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Triciclo vira biblioteca itinerante no Morro do Zinco, no Estácio
18 Abril 2016 | Por Beatriz Calado*
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Em 18 de abril é comemorado o Dia Nacional do Livro Infantil. A celebração é uma homenagem a Monteiro Lobato, um dos principais autores da literatura infantojuvenil brasileira, criador de obras como O Sítio do Picapau Amarelo.

Essa data é necessária para lembrar a importância do livro no desenvolvimento das crianças. A leitura melhora o vocabulário, estimula a imaginação, aprimora a escrita e, ainda, amplia a visão de mundo.

Foi pensando em todos esses benefícios que o jornalista Guilherme Vinicius Roberto criou a Livreteria Popular Juraci Nascimento. O projeto seria apenas mais um a valorizar a leitura, não fosse pelo modo como é apresentado. Em vez de um lugar fixo, como havia sido pensada no início, a Livreteria surgiu como uma biblioteca itinerante.

Armários de madeira e de metal foram acoplados na parte traseira de triciclos, que se transformaram em prateleiras móveis. Os velocípedes sobem e descem as ruas do Morro do Zinco, no Complexo do São Carlos, no Estácio, dando às crianças acesso aos livros, que, além de trazerem conhecimento, divertem.

As obras são emprestadas após um breve cadastro, e cada pessoa pode ficar até duas semanas com o mesmo título, sem pagar nada. No início, o projeto tinha apenas um triciclo e cerca de 200 livros. Hoje, quase um ano e meio depois, são três velocípedes e um acervo de aproximadamente 600 exemplares, entre obras nacionais e estrangeiras. “Como as crianças ainda estão adquirindo o hábito de ler, elas preferem livros que não têm muitas palavras, muitas páginas e que são ricos em cores e ilustrações”, comenta o jornalista.

Inspiração local

A ideia de criar a Livreteria surgiu de uma observação do próprio Guilherme. Ele percebeu que as crianças do Morro do Zinco, onde mora, não conseguiam pensar no futuro, dando sempre respostas evasivas, como “não sei” ou “não consigo imaginar”.

Sabendo do poder que a leitura tem – já que, desde pequeno, ler é um hábito em sua vida –, o jornalista propôs à Agência de Redes para a Juventude, em 2014, a criação da Livreteria Popular Juraci Nascimento. O projeto foi aceito e ele recebeu o aporte de R$ 5 mil para dar início à ideia. Além do dinheiro, a Agência também auxiliou na criação metodológica da iniciativa.

O nome do projeto foi em homenagem a uma antiga moradora do local, que realizava ações culturais para as crianças em datas festivas, como o Natal.

“Juraci, por conta própria, organizava festas temáticas em seu quintal e distribuía roupas e brinquedos sem cobrar nada dos moradores. Ela teve muita importância para todos os adultos de hoje, que, naquela época, foram crianças. E, principalmente, para mim, já que, além de ter sido uma daquelas crianças, também tínhamos uma relação muito próxima”, comenta Guilherme, acrescentando que a moradora morreu pouco antes de o projeto ser criado.

Um dos triciclos que percorrem o Morro do Zinco (Crédito: Ellen Rose)

Atividades para incentivar a garotada

Atualmente, a equipe da Livreteria Popular Juraci Nascimento é composta por Bianca Ribeiro e Michel de Souza, mediadores de leitura; Lethicia Araújo, produtora do grupo; e o próprio Guilherme, que exerce a função de coordenador.

Juntos, além da contação de histórias, eles realizam outras atividades gratuitas no local, sempre com o objetivo de aproximar os moradores da literatura. O público-alvo é bem diversificado, englobando desde crianças de 2 anos de idade, que vão acompanhadas da família, até jovens de 14.

A cada 15 dias, a Livreteria realiza o Sábado Literário, um evento que mistura contação de histórias, empréstimo de livros e recreação com as crianças. Além disso, os idealizadores desenvolveram o PAD (Programa de Apoio e Desenvolvimento), que acompanha a evolução da leitura das crianças de forma individualizada.

Para os jovens, está sendo finalizada a criação de um grupo para fazer resenha de livros. Os encontros acontecerão duas vezes por mês, com o intuito de debater os títulos escolhidos.

De todas as atividades, Guilherme afirma que a de maior sucesso entre a garotada é o Sábado Literário.

“É um conjunto de histórias e, por isso, as crianças gostam mais. As pessoas também aprovam porque em nossa favela, infelizmente, não temos nenhuma opção de lazer, divertimento ou algo similar. Sendo assim, uma atividade como a nossa, mesmo sendo tão pequena, acaba fazendo uma diferença muito grande”, diz o jornalista, que pretende ampliar o projeto para outras áreas do Complexo do São Carlos.

 

* Beatriz Calado, estagiária, com supervisão de Regina Protasio.

 
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