Nasci em Santa Cruz, no Rio de Janeiro. Sempre amei dar aulas. Desde criança, minha brincadeira preferida era ensinar as crianças da vizinhança, meus alunos de sempre, a refazer as atividades da escola. Com isso, com apenas 12 anos de idade, alfabetizei algumas delas.
Formei-me técnica em informática, no Ensino Médio, mas não encontrei na área o prazer profissional que vislumbrei. Por conta própria, refiz o Ensino Médio e concluí em 1998 o curso de Formação de Professores. Ao final do curso, consegui meu primeiro emprego como professora e atuo na área da educação até os dias atuais, com muito zelo. Hoje, como diretora-adjunta, integro a equipe gestora da E.M. Otelo de Souza Reis, em Antares, Santa Cruz.
Formada em Pedagogia, sinto imenso prazer em atuar como professora da rede municipal carioca. Todas as atividades que desenvolvo primam por educar e resgatar a autoestima dos alunos, usando sempre muita criatividade e inovação, para que aprendam com prazer.
Quando não estou trabalhando, amo estar com a família. Casada, sou mãe de dois lindos filhos, com os quais amo passear de bicicleta e preparar receitas maravilhosas para eles quando chegamos em casa.
Organizar o trabalho pedagógico da escola foi uma tarefa individual e coletiva de professores, coordenador pedagógico, equipes de apoio e diretoras. Para tanto, foi fundamental que todos se sensibilizassem com as especificidades, potencialidades, saberes, limites e possibilidades das crianças diante do desafio de uma formação voltada à cidadania, autonomia e liberdade responsável de aprender e transformar a realidade de maneira positiva.
A forma pela qual nossa escola percebeu e concebeu as necessidades e potencialidades dos nossos alunos refletiu-se diretamente na organização do trabalho escolar. Por isso, ressalto que, como nossa unidade escolar está inserida em uma realidade com características bem específicas, foi preciso organizar e reorganizar a escola e a sala de aula e até mesmo as modalidades de atendimento durante o ano letivo de 2021 para que nossa turma de 1º ano se sentisse constantemente acolhida e bem atendida.
Ninguém cria no vazio, mas a partir de experiências vividas, de conhecimentos e valores apropriados. Assim, a professora da turma formulou lindos projetos envolvendo leitura de gêneros variados, fazendo sempre a turminha viajar no conteúdo do material Rio Educa. Com isso, o prazer e o domínio do olhar, da escuta e do movimento sensível de cada contação de histórias potencializaram as possibilidades de apropriação das linguagens verbal e escrita.
E isso me proporcionou uma rica experiência quando, por questões de saúde, a professora da turma precisou se afastar, por recomendação médica, para não contrair covid. Ela só retornou às aulas presenciais no segundo semestre do ano letivo com o esquema de vacinação concluído.
E aí surgiu o desafio. Ela continuou a ministrar suas aulas de forma remota e percebi que as famílias dos estudantes se envolviam intensamente na aprendizagem. Em todas as oportunidades de contato, constatei, como coordenadora pedagógica, que o envolvimento familiar fortalecia a aprendizagem daqueles alunos. Nas semanas de avaliações diagnósticas da Rede, os alunos foram atendidos de forma presencial na escola. Para minha surpresa, quando apliquei as avaliações, percebi que os alunos resolviam as questões acessando a memória construída pelas histórias contadas pela professora e pelos responsáveis em suas casas. Ou seja, essas histórias alinhavam o processo alfabetizador de forma intensa e significativa.
Pude perceber, então, que a linguagem ocupa um papel fundamental nas relações vivenciadas por crianças e adultos. Por meio da oralidade, as crianças participam de diferentes situações de interação social e aprendem sobre elas próprias, sobre a natureza e sobre a sociedade. Quando a atenção familiar se une às atividades bem planejadas na escola, temos a oportunidade de estar juntos, abrindo os caminhos da apropriação da escrita, o que favorecerá belos registros que surgirão ao ampliarmos a observação e a capacidade de compreensão, favorecendo a boa convivência dos alunos com uma variedade de contextos com ricas possibilidades de reflexão. As crianças podem observar escritas em diferentes ambientes e, ao escutar belas histórias, associar o que ouvem a registros visualizados em determinados momentos.
Segundo Morais e Albuquerque (2004), crianças que vivem em ambientes ricos em experiências de leitura e escrita não só se motivam a ler e a escrever, mas começam desde cedo a refletir sobre as características dos diferentes textos que circulam ao seu redor, sobre seus estilos, usos e finalidades.
No entanto, sabemos que em nossa comunidade escolar nem todas as crianças têm a oportunidade de conviver com livros de literatura infanto-juvenil fora da escola. Com isso, os projetos de leitura realizados na unidade e até mesmo os realizados de forma remota, como ocorreu com essa turma, destacam a importância de os educadores garantirem em sua rotina pedagógica a prática de ler para as crianças e insistir em todos os momentos que envolvem a leitura, para que as famílias se envolvam e façam o mesmo.
Disso deriva uma decisão pedagógica fundamental para reduzir as diferenças sociais, que é a necessidade de assegurar diariamente a todos os estudantes a vivência de práticas reais de leitura e possibilitar a produção de textos diversificados e, como instituição escolar, sermos responsáveis por promover a ampliação das experiências das crianças, de modo que elas possam ler o mundo com desejo de crescer e se desenvolver a cada dia.
SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1998.
MORAIS, A.; ALBUQUERQUE, E. Alfabetização: apropriação do sistema de escrita alfabética. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
ALONSO, Jesús; CATURLA Enrique. A motivação em sala de aula: o que é, como se faz. 1999.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2004.