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Internet é direito de todos
17 Maio 2019 | Por Larissa Altoé
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Crédito: Pixabay.

Em 2005, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu em 17 de maio o Dia Mundial da Sociedade da Informação ou, como ficou popularmente conhecido, o Dia Internacional da Internet. Atualmente, mais da metade das pessoas no planeta vivem on-line, utilizando a tecnologia para os mais diversos fins. A ONU sinalizou novamente para a importância da internet em 2016, declarando-a um direito básico do ser humano, como água, comida e moradia.

Ivonilton de Barros Fonseca é professor de Ciências da Rede Pública Municipal de Ensino do Rio de Janeiro há 25 anos. Leciona em duas escolas da 2ª CRE: a E.M. André Urani, na Rocinha, e no Programa de Educação de Jovens e Adultos – Peja, da E.M. Professor Lourenço Filho, no Grajaú. A primeira escola é voltada para as novas tecnologias e o projeto no qual está inserido na segunda unidade atende a um grupo heterogêneo que busca a conclusão do Ensino Fundamental. As situações pedagógicas têm algo em comum. “Todo mundo quer ficar conectado”, conta o professor.

Ivonilton se utiliza do que ele chama de dinâmica de aprendizagem com dimensão virtual, tanto nas turmas regulares, com internet, quanto no Peja. O professor, em conjunto com a equipe de colegas, propõe projetos para as turmas das duas escolas, sempre com quatro blocos balizadores:

1) coordenação ou input – o trabalho é proposto;
2) sistematização – os estudantes investigam o tema proposto, com a realização de pesquisas, anotações etc;
3) socialização dos saberes adquiridos com o grupo;
4) avaliação por parte do professor.

“Obtemos bons resultados de desempenho com os alunos das turmas regulares. As turmas do Peja também se sentem motivadas a preencher suas lacunas de leitura, escrita etc”, explica Ivonilton.

O Peja da E.M. Lourenço Filho não possui a mesma infraestrutura que os alunos da E.M. André Urani, mas os alunos do Peja possuem seus próprios celulares e dão muita importância a eles e ao aplicativo de mensagens.

Percebendo isso, a equipe de professores desenvolveu um projeto que usa o aplicativo de mensagens para incentivá-los a expressarem-se por meio de vídeos autorais sobre diversos temas como natureza, arquitetura, intervenções humanas, espaços degradados e questões sociais, entre outros. Esses trabalhos de linguagem, de comunicação e de expressão proporcionam integração entre as seis turmas e também diversas abordagens pedagógicas para a evolução dos estudantes, inclusive de coautoria na própria alfabetização. Ivonilton Fonseca está convencido de que a internet hoje em dia está massificada, não sendo possível para o professor ignorá-la ou deixá-la de fora da sala de aula.

Como chegamos até esse ponto?

Há 57 anos, a internet não existia. As primeiras ideias desse mundo virtual surgiram na década de 1960. Joseph Licklider, que havia sido pesquisador do Massachusetts Institute of Technology – MIT, nos Estados Unidos, foi contratado pela Arpa (Advanced Research Projects Agency), uma agência de pesquisas do Departamento de Defesa norte-americano. Ele apresentou pela primeira vez a ideia de uma “galactic network”, ou seja, um conjunto de computadores globalmente interconectados por meio dos quais qualquer pessoa poderia acessar informações e programas rapidamente. Naquele momento, tratava-se de um conceito existente apenas na imaginação e nos memorandos de Licklider.

Crédito: Pixabay.

Nessa mesma época, Leonard Kleinrock apresentou uma tese de doutorado no MIT sobre a possibilidade de comunicação por meio de pacotes em vez de circuitos, convencendo o pesquisador Lawrence Roberts da viabilidade da teoria.

Em 1965, Lawrence Roberts e Thomas Merrill conseguiram colocar dois computadores localizados em estados americanos diferentes (Massachussets e Califórnia) em comunicação. O resultado do experimento mostrou que era possível máquinas trabalharem juntas rodando programas e informações, mas que o sistema telefônico era inadequado para a tarefa.

Muitas universidades contribuiram para construir a internet, entre elas Santa Bárbara, Utah e Stanford.

A estrutura sai do chão

Em 1969, a Universidade da Califórnia abrigou o primeiro nó (veja glossário abaixo) da Arpanet (Advanced Research Projects Agency Network). No fim do mesmo ano, chegou-se a quatro nós. Em 1972, Robert Kahn demonstrou publicamente a Arpanet na inédita conferência internacional de comunicação por meio de computadores.

Desde os primeiros anos, pesquisas de desenvolvimento da rede incorporam duas linhas: infraestrutura e modos de usar. O email foi a principal aplicação por mais de uma década. A rede de troca de pacotes rapidamente, incluiu satélites e rádio, entre outros recursos.

Quando os computadores de mesa apareceram, alguns especialistas acharam que o TCP era grande e complexo demais para rodar em máquinas pessoais. David Clark e seu grupo de pesquisadores do MIT conseguiram reconfigurar o TCP para essa finalidade, fazendo a internet se disseminar a partir de 1985 entre outras comunidades além de pesquisadores e militares.

A internet não foi criada para apenas uma aplicação, mas como uma infraestrutura sobre a qual novas aplicações podem ser concebidas, como aconteceu com o surgimento da World Wide Web – WWW, em 11 de março de 1989.

Desafios

Passados 30 anos, Tim Berners-Lee, criador da web, escreveu uma carta aberta para celebrar a data e convocar os cidadãos do mundo a lutar pelo reconhecimento da tecnologia como um direito humano e bem público. Disse ele: “ao mesmo tempo em que a web criou oportunidades, deu voz aos grupos marginalizados e facilitou nossas vidas, também criou oportunidades para golpistas, espalhou o ódio e tornou mais fácil diversas práticas criminosas”. Segundo Berners-Lee, há três fontes de disfunção da web atualmente:

• Intenções maliciosas deliberadas, como invasões e ataques patrocinados pelo Estado, comportamento criminoso e assédio on-line.
• Design de sistemas que criam incentivos perversos, como os anúncios que recompensam comercialmente o click e a disseminação viral da informação.
• Má qualidade do discurso on-line, muitas vezes ultrajado e polarizado.

O cientista acredita que, embora a primeira categoria seja impossível de ser erradicada completamente, é possível criar leis e códigos para minimizar esse comportamento, assim como fazemos na vida off-line. Segundo ele, a segunda categoria obriga a redesenhar os sistemas, de forma a mudar os incentivos. O último item exige pesquisas para entender os sistemas existentes e ajustá-los, ou modelar novos.

 
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