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E.M. Tenente Góes Monteiro: uma escola voltada para o futuro
31 Maio 2017 | Por Márcia Pimentel
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A diretora Ana Cristina e a adjunta Mariana posam na frente da escola. Foto Aberto Jacob Filho, 2017, MultiRio

Na beira de uma estradinha erma, que lembra as cidades do interior, fica a E.M. Tenente Góes Monteiro (9ª CRE), uma das escolas da Rede Municipal que acumula ótimos resultados no IDE-Rio e Ideb. Já foi até primeira colocada na Prova Rio, quando um de seus alunos, Alexandre Gustavo Baldez Timóteo, tirou a nota máxima na avaliação de 2014. Também chegou à final da Olimpíada de Língua Portuguesa, em 2016, com Marcos Antônio Pereira Júnior, do 6º ano experimental.

A unidade, localizada em Santíssimo, foi construída pela família Góes Monteiro e inaugurada em 1939, em homenagem ao filho tenente, que, dois anos antes, morrera naquele terreno em um acidente de avião. Mas nem os problemas decorrentes das instalações antigas desanimam a unida equipe da escola que, em 2017, começou a colocar em prática um novo Projeto Político-Pedagógico (PPP), centrado na valorização da vida por meio do conhecimento e na ideia de educação como forma de emancipação dos cidadãos.

Até então, o tema inspirador do PPP era a relação entre escola e família. Mas, como a equipe considera que tal relação já atingiu um nível satisfatório – “Até criamos o mote: entrou para a Tenente, virou parente”, diz a diretora Ana Cláudia Marques Henriques –, chegou-se à conclusão de que era o momento de mudar o foco para um novo desafio.

A motivação da mudança está assentada nas características socioeconômicas e culturais da comunidade da Carobinha, de onde a maior parte dos alunos é oriunda. “É um lugar muito pobre. Parte expressiva mora em barracos improvisados de lona ou madeira e sobrevive dos programas sociais”, descreve a diretora adjunta Mariana Sales.

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Cartaz fixado no pátio da escola expõe uma das diretrizes do novo Projeto Político-Pedagógico. Foto Alberto Jacob Filho, 2017, MultiRio

Em decorrência dessa situação, a mobilidade social dos moradores de lá é muito pequena: quase não se deslocam pela cidade e praticamente não transitam por outros segmentos da sociedade, de forma que seus horizontes são praticamente encerrados na realidade em que vivem, sem vislumbrarem novas perspectivas de vida.

“Para nossas crianças, vir à escola é apenas uma obrigação que têm que cumprir. Mas queremos que elas percebam que a educação pode lhes abrir um leque de novas possibilidades. Por isso fizemos um novo Projeto Político-Pedagógico”, explica Mariana.

Isso não significa que as relações com as famílias serão postas em segundo plano, pois o projeto prevê a participação dos pais e responsáveis em várias atividades e busca valorizar a identidade dos alunos por meio do conhecimento do passado e das memórias familiares. Outro foco importante é a preservação da natureza, quesito fundamental para a vida e a saúde do planeta.

No último bimestre deste ano as crianças serão convidadas a projetar seu futuro. Mas terão que partir de algumas premissas: do conhecimento, da valorização de sua identidade e da preservação ambiental.

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As diretoras com parte de sua empoderada equipe de professores. Foto aberto Jacob Filho, 2017, MultiRio

Sucesso escolar

A diretora Ana Cláudia não titubeia ao creditar o bom rendimento dos alunos da escola à transparência e ao trabalho em equipe: “Aqui, tudo é discutido coletivamente. Os problemas, as soluções, os objetivos... E se chegam recursos, chamamos os pais e os representantes do grêmio para decidirmos juntos em que é melhor investir o dinheiro”. Segundo ela, é no “empoderamento de todos que fazem parte da comunidade escolar” – dos alunos às famílias, das agentes preparadoras de alimentos aos professores – que reside o segredo do sucesso da escola.

Por trás da gestão democrática que virou marca registrada da escola, também reside muito trabalho. O acompanhamento sistemático do rendimento das turmas, o diagnóstico do baixo desempenho de alguns alunos, a busca de soluções... Tudo isso exige foco, disposição diária, disciplina e postura de “educação global”, segundo a diretora. E, quando ela diz isso, não se refere apenas aos professores, mas também aos alunos: “Primamos pela disciplina, pelo respeito às pessoas e à instituição escolar. Não pode cuspir no chão nem fazer bagunça, tem que comer com modos...”.

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Placa original de inauguração da escola. Foto Alberto Jacob Filho, 2017, MultiRio

Mariana, a adjunta, explica o que é “educação global”: “Percebíamos, por exemplo, que alguns alunos não se sentavam no banco do refeitório. Ficavam empoleirados. Descobrimos que o motivo disso era porque nunca tiveram uma mesa em casa. Então, tivemos que ensiná-los um novo hábito: o de comer sentado à mesa”.

Ana Cláudia, a diretora, ainda complementa: “Aqui, desempenhamos uma série de papéis que, a princípio, não seriam nossos. Mas é necessário fazer isso. Uma escola precisa ter valores, hábitos e disciplina”.



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