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Boas Práticas
Práticas integradas de assistentes sociais, professores e psicólogos
(Re)significando a experiência escolar em um contexto de violência entre estudantes
Informações
Relato
Resultados Observados
UNIDADE DE ENSINO
EM Manoel Cícero - 2ª CRE
Praça Santos Dumont 86 - Gávea
Unidade não vocacionada


AUTOR

Barbara Pinto Pereira Bittar

Psicóloga graduada pela Universidade Federal Fluminense - UFF
Especialista em Clínica Psicanalítica e Saúde Mental pelo Instituto de Psiquiatria - IPUB/UFRJ
Psicóloga da SME desde 2007
Assistente do Núcleo Interdisciplinar de Apoio às Unidades Escolares desde 2017 até hoje
Experiência em Saúde Pública e Saúde Mental, Psicologia da Educação e Psicologia Clínica

CARGO/FUNÇÃO DO AUTOR: Psicóloga/Assistente I

ANOS/GRUPAMENTOS ENVOLVIDOS
6º ano
7º ano
8º ano
9º ano
OBJETIVOS
A prática apresentada: (Re)significando a experiência escolar em um contexto de violência entre estudantes, buscou oferecer pontualmente uma ação de apoio e suporte interdisciplinar pós-evento de crise vivenciado pela comunidade escolar. A experiência proporcionou aos estudantes uma elaboração coletiva da violência sofrida, permitindo que os alunos pudessem reconstruir a sua relação e pertencimento ao espaço escolar.
PERÍODO DE REALIZAÇÃO
Março/3/20 até atualmente
Público
Aluno
Eixo do NIAP
Convivências e Conflitos na Escola
Competências Gerais da BNCC

8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.

9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.

A violência quando praticada dentro da escola, e principalmente entre os estudantes, pode provocar uma desorganização do espaço escolar dependendo da sua dimensão e dos seus efeitos.

Após um episódio de violência extrema praticado por um estudante contra os demais, várias equipes da SME, tanto do Nível Central como da CRE, foram deslocadas para apoiar à escola. A direção da escola sustentou a reabertura do espaço no dia seguinte com apoio dessas equipes, permitindo assim que professores e funcionários, que assim desejassem, pudessem também ter seu tempo de elaboração e reorganização para retornar à escola.

Descrevo aqui uma prática pontual nomeada como "metodologia de ação pós-crise”: acolhimento e oferta da palavra, com vistas à (re)significação do espaço escolar, por meio de uma escuta livre e coletiva, visando elaborar o episódio violento vivido pela comunidade escolar (esse episódio não será aqui especificado visando resguardar a identidade e história dos envolvidos). Nos dois dias subsequentes estive na escola, como psicóloga e parte da gerência do setor, junto à equipe PROINAPE, para apoiar a reorganização da dinâmica escolar no pós-crise, colaborando na elaboração de estratégias educativas e socioemocionais para acolher os efeitos desse evento e ampliar as possibilidades de reconstituir o lugar de vida, aprendizagens e segurança desse espaço.

Inicialmente houve nossa circulação nas salas, na presença dos professores, a fim de ouvir os primeiros sentidos do episódio. Apesar de poucos alunos irem à escola nesses dois dias, a escola ter permanecido aberta foi fundamental para aquela comunidade, pois possibilitou receber aqueles que ali precisavam estar, não só alunos, como familiares, professores e funcionários.

Depois dessa iniciativa me coloquei no pátio acolhendo à livre demanda e procura. Aos poucos os estudantes se aproximavam curiosos e iam tecendo histórias para tentar criar sentidos coletivos ao vivido. Cada um trazia uma perspectiva do que aconteceu, fatos escutados, pedaços de enredos produzidos numa tentativa de entender o porquê de ter acontecido com eles. A necessidade de falar sobre o acontecimento violento foi produzindo procura àquele espaço de circulação da palavra. Pedidos de conversas individuais com a psicóloga foram sendo substituídos pela procura coletiva no pátio da escola. A experiência daquele dia foi sendo entrelaçada com as vivências das adolescências e assim foram construindo um novo sentido de pertencimento à escola, por meio da "associação livre coletivizada", em que o que um diz evoca no outro o seu dizer. (MIRANDA e SANTIAGO, 2010)

Minha presença no pátio (posição que poderia ser assumida por outro adulto da escola) foi como facilitadora de encontros, permitindo a elaboração e ressignificação do lugar da escola para os estudantes, possibilitando o restabelecimento dos laços afetivos e sociais, fundamentais para o processo de ensino e aprendizagem.

É necessário um tempo de suspensão das atividades cotidianas em situações de extrema violência, a fim de reconstruir a dinâmica escolar. Não se trata de suspender aulas, mas permitir o encontro da comunidade escolar para que coletivamente possam ressignificar o ocorrido e reconstruir a relação afetiva, social e pedagógica.

A escola ter permanecido aberta e receptiva à sua comunidade foi fundamental para que pudessem elaborar coletivamente o episódio vivido e refazer o lugar dessa escola como espaço de aprendizagens. Verificamos que os estudantes constituíram relações mais fraternas e de companheirismo restabelecendo o sentimento de pertencimento e reconstituindo o lugar de acolhimento e segurança da escola.

Essa experiência pontual de escuta apontou para a necessidade de organizar práticas que reintegrem a dinâmica escolar em eventos de crise, permitindo que a reconstrução coletiva possa ser significativa para todos, saindo do fatalismo traumático para a experiência transformadora.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Secretaria Municipal de Educação. Escola Segura: Protocolo de Prevenção, Proteção e Segurança Escolar. Rio de Janeiro: março, 2024. Disponível em: https://multirio.rio.rj.gov.br/materialrioeduca/pdf/viewer.php

Conselho Federal de Psicologia (Brasil). Referências técnicas para atuação de psicólogas(os) na educação básica / Conselho Federal de Psicologia. 2. ed. Brasília: CFP, 2019.

MIRANDA, Margarete Parreira e SANTIAGO, Ana Lydia. As conversações e a psicanálise aplicada à educação: um estudo do mal-estar do professor e o aluno considerado problema. In Proceedings of the 8th O declínio dos saberes e o mercado do gozo. São Paulo: 2010.

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