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Litografia aquarelada do Paço de São Cristóvão por volta de 1835 (Crédito: Karl Robert Planitz/Coleção Maria Cecília e Cândido Guinle de Paula Machado)

A vinda da família real mudou a fisionomia do Rio de Janeiro. Aquela cidade que fora vista por inúmeros viajantes como suja, feia e malcheirosa, por preconceito ou pela realidade, começava a se expandir e a tomar modos europeus. Tomar modos, mas não sendo cópia fiel.

As antigas ruas de terra, esburacadas e malcuidadas, deixavam de ser apenas “um alinhado de fachadas, por onde se anda na cidade”, como definem os dicionários. Ganhavam nova pavimentação para facilitar a circulação das carruagens, que começavam a trafegar em várias direções. Essa movimentação definia caminhos e facilitava a construção de novas casas fidalgas, surgidas na passagem de quem ia para São Cristóvão, onde o príncipe regente fixou moradia, ou para Botafogo, onde a futura rainha Carlota Joaquina Teresa Caetana de Bourbon e Bourbon (1775-1830) residiu. Eram regiões valorizadas, devido à presença dos seus ilustres residentes.

Mais chafarizes foram construídos, além de pontes e de calçadas. Ruas e estradas eram abertas para dar escoamento aos produtos cultivados em áreas próximas à corte, como a do Comércio e a da Polícia (que cortavam a área entre os rios Paraíba e Preto). A iluminação pública expandiu-se, utilizando o óleo de baleia. Pântanos foram aterrados; mercados e matadouros passaram a ser fiscalizados, assim como festas e espetáculos públicos.

A malha urbana espraiava-se vagarosamente nas direções norte e sul, preenchendo os espaços vazios entre as terras dos antigos engenhos e a Cidade Velha, assim nomeada pelos residentes. Para subsidiar essa expansão, foi criada a Décima Urbana – origem do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), que vigora até hoje –, na cidade onde uma parte da população buscava distinção, grandeza e civilidade.