O Rio de Janeiro foi a primeira cidade do mundo a receber o título de Patrimônio Mundial como Paisagem Cultural Urbana, pela Unesco, em 2012. Mas, além de tantas belezas naturais, o Rio conta sua história também em prédios, fortes, monumentos e em patrimônios imateriais. Como a marchinha que virou hino da cidade.
1) Cidade Maravilhosa: quem deu esse nome?
Que o Rio de Janeiro é conhecido como a Cidade Maravilhosa, todo mundo sabe. Mas de onde veio esse termo? Existem duas versões. Há quem diga que a expressão foi usada pela primeira vez pelo escritor maranhense Coelho Neto, em 1908, nas páginas do jornal A Notícia. Vinte anos depois, o autor lançou um livro intitulado Cidade Maravilhosa, com crônicas sobre o Rio – o que reforça essa hipótese. Mas outra versão relaciona o termo ao título da obra La Ville Merveilleuse, livro de poemas publicado em 1913, em que a autora francesa Jane Catulle-Mendès narra momentos e impressões de sua estadia no Rio. O apelido “pegou” e hoje já faz parte da história da cidade.
2) A marchinha que virou hino
No início da década de 1930, André Filho retomou a expressão Cidade Maravilhosa na composição que, por meio de uma lei, em 2003, foi eternizada como símbolo do Rio – ao lado do brasão e da bandeira –, tornando-se hino oficial da cidade: “Cidade Maravilhosa/ Cheia de encantos mil/ Cidade Maravilhosa/ Coração do meu Brasil”. A marchinha foi gravada pelo próprio André junto com Aurora Miranda, irmã de Carmem Miranda. Hoje, é presença certa em festividades, sobretudo no repertório de carnaval.
3) O ponto turístico mais visitado
Além de berço do samba e das lindas canções, o Rio seduz a todos pelas belas paisagens naturais e pontos turísticos incomparáveis. Nesse quesito, o Cristo Redentor é o grande campeão. Localizado no Parque Nacional da Tijuca, é o ponto mais visitado da cidade, recebendo cerca de 5 mil visitantes por dia. O morro do Corcovado, onde se localiza a estátua, recebeu mais de 2,3 milhões de turistas em 2013, conforme dados da Riotur. Não à toa, o Cristo foi eleito uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo Moderno, em julho de 2007.
4) Pioneirismo em teleféricos
O Pão de Açúcar, segundo ponto mais visitado da cidade, também representa um marco turístico. A inauguração do então teleférico (hoje bondinho), em 1912, projetou o nome do Brasil no exterior: foi o primeiro instalado no país e o terceiro no mundo, estimulando o desenvolvimento do turismo nacional. E, se o assunto é teleférico, o Rio é mesmo pioneiro. O do Morro do Alemão, inaugurado em 2011, é o primeiro transporte de massa por cabo no Brasil. Segundo a SuperVia, desde a inauguração já viajaram nele mais de 19 milhões de passageiros, com recorde de 19 mil em apenas um dia (15/12/2012).
5) O skate park mais moderno do país
Localizado no Parque Madureira, o Skate Park Jorge Luiz Souza “Tatu” (batizado em homenagem a um dos pioneiros do skate carioca) é a segunda maior pista do país (a primeira está na cidade de São Bernardo do Campo – SP), com 3.850 m². O skate park de Madureira, no entanto, é apontado por muitos skatistas como o mais moderno e funcional, e já tem todas as credenciais para receber campeonatos de grande porte.
6) A história do Museu Histórico
Maior e mais antigo museu do centro da cidade, o Museu Histórico Nacional (MHN) foi instituído na época das comemorações do centenário da Independência (1922). Em sua área, funcionava o Forte de Santiago, um dos pontos estratégicos para a defesa da cidade do Rio de Janeiro no século XVII. O forte serviu como calabouço – prisão destinada aos escravos que cometiam faltas –, daí a região ser denominada, àquela época, Ponta do Calabouço. No local também foi construída a Casa do Trem (para guardar armamentos) e o Arsenal de Guerra (destinado ao reparo de armas e à fabricação de munições).
7) Primeiro monumento construído no Brasil
O monumento a Dom Pedro I, localizado na Praça Tiradentes, foi o primeiro a ser erguido no Brasil. Idealizado em meio às comemorações dos 50 anos da primeira Constituição Brasileira, sua inauguração aconteceu em 1862 por D. Pedro II. A estátua é considerada introdutora da escultura romântica no Brasil. Em sua base estão representados quatro rios brasileiros (Amazonas, Paraná, Madeira e São Francisco), indígenas, animais selvagens e plantas nativas. A obra é de autoria de Louis Rochet, a partir do desenho de João Maximiniano Mafra.
8) De cadeia a palácio
No local onde hoje se encontra o Palácio Tiradentes, sede da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, no Centro, funcionou a Cadeia Velha, que abrigava os presos do período colonial. Foi lá que em 1792, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, ficou detido até o momento do enforcamento. Com a instalação da família real portuguesa no Paço, em 1808, os serviçais da Coroa foram acomodados na antiga cadeia, demolida em 1922 para dar lugar a um novo edifício-sede da Câmara dos Deputados: o Palácio Tiradentes, inaugurado em 1926 e que recebeu esse nome em homenagem ao preso ilustre. O local funcionou como sede da Assembleia Constituinte e da Câmara dos Deputados, no Império; e da Câmara dos Deputados, durante as primeiras décadas da República.
9) Marcos históricos no Paço Imperial
Cenário de acontecimentos importantes da história do país, foi no Paço Imperial que, em 9 de janeiro de 1822, D. Pedro I decidiu não voltar a Portugal, no episódio conhecido como o Dia do Fico. Também foi em uma das salas do local que a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, em 1888, anunciando, então, a abolição da escravatura. Outra curiosidade é que o Paço foi retratado na primeira fotografia tirada na América do Sul, em 1840. Na ocasião, o abade Louis Compte demonstrava ao imperador D. Pedro II como funcionava o daguerreótipo – um dos primeiros equipamentos fotográficos a ser reconhecido mundialmente.
10) Igreja guarda restos mortais de Pedro Álvares Cabral
Erguida entre 1761 e 1808, a Igreja Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé, no Centro, guarda os restos mortais de Pedro Álvares Cabral e do primeiro cardeal da América Latina, D. Joaquim Arcoverde. O templo, construído como igreja do convento dos Carmelitas (localizado ao lado), foi a única igreja das Américas que serviu de palco para a sagração de um rei e a coroação de dois imperadores. Também foram celebrados lá os casamentos de D. Pedro I e D. Pedro II.
11) Biblioteca Nacional abriga um dos dez maiores acervos do mundo
Com mais de dez milhões de itens, a Fundação Biblioteca Nacional foi considerada pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) uma das dez maiores bibliotecas nacionais do mundo e, também, a maior da América Latina. A obra impressa mais antiga é a Bíblia de Mogúncia, de 1462, publicada na cidade em que Gutenberg inventou a imprensa. Na Biblioteca também estão a primeira edição de Os Lusíadas, de 1572, e o cardápio do último Baile do Império, que ocorreu em 1889, na Ilha Fiscal.
12) O observatório mais antigo
Em funcionamento desde 1780, o Observatório Nacional (ON), localizado no bairro de São Cristóvão, é o mais antigo do Hemisfério Sul. Mas ele nem sempre esteve nesse local. Sua primeira sede localizava-se no morro do Castelo, até 1922. Com a demolição do morro, o ON foi removido para o prédio onde está localizado atualmente.
Instituto de pesquisa vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o Observatório Nacional atua em três grandes áreas de conhecimento - Astronomia, Geofísica e Metrologia em Tempo e Frequência. É possível fazer um passeio virtual pelo campus do Observatório, onde, desde 1985, funciona o Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast).
13) Santa Cruz: um bairro imperial
Destino de veraneio da família real durante o reinado de Dom Pedro II, o bairro de Santa Cruz serviu de cenário a importantes inovações. Lá, foi inaugurada a primeira agência de Correios do Brasil, em 1842; a princesa Isabel assinou a Lei do Ventre Livre (1871), que libertava da servidão qualquer filho de escravo nascido a partir daquela data; e Dom Pedro II inaugurou o Matadouro de Santa Cruz (1881), o mais moderno do mundo na época, e que funcionou até a segunda metade do século XX. Devido ao gerador do matadouro, Santa Cruz foi a primeira localidade do subúrbio carioca a ter luz elétrica.
Fontes:
Instituto Pereira Passos – IPP/RJ
Guia dos Curiosos
Ministério do Turismo – Mtur
Comitê Rio 450
Fundação Biblioteca Nacional
Secretaria de Estado de Cultura – RJ
Prefeitura do Rio de Janeiro
Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro