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Os negros desempenhavam as mais diversas funções, especialmente as mais penosas, tanto no campo como na cidade (Crédito: Jean-Baptiste Debret/Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin)

Um dos principais líderes políticos do começo dos anos 1800, Bernardo Pereira de Vasconcelos (1795-1850), em discurso no Parlamento, em abril de 1843, defendeu a manutenção da escravidão no país afirmando que "a África civiliza”. Pretendia demonstrar que o Império do Brasil era uma nação civilizada, cuja economia baseava-se na agricultura de exportação, necessitando dessa mão de obra. Justificava a escravidão e seu comércio como forma de o “Império brasileiro cumprir o seu destino”.

O crescimento da cidade do Rio de Janeiro foi acompanhado pelo aumento populacional, inclusive dos escravos. Segundo a historiadora Ynaê Lopes dos Santos, aconteceu “uma relação proporcional entre ambos crescimentos: quanto maior a expansão urbanística da cidade, maior era o número de negros que andavam nas ruas desempenhando os mais diversos trabalhos. O resultado dessa equação foi um imbricamento e uma adaptação da cidade ao sistema escravista e vice-versa”.

Jean-Baptiste Debret (1768-1848), que participou da nomeada Missão Artística Francesa, percorrendo as ruas da cidade, apontou especificamente para uma característica: “Fica-se espantado com a prodigiosa quantidade de negros perambulando seminus e que executam os trabalhos mais penosos e servem de carregadores. Eles são mais raros em dias de festas”. Além de Debret, outros viajantes fizeram relatos contundentes sobre a presença dos cativos africanos pelas ruas da corte do Rio de Janeiro.