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Refugiados sírios querem reconstruir a vida no Rio
22 Julho 2014 | Por Sandra Machado
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bandeira acnurDesde março de 2011, uma guerra civil na República Árabe Síria já deixou 130 mil mortos e gerou a evasão de 2 milhões de pessoas. Dada a urgência da situação, a maioria busca abrigo nos países vizinhos. Ainda assim, e apesar da distância geográfica, o Brasil também é destino de algumas dessas pessoas. Segundo dados da Caritas-RJ, que recebe e cadastra refugiados em 20 dos 26 estados brasileiros, o total de sírios que chegaram entre julho de 2012 e janeiro de 2014 foi de 104 – 73 homens e 31 mulheres. Destes, 50 homens e 17 mulheres escolheram o estado do Rio de Janeiro. O status legal depende de um processo conduzido pelo Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), órgão ligado ao Ministério da Justiça. Enquanto aguardam, a Caritas busca viabilizar a melhor permanência possível para quem chega ao país nessa situação. Como, por exemplo, aulas de português gratuitas, que a instituição oferece duas vezes por semana.

A Cáritas-RJ e o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) fazem um trabalho muito interessante. Em primeiro lugar, ajudam o refugiado a dar entrada nos papéis na Polícia Federal, para a concessão do status e a permanência no país. Também oferecem assessoria jurídica e atendimento psicológico em português, inglês, francês e espanhol. A Cáritas disponibiliza uma casa de acolhida, com capacidade de hospedar até 13 pessoas, para aqueles que ainda não têm onde ficar, por, no máximo, três meses. Além disso, recebem doações de roupas, sapatos, brinquedos, e tudo é distribuído aos refugiados e suas famílias.

O curso de português é ministrado por professores voluntários, nem todos com formação em Letras. As turmas são divididas por níveis (básico e avançado) e por língua nativa dos refugiados. Há turmas para falantes de francês, de espanhol e de inglês. Em breve, vai começar uma turma para falantes de árabe. As aulas acontecem duas vezes por semana, terças e quintas-feiras, das 10h às 12h. A Cáritas fornece um dicionário de português e material em apostilas e exercícios, gratuitamente, para todos os alunos.

Beatriz Nascimento, do Setor de Informações Públicas da Cáritas-RJ/ACNUR, explica a condição de quem é assistido pela instituição. “Quando o status de refugiado é concedido a uma pessoa, o direito internacional proíbe que ela retorne ao país de onde fugiu. Só é considerada refugiada uma pessoa que precisa sair de seu país por fundado temor de perseguição por motivo de conflitos armados, raça, cor, sexo ou opinião política. Então, para proteger esse refugiado, o direito internacional determina que ele não pode ser devolvido para o lugar onde sofre perseguição. Um refugiado sírio não pode voltar para a Síria. Só quando o motivo que o levou a sair de lá não mais existir e ele manifeste vontade de voltar. Nesse caso, quando a guerra civil acabar e o país se estabilizar novamente.”

Recém-chegados têm planos para o Brasil

Mohammed Hamdy Nachawaty, de 22 anos, é graduado em serviços de hotelaria e morava em Damasco. Ele chegou ao Rio em dezembro de 2013 e sonha encontrar um bom emprego e voltar a estudar. “Eu queria ir para algum lugar onde pudesse trabalhar na minha área de formação na Síria. Quando percebi que precisava sair do meu país devido à guerra e às perseguições que sofri, procurei um lugar onde eu pudesse reconstruir minha vida com o meu trabalho, e descobri que o Brasil oferece muitas oportunidades nesse setor. Solicitei o visto na embaixada brasileira no Líbano (fugi da Síria para o Líbano) e consegui com muita rapidez.“

Nachawaty não pretende voltar para a Síria. “Talvez só para visitar. Ainda tenho parentes lá, mas espero que eles consigam vir para o Brasil o quanto antes. Meu objetivo é reconstruir a minha vida aqui. Quero voltar a ter paz.“ Ainda mais jovem que ele, Mohammed Shady Rahmeh, de 19 anos, também deixou Damasco pelo Rio ao apagar das luzes de 2013. Cozinheiro profissional, ele espera conseguir um emprego como cozinheiro em algum bar ou restaurante. “Gosto muito da comida brasileira, acho que ela se assemelha à culinária árabe.” Sobre a vinda para o país, Rahmeh conta que, apesar da falta de planejamento, a identificação é muito grande. “Não há uma razão específica para eu ter escolhido o Brasil. Eu precisava sair da Síria. Quando fui à embaixada brasileira no Líbano, fui recebido com muita educação, fui muito bem tratado. E o meu visto foi liberado rapidamente. Talvez, um dia, eu volte à Síria. Pretendo ficar no Brasil por muito tempo, e gostaria de me naturalizar brasileiro.”

 
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