquisadora da EJA. Atua como militante no Fórum EJA-RJ e no Grupo de Pesquisa EJA-Trab da Universidade Federal Fluminense (UFF).
CARGO/FUNÇÃO DO AUTOR
Claudia- Professora de Geografia- PI e Flavia-Professora dos anos iniciais e de Língua Portuguesa (PII e PI)
EJA/Bloco
EJA II Bloco 1 e EJA II Bloco 2
COMPONENTE CURRICULAR
HISTÓRIA/GEOGRAFIA / Conhecer os processos de formação políticos, econômicos e sociais.
HISTÓRIA/GEOGRAFIA / Construir conceitos fundamentais para o entendimento dos processos históricos e geográficos, ampliando as leituras de mundo, contribuindo para a formação de cidadãos.
LÍNGUA PORTUGUESA / Reconhecer e valorizar a linguagem de seu grupo social e as diferentes variedades da língua portuguesa, identificando possíveis preconceitos linguísticos.
LÍNGUA PORTUGUESA / Valorizar a leitura como forma de conhecimento e proficiência.
PERÍODO DE REALIZAÇÃO
Fevereiro/2022 até Março/2022
PÁGINA(S) DA PRÁTICA/PROJETO NA INTERNET
Sensibilização/Contextualização para o tema
Foi no período da pandemia de Covid-19, quando ocorreu um esvaziamento nas turmas do Peja II da escola, que surgiu um diálogo entre a professora e estudantes na aula de História e Geografia. A conversa destacou a necessidade da conscientização da EJA como direito e fez uma reflexão sobre as dificuldades enfrentadas por quem ainda não havia tido acesso à escola.
Problematização

Dessa conversa surgiram indagações como:

  • Por que a escola está tão vazia?
  • Será que as pessoas sabiam que existia uma escola que oferecia EJA na região de Pilares?
  • O que podemos fazer para divulgar a escola?
  • Por quais problemas as pessoas passam para não chegar ao Peja?

Então, decidimos estudar as estatísticas sobre alfabetização e sobre o número de pessoas que ainda não havia concluído a Educação Básica no Rio de Janeiro. Articulamos essas leituras, juntamente com outras sobre as dificuldades pelas quais a EJA vinha passando com aulas de Língua Portuguesa.

Texto base

No Brasil, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) de 2019, a taxa de analfabetismo das pessoas com idades de 15 anos ou mais foi estimada em 6,6%, o que corresponde a 11 milhões de pessoas analfabetas. A existência de pessoas que não sabem ler ou escrever por falta de condições de acesso ao processo de escolarização deve ser motivo de autocrítica constante e severa (CNE/CEB 11/2000).

Segundo Nicodemos e Serra (2020), no artigo Educação de Jovens e Adultos em contexto pandêmico: entre o remoto e a invisibilidade nas políticas curriculares, ficou claro que os impactos socioeconômicos da pandemia afetaram diretamente a classe trabalhadora, que é o público da EJA. Os sujeitos da EJA não tiveram acesso efetivo ao ensino remoto emergencial. Eles passaram e passam por inúmeras dificuldades relacionadas à pandemia, à economia e a outras já existentes na sociedade, o que prejudicou sua escolarização

Desenvolvimento

Ainda segundo a Pnad (2020), 23% das pessoas sem Educação Básica completa não procuraram trabalho ou por conta da pandemia ou por falta de vagas no lugar onde vivem. Nicodemos e Serra (2020) avaliam que os sujeitos da EJA se encontravam/encontram nessa situação de vulnerabilidade social, afetados pelo desemprego e/ou pela procura de bicos para tentar sobreviver. Isso aconteceu, inclusive, com os mais jovens, ainda que corressem o risco de ser contaminados pelo coronavírus.

Segundo Arroyo (2007), a EJA foi marcada por vários traços de um contexto educacional popular que busca uma política afirmativa para jovens e adultos, muitas vezes segregados e estigmatizados, sem horizontes. Grande parte desses sujeitos da EJA vive em condições de pobreza, subemprego e vulnerabilidade. O autor nos orienta em relação aos significados pedagógico-políticos das lutas por direitos humanos, incorporando a EJA nesse cenário.

Diante da necessidade de trabalhar em uma perspectiva crítica a partir da realidade social dos(as) nossos(as) estudantes do Peja II, planejamos atividades pedagógicas articulando os conhecimentos das disciplinas de Língua Portuguesa, História e Geografia, com participação das turmas.

Arroyo (2007) afirma que adolescentes, jovens, adultos e idosos mostram ter consciência das (e resistência às) segregações que vivem em relação aos direitos negados. Assim, nossa proposta visou possibilitar a troca de conhecimentos em relação à negação da escolarização, pensando em ações teóricas e práticas que dialogassem com a situação do Peja II.

Considerando as Orientações Curriculares EJA (2021) de História e Geografia, que preconizam a valorização e a defesa da justiça social e o fortalecimento da democracia, discutimos a EJA como direito e concluímos que diversos fatores contribuem para que o direito à escolarização das pessoas não seja garantido.

Debatemos como as dificuldades de acesso à educação da classe trabalhadora está relacionada à estrutura do sistema capitalista e, a partir desse ponto, discutimos como poderíamos contribuir para garantir que as pessoas tivessem acesso àquele espaço escolar.

Daí surgiu a ideia de panfletarmos o entorno da escola, para que a comunidade local soubesse que a E.M. Alagoas oferecia o Peja. Através dessa ação os(as) estudantes se colocaram como sujeitos críticos capazes de intervir na realidade social promovendo uma mudança local.

Durante as aulas de Língua Portuguesa, desenvolvemos práticas de leitura dirigidas aos dados da Pnad que suscitaram diversos debates sobre a situação das pessoas que não tiveram acesso à EJA. Lemos tanto esse gênero textual, reconhecendo sua diversidade linguística, como charges sobre a condição da classe trabalhadora e analisamos os textos. Os estudantes escreveram suas análises.

De acordo com as Orientações Curriculares EJA (2021), é importante que a EJA reconheça e compreenda as diversidades linguísticas e os conhecimentos semânticos, gramaticais e discursivos, construindo sentidos para a formação da consciência cidadã.

Foi com base nesses preceitos que construímos um pensamento no contexto social, reconhecendo-nos como seres humanos importantes e conscientes de que as relações linguísticas têm reflexo nas relações sociais, históricas, políticas e culturais. Assim, elaboramos a escrita coletiva de panfletos para ser distribuídos na ação de prática social.

Produto Final

Panfletos elaborados pelas turmas do Peja II e a mobilização

Os panfletos foram elaborados pelos(as) estudantes, que escreveram, escolheram as imagens, desenharam e organizaram o seu formato. A mobilização relaciona-se à panfletagem feita no entorno da escola (Largo de Pilares), com participação de estudantes do Peja I. Estudantes e professoras distribuíram os panfletos pelas ruas, nos sinais de trânsito, comércio local e para as pessoas que passavam pelas ruas, sempre dialogando.

  • A conscientização que estudantes adquiriram a respeito do direito à EJA e de seus próprios direitos enquanto classe trabalhadora que estuda;
  • o desenvolvimento da capacidade de organização e de diálogo com seus pares na escola e com as pessoas da comunidade local;
  • a construção de um pensamento crítico, a partir das rodas de conversa, na redação do texto dos panfletos;
  • o fato de terem conseguido articular os eixos trabalhados (Trabalho, Cultura e Ambiente) com a realidade social; e
  • a matrícula no Bloco 1 do Peja de uma estudante II que relatou ter chegado à escola depois que recebeu o panfleto, já que não conhecia a modalidade.

Registros
IMAGENS
Estudante do PEJA II escrevendo e formatando o panfleto
Panfletagem e diálogo com a comunidade de Pilares
Panfletagem no entorno da Escola Municipal Alagoas
Panfleto 2 elaborado pelas turmas do PEJA II nas aulas de LP
Panfleto 1 elaborado pelas turmas do PEJAII nas aulas de LP
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