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Remo: de transporte a esporte olímpico
27 Outubro 2015 | Por Sandra Machado
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remadorDesde a Antiguidade, várias civilizações têm se utilizado do barco a remo para sua locomoção. Ainda hoje, ele é o meio de transporte preferencial de populações ribeirinhas e indígenas, inclusive no Brasil. Um torneio que teve início em 1829 e ainda é realizado nos dias atuais, em pleno Rio Tâmisa, foi o responsável pela criação da modalidade esportiva. Há mais de 160 edições, representantes das universidades de Oxford e de Cambridge competem em uma regata que já faz parte do calendário de Londres e que só ficou suspensa em períodos de guerra.

Embora estivesse programado para os primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna (Atenas, 1896), por causa do mau tempo o remo só fez sua estreia nos Jogos seguintes (Paris, 1900). Mulheres remadoras passaram a disputar o mais importante evento esportivo do mundo apenas em 1976, em Montreal, enquanto os Jogos Paralímpicos se iniciaram bem mais tarde, no ano de 2008, em Pequim.

Para entender como funciona

Atualmente, existem oito classes de barcos nas competições internacionais, com um, dois, quatro ou oito remadores. Os chamados de palamenta dupla têm dois remos por atleta. Os de palamenta simples têm um remo apenas e podem navegar com ou sem timoneiro – à exceção dos barcos de oito, em que a presença do responsável pelo leme é indispensável. Além do tipo de barco, os atletas são separados por categorias, de acordo com a idade (júnior, até 18 anos; sub-23, até os 23 anos; e sênior, sem limite), e, para as duas últimas, também por peso. As provas são realizadas em lagos, lagoas ou rios de águas calmas, e o objetivo nas regatas é percorrer a distância de dois mil metros em linha reta – chamada de raia – no menor tempo possível. Como cada bateria tem um limite máximo de seis barcos, em grandes competições são disputadas eliminatórias, repescagens, semifinais e finais, até que sejam definidos os classificados para a chamada final A, que vale medalhas, e para a final B.

Na versão paralímpica, ou remo adaptado, que pode ter um, dois ou quatro remadores, o equipamento é modificado de acordo com a necessidade dos atletas. A fim de evitar o chamado “doping tecnológico”, é limitado o uso de próteses e órteses durante as disputas. Os competidores são separados em função dos membros utilizados para a propulsão do barco: classe A (inicial de arms, em inglês), que utiliza apenas os braços; classe TA (trunk and arms, ou tronco e braços); e LTA (legs, trunk and arms, ou pernas, tronco e braços). Na última se incluem, também, pessoas com deficiência visual, que disputam usando óculos ou máscaras cobrindo os olhos, para garantir a igualdade de condições. Há provas de quatro com timoneiro e, com relação ao percurso, ele equivale à distância de mil metros.

O remo no Brasil

botafogo regatasA primeira competição de que se tem notícia aconteceu na Enseada de Botafogo, no Rio de Janeiro, em 1851. Logo a novidade chegou a outros estados da federação – São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e Pernambuco. Três dos quatro maiores clubes cariocas de futebol tiveram sua origem em agremiações de remo, que era o esporte mais popular na cidade do Rio no fim do século XIX: Botafogo de Futebol e Regatas (1894), Clube de Regatas do Flamengo (1895) e Club de Regatas Vasco da Gama (1898). Eram concorridíssimas as regatas com as disputas entre os três adversários na Lagoa Rodrigo de Freitas, e até hoje, por obrigação estatutária, esses clubes devem manter equipes de competição no remo. Vários desses atletas defendem o país em competições internacionais, ocupando mais da metade das vagas da seleção brasileira. No Flamengo, único time do mundo que exibe dois remos em seu escudo, o futebol só entrou em campo no ano de 1912.

Além dos três clubes de times famosos, existem outras opções de locais onde praticar remo no Rio de Janeiro: São Cristóvão de Futebol e Regatas, Clube de Regatas Guanabara, Clube de Regatas Piraquê, Clube de Regatas Loureiro e Grêmio de Vela Escola Naval. Com a intenção de atrair as novas gerações, a Confederação Brasileira de Remo (CBR) lançou o Guia de Remo – Manual para Iniciantes em julho de 2015, justamente por reconhecer a necessidade de mais organização e divulgação de materiais didáticos sobre o esporte.

A prática fortalece não apenas os braços, mas também as pernas, os glúteos, as costas e a musculatura abdominal. Assim como a natação, é um esporte completo, que beneficia o sistema cardiorrespiratório e o sistema cardiovascular. Além de queimar 600 calorias por hora de treino, promove a melhora da postura, combate o estresse e aumenta a massa muscular, com baixos índices de lesões.

Organização e resultados

quatro comDurante um dado período, coexistiram duas entidades de gestão do remo no Brasil: a Federação Brasileira de Sociedades de Remo (FBSR), fundada em 1902, e a Confederação Brasileira de Desportos (CBD), que passou a coordenar diversas modalidades, inclusive o remo, a partir de 1916. Por causa dessa duplicidade, houve duas delegações brasileiras nos Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936, o que levou o presidente Getúlio Vargas a assinar um decreto, cinco anos mais tarde, pelo qual estabelecia critérios para a criação de entidades, além de redistribuir os esportes entre as entidades que já existiam. O remo, o futebol e outros 21 esportes ficaram sob a guarda da CBD. Em 1977, uma portaria do Ministério da Educação autorizou a criação de diversas confederações, entre as quais a Confederação Brasileira de Remo.

Participação olímpica

Fora dos Jogos Olímpicos apenas em 1920, o remo brasileiro teve o melhor resultado em Los Angeles, 1984, com o quarto lugar do timoneiro Nilton Silva Alonço e dos remadores Walter Hime Soares e Ângelo Rosso Neto na classe Dois Com. Os irmãos Ronaldo e Ricardo Carvalho foram bicampeões pan-americanos na classe Dois Sem: ganharam o ouro em Caracas (1983) e em Indianápolis (1987).

Em 2011, a catarinense Fabiana Beltrame também ganhou medalha de ouro no Campeonato Mundial em Bled, na Eslovênia. Outras promessas são o vice-campeão mundial sub-23 Ailson Eráclito da Silva e os medalhistas pan-americanos João Hildebrando e Anderson Nocetti. Embora os próximos Jogos Olímpicos aconteçam no Rio em 2016, o Brasil ainda não tem vagas asseguradas nas competições de remo, que só serão definidas no evento pré-olímpico previsto para março de 2016.

Fontes:

Site da Confederação Brasileira de Remo, site do Globo Esporte.

ROCHA, Eliane Correa da. O aspecto social da iconografia do futebol e estudo de caso das agremiações desportivas cariocas. Dissertação de Mestrado, PUC-Rio, 2008.

 
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