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Nas ondas do Big Data
13 Maio 2014 | Por Luís Alberto Prado
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big-data iDiariamente, são produzidos 2,5 quintilhões de bytes de informação no mundo, segundo a IBM, e 90% dos dados hoje disponíveis no planeta foram criados nos últimos dois anos. Os números surpreendem, mas a questão é que não basta ter os dados: é importante saber usá-los. Uma infinidade de informações não estruturadas, quando usadas com inteligência, podem se tornar uma arma poderosa para o aperfeiçoamento das tomadas de decisões estratégicas – políticas e empresariais.

É aí que entra em cena o Big Data: o termo se refere à análise de um grande volume de informações geradas por uma empresa ou organização, o que permite a tomada de decisões estratégicas. As fontes podem ser as mais diversas possíveis: de textos e fotos em rede sociais, passando por imagens e vídeos, até jogadas específicas no esporte e tratamentos na medicina.

A Prefeitura do Rio, desde agosto de 2013, vem utilizando o cruzamento de dados – gerados a partir do Twitter, das secretarias, da Guarda Municipal, da CET-Rio, do cadastro do IPTU e do 1746 (Serviço de Atendimento ao Cidadão da Prefeitura) – com o objetivo de buscar soluções para vários problemas que afetam a vida da cidade.

A iniciativa, batizada de Projeto Pensa, é capaz de navegar pelos 400 terabytes de informações armazenadas pelo município, a partir de 1 milhão de anotações diárias de sensores. A expectativa é a de que as análises mais aprofundadas desses dados apontem caminhos para a tomada de decisões estratégicas, com benefícios práticos e diretos para a vida dos cariocas. Poder trabalhar com essas informações de forma integrada é um desafio inédito na administração municipal no Brasil.

Para viabilizar o projeto, montou-se um grupo jovem e bem atento à rotina carioca, composto por Sérgio Bastos, professor de Matemática, Pedro Arias Martins, geógrafo, Graziella Caputo, formada em Ciência da Computação, Ricardo Matheus, gestor de políticas públicas, e Marcelo Granja e Pedro Bittencourt, engenheiros. Todos sob a liderança de Pablo Cerdeira, advogado e ex-subsecretário de Defesa do Consumidor, que responde diretamente à Secretaria da Casa Civil.

Com sua expertise, a Esquadra Carioca, como a equipe é conhecida, atua no Centro de Operações Rio (COR), na Cidade Nova, e já levantou números sobre casos de dengue, locomoção urbana, locais de alagamento. Registrou, também, os bairros com os maiores índices de interrupção de energia e queda de árvores: Catumbi, Catete, Vidigal e Santa Tereza, nesta ordem. O resultado apontou para a necessidade de reforçar o serviço de podas nesses lugares.

Outra iniciativa foi o mapeamento — a partir de informações geradas por torres de telefonia celular — da movimentação das pessoas, no dia 31 de dezembro do ano passado. Descobriu-se que, da Zona Norte, os moradores do Andaraí e da Tijuca são os que mais participam da virada do ano na Praia de Copacabana. Esses dados foram cruzados com os do cadastro do Rio Ônibus. Com isso, a Prefeitura poderá oferecer uma frota maior para o Andaraí e a Tijuca no réveillon de 2014 e diminuir a de outros locais.

Aplicações no Brasil e mundo afora

big-data2Segundo especialistas,  esse conjunto de soluções tecnológicas que permite trabalhar com um grande volume de dados foi fundamental, por exemplo, para o descobrimento das reservas de petróleo do pré-sal no Brasil. Com o Big Data, tornou-se possível agilizar os processamentos de dados sísmicos captados pelas sondas que procuram petróleo no fundo do mar.

Um projeto das Nações Unidas irá utilizar um programa que decifra a linguagem humana na análise de mensagens de texto e posts em redes sociais, para prever eventos como o aumento do desemprego, o esfriamento econômico e epidemias de doenças.

Quem primeiro deu visibilidade a essa forma de análise e gerenciamento de informações foi o governo dos Estados Unidos – mas de uma maneira que repercutiu negativamente, com as denúncias de espionagem em escala global. O projeto Prism, conduzido pela National Security Agency (NSA), funcionava desde 2007 de forma secreta, até que os jornais The Guardian e Washington Post revelaram suas atividades em 6 de junho de 2013, com base em depoimentos de Edward Snowden, um ex-analista da NSA que abandonou os EUA e, hoje, aguarda asilo político na Rússia.

Em contrapartida ao uso clandestino do Big Data pelos Estados Unidos, há outras possibilidades benéficas e bem menos polêmicas. A própria Esquadra Carioca foi inspirada no Geek Squad (Esquadrão Nerd), criado em 2009 pelo empresário Michael Bloomberg, prefeito de Nova York na época. A equipe, desde então, se debruça sobre as informações geradas diariamente. Números de todo tipo — ocorrências policiais, alarmes de incêndio, vítimas de ataque cardíaco, notas de alunos do sistema público — passaram a ser compilados, cruzados e analisados.

 
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