ACESSIBILIDADE
Acessibilidade: Aumentar Fonte
Acessibilidade: Tamanho Padrão de Fonte
Acessibilidade: Diminuir Fonte
Youtube
Facebook
Instagram
Twitter
Ícone do Tik Tok

Por que tenho que ser bom? Trabalhando ética com as crianças
14 Maio 2014 | Por Andrea Ramal
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Whatsapp

Andrea Ramal artigoNo episódio Por que tenho que ser bom?, da série O Que Me Faz Ser Eu?, exibida pela MultiRio, a questão apresentada às crianças é: o que nos leva a escolher fazer coisas certas, e não erradas?

A história que dá início à discussão já era contada por Platão, quase 400 anos antes de Cristo. Fala de um pastor que encontra um anel mágico: quando ele usa, fica invisível. O pastor era bom e honesto, mas será que resistiria à tentação de fazer tudo o que quisesse, mesmo que algo fosse errado, já que ninguém poderia descobrir? A identificação das crianças com o dilema é imediata. A pergunta que surge é: “E você, se tivesse um anel como esse, o que faria?”.

No debate com crianças, vale trazer exemplos práticos. Uma ideia possível: situações que acontecem no trânsito da cidade. Aquele motorista que só para no sinal vermelho quando há um guarda controlando, o outro que não excede o limite de velocidade só no trecho que tem radar, ou aquele que consome bebida alcoólica e mesmo assim dirige, só porque não há blitz nesse dia. Será que essas pessoas só se preocupam com a vida quando há alguém vigiando? E a pergunta para as crianças: se não tivesse lei, nem guarda, nem câmeras, você sempre faria o que é certo?

Outras perguntas podem surgir na sequência, como, por exemplo: “É certo fazer coisas um pouco erradas se você não puder ser pego?”; “Você faz as coisas certas porque gosta, ou por causa da opinião dos outros?”; “Fazer coisas boas e corretas deixa você mais feliz? Por quê?”.

Incentive as crianças, em casa e na escola, a pensar sobre as escolhas que temos que fazer a toda hora, na nossa vida. Coloque situações que a própria criança poderia vivenciar, como, por exemplo, se achasse uma carteira com dinheiro, ou se fosse comprar seu biscoito favorito e recebesse um pacote a mais. Mesmo sem ninguém vendo, você se sentiria melhor devolvendo ou ficando com essas coisas? Por quê?

Por-que-tenho-que-ser-bom intUm caso bem concreto da vida escolar é a postura nas avaliações. Se, num dia de prova, o professor tivesse que sair da sala por alguns minutos, o que a criança imagina que faria? Praticaria uma transgressão, abrindo o caderno para olhar a matéria? Então, quando fazemos as coisas certas na escola, é só porque o professor está tomando conta?

Ótimo também trazer situações de casa, como, por exemplo, o que a criança faria se os pais saíssem o dia todo: ficaria estudando ou só brincando?

Mas atenção, não se trata de dirigir o debate para lições moralistas sobre o que é certo ou errado. A ideia é incentivar o questionamento sobre o porquê de nossos atos e nossas escolhas, refletir sobre os valores que estão na base do que fazemos. Por isso, não há respostas certas ou erradas. O mais importante são as perguntas.

A discussão central neste episódio é: quem diz o que é bom ou mau, certo ou errado? Se somos livres, o que nos leva a escolher entre o bem e o mal? A lei ou a nossa consciência? Quem é o juiz da sua vida: Deus? Sua família? Você mesmo?

E ainda uma discussão bem atual: muitas vezes as crianças dizem “eu faço isso, porque afinal todo mundo faz”. A filosofia ajuda a lidar com essa situação em casa, na escola, na vida. Ora, porque todo mundo faz, algo passa a ser correto?

Explique aos seus filhos, ou aos seus alunos, que quem pensa dessa forma perde a liberdade de escolher. Está deixando que os outros “façam a sua cabeça”.

A Filosofia nos torna mais capazes de tomar nossas próprias decisões, com autonomia. Por isso é fundamental praticar essa atitude com as crianças! Talvez se aprendêssemos a questionar tudo isso desde cedo, nosso mundo não precisasse ter tantos radares, nem tantas câmeras, nem tantas leis.

Para saber mais:

• SAVATER, Fernando. Ética para meu filho. São Paulo: Planeta Brasil, 2005.

• PIGATTO, Lisete Maria Massulini. “Ensaio sobre a educação ética ou estética na escola”. Disponível aqui (acessado em 7/5/2014 às 8h10).

• FERREIRA, Adriano Rodrigues. “Reflexões: da ética aristotélica para a ética na sociedade brasileira atual”. Disponível aqui (acessado em 7/5/2014 às 8h15).

Andrea Ramal é doutora em Educação, diretora da ID Projetos Educacionais 

* O episódio Por que tenho que ser bom? vai ao ar nesta quarta-feira (14), às 20h, no canal 26 da NET, e na sexta-feira (16), às 14h10, na BandRio.

 

 
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Whatsapp