A LINGUAGEM DO EDUCADOR E O DESENVOLVIMENTO DA AUTONOMIA MORAL DOS ESTUDANTES foi uma ação oferecida para todas as Unidades Escolares que compõem o território da 4° Coordenadoria Regional de Educação. A partir de um pedido desta mesma Coordenadoria, cuja demanda girava em torno da intensificação de conflitos interpessoais que se desenrolavam no espaço escolar, resolvemos propor encontros de formação com Coordenadores Pedagógicos das UEs, cujo objetivo era o estudo, a reflexão e a socialização de saberes relacionados ao tema do conflito, da indisciplina e dos usos da linguagem no contexto escolar, a fim de pensar estratégias de ação para o tratamento dos mesmos.
A ação que aqui se expõe constituiu-se como um trabalho de Apoio Institucional que aconteceu entre diversas Unidades Escolares que compõem o território da 4° Coordenadoria Regional de Educação.
A partir de um pedido desta mesma Coordenadoria, cuja demanda girava em torno da intensificação de conflitos interpessoais que se desenrolavam no espaço escolar, resolvemos propor encontros de formação que tinham como objetivo o estudo, a reflexão e a socialização de saberes relacionados ao tema do conflito, da indisciplina e da violência escolar.
Partindo do princípio de que a conduta moral e ética da criança é aprendida, e assim como todos os demais processos, possui estágios de desenvolvimento, propusemos discutir e analisar qual seria o papel do educador na aquisição destas condutar. Mais especificamente, nosso objetivo foi o de refletir sobre as implicações da linguagem do educador na construção da autonomia moral do aluno, entendendo autonomia moral como a aquisição progressiva de princípios, valores, e regras de conduta.
Sabemos que uma das funções primordiais da escola é a formação de cidadãos críticos, solidários, éticos e comprometidos com o mundo em que vivem. Entretanto, dependendo da forma como ocorre a comunicação entre a escola e os alunos, pode-se tanto favorecer quanto prejudicar o desenvolvimento moral desses últimos.
Entendemos que a comunicação é um desafio em todos os âmbitos da vida. A maneira como nos dirigimos às pessoas causa impressões em suas emoções, faz diferença em seus sentimentos, e interfere no seu desenvolvimento. Isso não é diferente na escola. As palavras do educador não são inofensivas. Ao contrário, afetam a vida dos alunos para melhor ou para pior e influenciam no conceito que eles têm de si mesmos, em seu comportamento, e na construção de sua subjetividade.
Partindo de autores como Piaget (1994), Vinha (2000), La Taille (2019), e Ginott (1973), e entendendo a autonomia moral como um processo progressivo que vai da anomia (ausência de regras), passa pela heteronomia (obediência acrítica à autoridade externa), até chegar a uma desejada autonomia moral (internalização crítica e ativa das regras), buscamos pensar, junto aos educadores, quais seriam os tipos de linguagem que favoreceriam ou dificultariam o desenvolvimento deste desenvolvimento.
Para fins didáticos, dividimos estes tipos de linguagem em duas. A primeira é dirigida à personalidade ou à capacidade do indivíduo, podendo trazer diversas consequências negativas para o sujeito tais como a diminuição da autoestima, a dificuldade de aprendizagem, os sentimentos de culpa, ansiedade, medo e, por fim, o reforço da heteronomia. Já a linguagem descritiva é uma forma de comunicação que consiste em apresentar os fatos como são, isto é, como o próprio nome diz, descrever ações, fatos e sentimentos, sem emitir julgamentos. Refere-se, portanto, a fatos, acontecimentos, e às ações do sujeito, e não ao ser, ao caráter, ou à personalidade do mesmo.
GINOTT, H. Comunicação Congruente. In: O professor e a criança. Rio de janeiro, Block Edições, 1973, p. 55-83.
LA TAILLE, Y. Desenvolvimento do juízo moral e afetividade na teoria de Jean Piaget. In: Piaget, Vygotsky, Wallon: Teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 2019.
PIAGET, J. O Juízo Moral na Criança. São Paulo: Summus, 1994 (Originalmente publicada em 1932). SP: Mercado de Letras, 2000.
VINHA, T. P. O educador e a moralidade infantil: uma visão construtivista. Campinas,
WREGE, M. G., ANDRADE, B. G., ARANHA, G. C., LOURENCETTI, N. S. S. Linguagem do Educador e a Autonomia Moral. Revista eletrônica de psicologia e epistemologia genéticas Volume 6 Número 2 – Ago-Dez/2014