Este relato visa mostrar como a turma 1103 da E.M. Paula da Fonseca se familiarizou com o mundo letrado e construiu solidamente um processo rumo à alfabetização através de jogos, modelagens, dramatizações e brincadeiras.
Em 2021, por conta da pandemia, meu primeiro contato visual com o grupo se deu em 9 de abril, com as aulas síncronas. A partir daí, pude observar a necessidade do lúdico e do concreto no trabalho com a maioria das crianças. Mesmo atividades relacionadas ao processo de letramento vinham cercadas de músicas e brincadeiras.
No início do período, procurei proporcionar um ambiente alfabetizador, “aquele em que há uma cultura letrada com livros, textos digitais ou em papel, um mundo de escritos que circulam socialmente” , no dizer da educadora argentina Ana Teberosky (1985), que conclui: “A comunidade que usa a todo momento esses escritos, que faz circular as ideias que eles contêm, é chamada alfabetizadora”.
Nossa prática teve início desde o primeiro contato. Atividades de rotina como a apresentação dos nomes de cada criança foram oferecidas na chamadinha diária, quando elas passavam a apropriar-se dos próprios nomes e dos nomes dos colegas. Esses nomes eram desmembrados e assim as crianças formavam novas palavras.
"Todo contexto de aprendizagem
tem sequências que se repetem
(rotina), que têm alta
incidência na formação."
À medida que iam-se apropriando dessa prática, as crianças já realizavam essa construção de forma autônoma.
"As atividades podem ser
planejadas e autocontroladas
com maior ou menor grau
de autonomia."
Paralelamente às práticas de rotina, a familiarização com o alfabeto facilitou bastante o desenvolvimento das habilidades. A partir das letras do alfabeto, propus ao grupo um jogo da memória cuja regra principal era desenhar um objeto cujo nome se iniciasse por uma determinada letra. Feito isso, selecionei e digitalizei os desenhos. O jogo consistia em relacionar imagem e letra.
“Os alunos precisam
apropriar-se do sistema
alfabético para que
se tornem capazes
de ler e escrever”.
Outra ação desenvolvida foi a produção de um livro. Dividi a turma em grupos de cinco alunos e propus que cada criança criasse e produzisse personagens modeladas com argila. As crianças se uniram e criaram histórias orais das quais eu fui a escriba. Fotografei as personagens criadas e, com a impressão da obra, confeccionamos livros.
"Texto é o eixo central
das atividades de letramento".
Com base nos preceitos consignados pela Lei N° 10.639, trabalhamos a história e a cultura afro-brasileira, confeccionamos a boneca Abayomi e, oralmente, as crianças produziram diálogos a partir da personagem e de situações pessoais.
“Um dos elementos facilitadores
para uma boa prática é a contextualização".
Uma nova experiência veio da proposta de produção textual. Construímos semanalmente textos coletivos a partir dos nomes das crianças ou de fatos trazidos por elas. Com os textos que transcrevi no quadro, com questões interpretativas, as crianças retiravam em duplas as informações pedidas.
O ano de 2021 foi recheado de boas histórias, a maioria delas produzidas a partir da vivência dos alunos da turma 1103.
Esse período foi permeado pela afetividade que culminou em uma leitura e escrita criativa e autônoma.
FERREIRO, Emilia; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artmed, 1985.
ROTTA, Newra Tellechea; OHLWEILER, Lygia; RIESGO, Rudimar dos Santos (Org.). Transtornos da aprendizagem: abordagem neurológica e multidisciplinar. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
MARTINS, Viviane Lima. O processo de letramento e da aquisição da linguagem escrita pelas crianças. Intraciência:Revista Científica, São Paulo, n.17, mar. 2019.
Jogos pedagógicos
• Gerador de histórias divertidas;
• Boca certa;
• Jogos de tirinhas;
• História: conta a sua.