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A conquista da América no 7º ano do Ensino Fundamental
02 Março 2020 | Por Larissa Altoé
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Terra Brasilis, 1519, mapa do cartógrafo português Lopo Homem

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estabelece o objeto de conhecimento “conquista da América”, na parte dedicada à História para o 7º ano, e entre as habilidades recomendadas para os estudantes está reconhecer os impactos da conquista europeia para as populações ameríndias. Note que a BNCC não usa o termo descobrimento.

“A palavra conquista demonstra claramente que a expansão europeia ultramarina fazia parte de um projeto maior de comerciantes europeus para descobrir um acesso marítimo às especiarias das Índias, após a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos em 1453. Através do caminho marítimo para as Índias, os europeus poderiam evitar as altas taxas alfandegárias cobradas pelos turcos em Constantinopla, porto de redistribuição das especiarias no Mar Mediterrâneo. Nomeando mais especificamente, entendemos de forma mais clara o encadeamento entre essas ocorrências e fica indevido falar da chegada de europeus ao Novo Mundo como uma casualidade ou descoberta”, explica Arildo Bernacchi, professor de História formado pela UERJ, atualmente, na equipe de formação de professores da SME-RJ.

Vikings

Os primeiros europeus a chegarem ao continente americano foram os vikings, no ano 1.000, ou seja, 500 anos antes de Cristóvão Colombo aportar no que hoje é a América Central. O sítio arqueológico L'Anse aux Meadows, no extremo norte do Canadá, guarda ruínas de uma vila viking e foi reconhecido como patrimônio mundial pela Unesco. As ruínas foram encontradas nos anos 1960 pelo explorador norueguês Helge Ingstad e sua mulher, a arqueóloga Anne-Stine Ingstad.

Outro evento que desabona a palavra descobrimento, nesse caso para o território brasileiro especificamente, é a passagem do espanhol Vicente Yáñes Pinzón na região atual de Pernambuco ou Ceará três meses antes de Pedro Álvares Cabral ancorar no que hoje é a Bahia. “O rei português, já de posse da informação da chegada de Colombo a uma Ilha do Caribe (1492), de Américo Vespúcio ao continente (1494) e de Vicente Pinzón ao nordeste do Brasil (janeiro de 1500), ordenou a Cabral que verificasse o limite das terras que pertenceriam a Portugal, segundo a divisão feita pelo Tratado de Tordesilhas (assinado com a Espanha em 1494). Pinzón também veio verificar o limite das terras que pertenceriam à Espanha, segundo este mesmo Tratado”, detalha Arildo Bernacchi.

Santa Maria, Pinta e Niña, 1900, desenho das naus que Cristõvão Colombo usou para chegar à América (Appletones´ Cyclopedia of American biography)

“Entre chegar ou, como muitos ainda adotam, descobrir e colonizar ou ocupar, há uma distância. Nesse sentido, a conquista portuguesa exigiu esforços dos colonos e da coroa, utilizou da inteligência dos povos originários, custou a vida de muita gente, significou a extinção de muitas etnias, impôs a desterritorialização de milhões de pessoas, delimitou novas maneiras de relação com a natureza etc.”, explica Sinésio Jefferson Andrade Silva, professor de História formado pela UFRJ, atualmente na equipe de formação de professores da Coordenadoria de Ensino Fundamental da SME-RJ.

Currículo Carioca 2020

Em consonância com a BNCC, o Currículo Carioca 2020 recomenda a abordagem do tema e suas conexões ao longo dos quatro bimestres do 7º ano, possibilitando ao aluno adquirir conhecimentos acerca das interações entre as sociedades do Novo Mundo, da Europa, da África e da Ásia, no contexto das grandes navegações.

Sinésio Silva diz que “os professores de História devem destacar as práticas dos povos originários antes da chegada dos colonizadores para consolidar a perspectiva de que a história existe antes da chegada dos europeus. A alimentação, as lógicas envolvidas nos aldeamentos, o conhecimento do território, as crenças, os rituais, entre outros temas, devem ser abordados para manter viva a memória e, simultaneamente, marcar que foram variáveis significativas na configuração do contato entre culturas muito diferentes, determinando, em muitos casos, a própria dinâmica da conquista”.

Para abordar as grandes navegações, Sinésio indica a sinalização de que contribuíram fundamentalmente na ampliação do comércio, conectando regiões que, antes, não tinham vínculos estáveis. “Nesse sentido, é imprescindível apontar o comércio de escravos como um fator decisivo na configuração contemporânea de, pelo menos, metade dos continentes do planeta. Refiro-me à África, às Américas e à Europa”.

 
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