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Déficit de atenção, um transtorno que merece cuidados
24 Março 2015 | Por Sandra Machado
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distraido mioloReconhecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um transtorno neurobiológico de causas genéticas, o transtorno do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) ocorre numa taxa entre 3% e 5% das crianças. No entender do psicólogo Alexandre Costa e da professora Katia Rios, do Núcleo Interdisciplinar de Apoio às Unidades Escolares (Niap), os métodos pedagógicos de abordagem do distúrbio precisam ser discutidos caso a caso. Para eles, é preciso receber com cuidado as narrativas de familiares dos alunos, fazendo uma reflexão sobre o avanço desse diagnóstico e a consequente construção de “bioidentidades”, ou seja, pessoas reduzidas à sua dimensão biológica.

“Cabe à escola encontrar maneiras de acolher os diferentes modos de aprender”, recomendam Kátia e Alexandre. Em outras palavras, fazer um esforço para afastar a estigmatização de crianças e assegurar seu acesso ao conhecimento. Com o cuidado de entender que não há consenso sobre o transtorno na área médica e que é preciso enfrentar, com cautela, o apelo puro e simples pela medicalização. Os especialistas do Niap reforçam seu ponto de vista ao fazerem referência a Allen Frances, ex-diretor da revisão do guia de referência mundial para doenças psiquiátricas. O doutor, por sua vez, lembra que o TDAH é diagnosticado em nada menos do que 20% dos adolescentes norte-americanos do sexo masculino. E alerta: “O remédio pode ser bom para poucos e terrível se usado em muitos”.

SDAHSinais ganham evidência em sala de aula

Alunos que não esperam sua vez, respondem antes de ler a pergunta até o fim, interrompem a fala dos outros, ou esquecem com frequência o material escolar confirmam o padrão clássico, que indica a desatenção, a inquietude física ou mental e a impulsividade como os traços distintivos do TDAH. Em compensação, elas apresentam a característica do hiperfoco (concentração em um tema específico), motivado pelo interesse pessoal.

Apesar da presença de um alto potencial criativo, o distúrbio costuma gerar nas crianças tanto dificuldade de aprendizado quanto problemas de interação social. Já na idade adulta, ele pode levar a um quadro de depressão, de ansiedade e até de dependência química, que o tratamento precoce ajuda a prevenir. Uma boa orientação assegurada aos pais e aos professores conduz ao encaminhamento para a psicoterapia – no caso, a terapia cognitivo-comportamental, realizada por psicólogos.

Nos últimos anos, alguns setores, de forma espontânea, vêm se articulando em função do TDAH. Um bom exemplo é a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA). Fundada em 1999, a ABDA divulga os resultados de pesquisas científicas e organiza eventos para profissionais de saúde ou de educação, a fim de que o transtorno possa ser, cada vez mais, identificado, diagnosticado e tratado corretamente.

Alcance nacional

De acordo com Katia Beatriz Silva, psiquiatra e membro do conselho científico da ABDA, celulares e smartphones costumam ser bastante atraentes para quem sofre de TDAH. “Em virtude de sua necessidade constante de estímulo, é possível pensar que esse público tenha uma tendência maior à utilização exagerada. No entanto, ainda são necessários mais estudos para confirmar, ou não, a possibilidade de que esses aparelhos sejam efetivos agentes de dispersão.”

A respeito da terapia cognitivo-comportamental, a psiquiatra explica que o tratamento permite a conscientização das próprias dificuldades e, mais do que isso, um esforço pessoal em traçar estratégias para promover mudanças que facilitem o dia a dia. “A participação familiar é fundamental. Na ajuda que ela pode dar, auxiliando a criar rotinas que facilitem lembrar compromissos, por exemplo. Por fim, conhecer bem o transtorno, ler sobre ele e entender o que se passa é essencial”, garante.

A fim de driblar as dificuldades acadêmicas, a médica sugere uma série de medidas simples, como o aluno sentar-se na frente, próximo ao professor, ou o uso regular de recursos visuais na sala de aula. No site da ABDA, existem inúmeros textos com dicas para pais e educadores, assim como para adultos com TDAH. Além disso, a ABDA oferece atividades contínuas, como os Grupos de Apoio gratuitos para o portador do transtorno e seus familiares em diversas capitais brasileiras – Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Rio Branco, Florianópolis, Belo Horizonte e Vitória.

Há previsão de que o serviço chegue a Brasília, Curitiba, Belém, Fortaleza e Recife ainda no primeiro semestre de 2015. Quanto à capacitação de professores, a ABDA realiza cursos sob demanda, gratuitamente, para profissionais em todo Brasil.

 
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