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Ferreira Gullar é o homenageado da Maratona Escolar dos Grandes Autores
27 Agosto 2018 | Por Fernanda Fernandes
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Antonio Carlos Secchin fala sobre Ferreira Gullar na E.M. Pio X, no Tanque (Foto: Alberto Jacob Filho)

A habilidade em contar histórias é um poderoso instrumento de sedução e estimulo à leitura. E, com maestria, foi assim que o acadêmico Antonio Carlos Secchin envolveu e encantou alunos e professores no auditório da E.M. Pio X (7ª CRE), no Tanque, durante palestra da Maratona Escolar dos Grandes Autores, que, neste ano, homenageia Ferreira Gullar (1930-2016). A iniciativa da Gerência de Leitura e Audiovisual da Secretaria Municipal de Educação (SME-Rio) em parceria com a Academia Brasileira de Letras (ABL) difunde a obra de grandes escritores brasileiros nas escolas municipais do Rio, por meio de palestras com imortais da ABL e um concurso de redação voltado a alunos do 8º e 9º anos e da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Antonio Carlos Secchin falou sobre a vida e a obra do poeta, escritor e ensaísta Ferreira Gullar, contando episódios curiosos sobre a escolha do nome artístico (seu sobrenome – Ferreira – somado ao Goulart, de sua mãe, em grafia portuguesa), a relação com os filhos e histórias por trás de alguns poemas, como Cantiga para não morrer, escrito durante o exílio para uma namorada soviética, ou Visita, em que Gullar narra uma visita ao túmulo do filho.

Sobre os principais temas tratados pelo autor em suas obras, Secchin destacou seis “vozes”: a do amor, inclusive pela família; a da poesia, em que o poema fala do próprio poema; a do povo, em que o autor alia-se aos que não têm voz, excluídos e marginalizados pela sociedade; a da matéria do mundo, quando Gullar celebra a sensorialidade, destacando cheiros, sabores, cores, texturas; a do cotidiano, pautada pela vida comum; e a do passado, que traz, com leveza, episódios marcantes na história do escritor. 

O imortal da ABL Antonio Carlos Secchin (Foto: Alberto Jacob Filho)

“Ferreira Gullar era apaixonado por artes plásticas. Dizia que entendia mais disso do que de literatura. E escreveu muitos poemas que promoveram o diálogo entre essas duas paixões. Produziu, também, romances de cordel, para que pudesse alcançar mais pessoas, com uma linguagem mais popular. Outro aspecto interessante foram suas incursões na música popular brasileira, não apenas por ter poemas musicados, mas por escrever letras de músicas”, acrescentou Secchin, ressaltando a versatilidade do homenageado e as diversas possibilidades de abordagem que os estudantes podem explorar em suas produções.

“Espero que, nas redações, os alunos consigam avaliar a dimensão humana e poética do escritor”, comentou o acadêmico.

Alunos e professores entusiasmam-se com apresentação de imortal da ABL

Professores das escolas pertencentes à 7ª CRE inscreveram e acompanharam os alunos interessados em participar da palestra da Maratona Escolar Ferreira Gullar, realizada no dia 17 de agosto.

“Em geral, acabamos nos acostumando a olhar mais para os estudantes que apresentam dificuldades, mas esta é uma oportunidade de valorizar os alunos mais interessados, que leem mais, para que eles se encantem e sintam-se motivados a participar e produzir”, comenta Gisele Rabelo, auxiliar da Sala de Leitura da 7ª CRE. 

A professora Iracema Magalhães com seus alunos: Carlos Eduardo Ribeiro, Maria Clara Abreu, Isabela da Silva e Ana Júlia Dias (Foto: Alberto Jacob Filho)

Iracema Magalhães, professora da Sala de Leitura da E.M. Professora Zuleika Nunes de Alencar, na Barra da Tijuca, conta que levou ao evento seus alunos que pegam livros com mais frequência, para que atuem como multiplicadores na escola.

“Inspirados na Maratona, desenvolvemos o projeto Escritores Brasileiros na nossa escola há três anos. Os alunos que vieram hoje aqui vão participar ativamente como monitores, falando sobre Ferreira Gullar para os outros colegas”, conta Iracema, encantada com a palestra de Secchin.

“Foi fantástico, estou maravilhada. É muito importante trazer a vida de autores brasileiros e valorizar a nossa cultura. Ferreira Gullar é pouco conhecido pelos alunos, e nada como um acadêmico, que sabe com profundidade, falar sobre ele. Meus alunos anotaram tudo, pareciam universitários!”, orgulha-se a professora.
Entre os alunos da E.M. Professora Zuleika Nunes de Alencar, Carlos Eduardo Ribeiro, 14 anos, era o mais animado.

“A palestra foi o máximo! Achei muito interessante. Na minha redação, vou escrever sobre as viagens do Ferreira Gullar, o período em que ele teve que sair do Brasil, foi para a União Soviética...”, contou o estudante do 9º ano, referindo-se ao período em que o poeta foi exilado, durante a ditadura militar no Brasil.

A aluna Isabela da Silva, 14 anos, destacou o valor dado aos detalhes na poesia do escritor homenageado. Maria Clara Abreu, 15 anos, que pela primeira vez assistia a uma palestra fora de sua escola, comentou ter gostado da maioria dos temas tratados por Ferreira Gullar:

“Desde o poema que falava sobre o cheiro da tangerina até os que ele escreveu durante a ditadura”, disse a jovem. 

Alunos, professores e equipe da SME-Rio acompanharam evento da 7ª CRE (Foto: Alberto Jacob Filho)

 

 Cronograma da Maratona Escolar Ferreira Gullar

A primeira fase do evento foi realizada na semana de 13 a 17 de agosto, com palestras sobre a vida e a obra do escritor homenageado para estudantes das 11 Coordenadorias Regionais de Educação (CREs), proferidas por imortais da ABL – Domício Proença Filho, Evanildo Bechara, Carlos Nejar, Marco Lucchesi, Antonio Carlos Secchin e Antonio Torres.

Os alunos terão até o dia 6 de setembro para produzir e entregar seus textos. Depois disso, serão feitas seleções nas escolas, nas CREs e na Gerência de Leitura e Audiovisual da SME-Rio. Por fim, os trabalhos serão encaminhados para a ABL, onde acadêmicos apontarão as seis melhores produções – cinco do Ensino Fundamental e uma do EJA.

A previsão é de que o resultado seja divulgado no dia 14 de novembro, mês em que ocorre a cerimônia de premiação na Casa de Machado de Assis, sede da ABL no centro do Rio. Escolas, professores e alunos autores dos textos escolhidos serão premiados com kits de livros. O direito dos trabalhos dos participantes passará a ser da Academia.

 
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