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A tecnologia na escola
08 Maio 2015 | Por Erika Werneck e Marinete D’Angelo
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ilustração artigoA tecnologia pode ser uma aliada importante, porque pressupõe novas formas de interpretar e representar o conhecimento. Além do mais, uma determinada tecnologia requer uma multiplicidade de recursos distintos, os quais devem ser considerados para que seu uso seja significativo e pertinente ao contexto. A utilização de diversas mídias (computador, televisão, livros) possibilita ao aluno expressar seu pensamento por meio de diferentes linguagens e formas de representação.

É necessária, portanto, uma cuidadosa reflexão por parte de todos que compõem a comunidade escolar, para que a tecnologia possa, de fato, contribuir na formação de indivíduos competentes, críticos, conscientes e preparados para a realidade em que vivem. O uso de tecnologias na escola está vinculado a uma concepção de ser humano, de mundo, de educação e do papel de cada um na sociedade.

Para questionar o aluno, desafiá-lo e instigá-lo a buscar, construir e reconstruir conhecimento com o uso articulado de tecnologias, o professor define quais são as mídias mais apropriadas a determinadas atividades. Ele sabe o que essas mídias oferecem em termos de ferramentas, funções e estruturas.

Um exemplo disso é a possibilidade de fazer, rever e refazer que as ferramentas interativas permitem – jogos, quizzes, vídeos interativos, fóruns –, oferecendo a oportunidade de se transformar o “erro” em algo que pode ser revisto e reformulado instantaneamente para produzir novos saberes.

Maria Elizabette Brisola Brito Prado esclarece que “conhecer as especificidades e as implicações do uso pedagógico de cada mídia disponível no contexto da escola favorece ao professor criar situações para que o aluno possa integrá-las de forma significativa e adequada ao desenvolvimento do seu projeto. (...) A integração efetiva poderá ser desenvolvida à medida que sejam compreendidas as especificidades de cada universo envolvido, de modo que as diferentes mídias possam ser integradas ao projeto, conforme suas potencialidades e características”.

A televisão e o vídeo são ótimos recursos para mobilizar os alunos em torno de problemáticas, quando o objetivo é despertar o interesse por novos temas ou aprofundar assuntos já em andamento. Assim, podem-se buscar temas que se articulam com os conceitos envolvidos nos projetos em desenvolvimento, selecionar o que for significativo para esses estudos, aprofundar a compreensão sobre os mesmos, estabelecer articulações com informações provenientes de outras mídias, como a internet, e desenvolver representações diversas que entrelaçam forma e conteúdo nos significados que os alunos atribuem aos temas.

Ao se fazer uso da internet, por exemplo, basta clicar sobre uma palavra, imagem ou frase realçada, abrindo-se um hipertexto; surge uma nova situação, um novo evento ou outros textos relacionados.

ilustração artigo 2Para Magda Soares “o computador trouxe outro tipo de texto, o hipertexto, que é uma forma de leitura muito diferente. Não é um texto linear, é um texto simultâneo (...) reúne a palavra com a imagem, com o som, enfim, com vários recursos. E é preciso desenvolver as habilidades de leitura, de compreensão, de interpretação desse tipo de texto. Esse é o papel dessas tecnologias na sala de aula. Não apenas para ficar mais interessante, para facilitar o trabalho do professor, mas porque são novas linguagens que o aluno precisa aprender a ler, a compreender, a interpretar. (...) Os modos específicos de ler imagens e textos digitais são decorrentes de outro letramento (...) novos modos de compreender, perceber, sentir, representar e se relacionar com a vida e com o mundo, marcando a trajetória de cada sujeito-leitor e somando-se a ela”.

Ela considera, ainda, que “a comunicação pela tela está criando não só novos gêneros da escrita, mas também está inovando o sistema da escrita”. A esse respeito, segundo Pierre Lévy, “o hipertexto, diferentemente de um texto de jornal ou revista em papel, está constantemente em movimento; com um ou dois cliques, obedecendo por assim dizer ao dedo e ao olho, ele mostra ao leitor uma de suas faces, depois outra, um certo detalhe ampliado, uma estrutura complexa esquematizada”.

O uso de hipertexto possibilita mais liberdade, porque rompe com as sequências estáticas e lineares do que se pode chamar de caminho único, com início, meio e fim característicos, como ocorre no livro didático tradicional. Neste, as etapas da leitura são fixadas previamente; é tudo, por assim dizer, “arrumadinho”. Ao se valer do hipertexto, o autor disponibiliza um leque de possibilidades de informações que permitem ao leitor “navegar” por elas seguindo a “rota” que bem quiser, por ele mesmo traçada, interligando as informações segundo seus interesses e suas necessidades.

Ao saltar entre as informações e estabelecer suas próprias associações, o leitor interage com o texto e assume um papel ativo que o transforma em coautor do hipertexto. É um novo modo de ler que, por sua vez, remete a um novo conceito de autoria.

Todo esse trabalho requer da parte do professor o desenvolvimento de competências que poderão favorecer a reconstrução da prática pedagógica. Isso é possível com o engajamento em programas de formação e da participação em comunidades de aprendizagem e de produção de conhecimento.

Competências e habilidades desenvolvem-se por meio de ações e de níveis de reflexão que abrangem conceitos e estratégias, como dinâmicas de trabalho que privilegiem a resolução de problemas emergentes no contexto ou o desenvolvimento de projetos.

Segundo Pedro Demo, “MP3, DVD, televisão, internet: essa é a linguagem que as crianças querem e precisam. Não exclui texto. (...) O texto (...) é de cima para baixo, da esquerda para a direita, linha por linha, palavra por palavra, tudo arrumadinho; não é real. A vida real não é arrumadinha (...) A gente quer pensar tudo sequencial, mas a criança não é sequencial. Ela faz sete, oito tarefas ao mesmo tempo – mexe na internet, escuta telefone, escuta música, manda e-mail, recebe e-mail, responde... (...) Ela tem uma cabeça diferente. O texto impresso vai continuar, é o texto ordenado. Mas vai entrar muito mais o texto da imagem, que não é hierárquico, não é centrado, é flexível, é maleável. Ele permite a criação conjunta de algo”.

Erika Werneck é jornalista e Marinete D’Angelo é especialista em midiaeducação.

 
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