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Detalhe de desenho do Rio de Janeiro na última década do século XVI (Crédito: François Froger/Museu Imperial – Iphan)

Enquanto em algumas regiões da América portuguesa as plantações de cana se espalhavam e as moendas rangiam contentes, vertendo o caldo açucarado, em capitanias hereditárias como a de Pernambuco e a de São Vicente, embarcações conduzidas por renegados franceses infames, de acordo com a Coroa portuguesa, abarrotavam seus porões com cargas e mais cargas de madeira do pau-brasil – pirateadas da região do Rio de Janeiro e retiradas da Mata Atlântica.

O desmatamento da cobertura florestal dessas encostas estava em curso em pleno século XVI. Piratas e contrabandistas franceses, em especial, ocupavam espaços nas terras do entorno da Baía de Guanabara. Enfrentavam, atacando se necessário, as caravelas lusitanas que com eles cruzassem, por exemplo, nas águas do litoral carioca. A liderança de Portugal estava em xeque, especialmente na porção recebida pelo Tratado de Tordesilhas, que não se sustentava. Ataques e invasões se multiplicavam.

O calendário registrava o dia 12 de maio de 1548, e a mensagem encaminhada pelo fidalgo Pero de Góis, donatário da capitania de São Tomé, para seu soberano era clara e alertava: “A Baía do Rio de Janeiro constituía a maior escala de corsários”. Tais riscos e ameaças anunciados não eram fatos novos. Há muito que os franceses navegavam margeando as terras da América portuguesa e, em particular, o litoral carioca, mantendo com os nativos um frequente comércio, realizando trocas. Esse aviso era mais um entre tantos já enviados para D. João III (1502-1557).Em outra correspondência, Luís de Góis, irmão de Pero, sinalizava: “Se Vossa Alteza não socorrer rapidamente estas capitanias e a costa do Brasil, perderemos nossas vidas e nossas plantações, e Vossa Alteza perderá o país”. Diante da realidade, talvez o rei tenha refletido que o tempo corre alheio à vontade das pessoas. Melhor seria não iludir mais ninguém e agir.