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Verde é a cor da cidadania
20 Abril 2015 | Por Sandra Machado
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Na atualidade, uma Cidade Verde, ou Cidade Inteligente, é aquela onde a qualidade de vida se traduz em sustentabilidade, reunindo o ambiental, o social e o econômico em uma mesma estrutura. Trânsito mais racional, reciclagem de lixo ou qualquer outra estratégia de cunho ecológico não dispensa, no entanto, uma premissa básica: a existência de áreas verdes no meio urbano.

A Inspetoria de Matas, Florestas, Jardins Públicos, Arborização e Caça, criada em 1893, foi a primeira instituição responsável por planejar e fazer a manutenção dos parques na cidade. Desde 1989, a Fundação Parques e Jardins (FPJ), que em 1993 passou da Secretaria Municipal de Obras para a de Meio Ambiente, administra tudo o que diz respeito às praças e áreas verdes. Além da preocupação com as árvores, existe uma outra, relacionada à cidadania: promover projetos que visam envolver a população na causa da preservação da natureza, como explica a Diretora de Arborização e Produção Vegetal da FPJ, Natacha Torezani Kede.

MultiRio – Qual a área verde protegida há mais tempo na cidade?

Pau brasil300NK – Toda a Quinta da Boa Vista é tombada pelo Iphan desde 1938, incluindo os jardins projetados pelo paisagista francês Glaziou, onde a importante Alameda das Sapucaias está inserida.

M – Poderia citar algum projeto importante que esteja em andamento?

NK – Pela sua importância e representatividade, o projeto Praças-Bosque em 15 Minutos Verdes selecionou 50 praças, nos bairros da AP3 (Zona Norte), para revitalização e aumento da cobertura vegetal, a fim de valorizar e integrar estes espaços públicos destinados ao lazer. O objetivo é que cada morador chegue ao ponto central (praça) em até 15 minutos cercado por área arborizada, ou esteja a uma distância máxima de 1km de uma área verde. Tais praças, melhoradas por obras de engenharia, reposição de equipamentos e recuperação paisagística, servirão de pontos de conexão com as demais através da arborização urbana, criando e fortalecendo uma malha verde da Zona Norte. A Diretoria de Arborização já iniciou plantio em diversas áreas selecionadas no projeto.

M – O que vem a ser o Cadastro Municipal de Árvores Notáveis da Cidade do Rio de Janeiro?

NK – A Fundação Parques e Jardins, junto à Secretaria de Meio Ambiente (SMAC), vem trabalhando nos últimos meses na elaboração do Plano Diretor de Arborização (PDAU Rio), que está em fase final, para lançamento em junho de 2015. O Plano Diretor prevê um programa de proteção às árvores notáveis, bem como um cadastro arborístico urbano, com a função de viabilizar mecanismos de proteção e fiscalização, incluindo a identificação por placa. Atualmente temos uma listagem de árvores e conjuntos vegetais legalmente protegidos, que dependem sempre de atualização, por se tratarem de bens vivos que sofrem ações naturais.

M – A Fundação Parques e Jardins realiza algum tipo de campanha educativa para o estímulo ao reconhecimento deste patrimônio arbóreo?

NK – A Fundação Parques e Jardins inseriu, nos projetos de arborização urbana, toda parte de sensibilização da comunidade, por meio de reuniões e campanhas educativas em locais públicos e escolas. Mesmo com todo apelo universal diante da questão ambiental, ainda é constante e crescente o número de rejeições de plantios nas vias urbanas por parte dos cidadãos cariocas. Na maioria das vezes, isso ocorre devido a fatos traumáticos sofridos por plantios inadequados, que causaram algum tipo de conflito com a rotina urbana do morador. Pensando nessa questão, atualmente, a Fundação inseriu nova dinâmica, através do projeto “O Rio Planta, Eu Cuido”, em que o levantamento dos pontos e os plantios são realizados concomitantemente ao trabalho de educação e sensibilização com a comunidade a ser beneficiada. É mais gratificante e eficaz o trabalho em que a comunidade participa ativamente de cada etapa. Neste momento, estamos trabalhando com o bairro Jardim América, em que projetamos 1.200 pontos para plantio, aliados ao apoio de quatro escolas locais.

M – A FPJ promove campanhas com assiduidade?

sapucaiasNK – Além de projetos específicos, a FPJ, junto à SMAC, possui um calendário ambiental, pelo qual realiza eventos e campanhas educativas sobre a importância da conservação da arborização, em especial em datas significativas ou em locais específicos, com distribuição de material educativo.

M – A preservação das árvores pode ter algum impacto indireto em relação à cidadania?

NK – Claro! A questão ambiental faz parte da nossa rotina urbana, desde a utilização constante dos bens ambientais, como a água, até a produção e destinação final de resíduos. Com a questão da arborização, não pode ser diferente! Por mais que parte da sociedade não perceba, a arborização urbana é responsável por inúmeras funções, não só de sobrevivência, como também de bem-estar e saúde. As árvores reduzem o impacto das altas temperaturas, reduzem a poluição atmosférica, amenizam a poluição sonora e ainda atuam como filtro natural. Sem contar o visual: a rua arborizada é naturalmente mais bonita e até mais valorizada economicamente. No Rio de Janeiro, a luta pela preservação da figueira da Rua Faro, no bairro do Jardim Botânico, foi um marco na defesa dos bens ambientais da cidade e na formação dessa consciência. Que sirva de exemplo para outros grupos! A comunidade unida e informada auxilia muito nos serviços públicos ambientais.

M – Em relação ao status "imune ao corte", por que algumas árvores recebem o selo e outras não? Todas as árvores tombadas recebem uma placa?

NK – A figura do tombamento foi muito utilizada no passado para a preservação de árvores e conjuntos arbóreos, em virtude da ausência de outro instrumento jurídico. Tal herança vem do tombamento de bens imóveis, geralmente conjuntos arquitetônicos de interesse histórico e cultural. Dessa forma, o poder público reconhecia (e reconhece) a importância de árvores e conjuntos arbóreos por sua beleza, porte, condição de porta-semente, relevância histórico-cultural, entre outros critérios, para efetuar tal proteção. Atualmente, utilizamos como instrumento legal a declaração de imunidade de corte, que equivale ao tombamento, porém mais técnico, porque aborda aspectos como as características, a origem e, principalmente, as vedações de ações que possam prejudicar o vegetal. Importante esclarecer que o fato de uma árvore ser declarada imune ao corte não significa que ela não possa sofrer as ações de manejo (poda e tratos fitossanitários), ou até mesmo a sua retirada. Que fique claro que a árvore é um elemento vivo e, como qualquer outro, tem o seu ciclo natural, em que ocorre sua velhice e morte.

M – Caso haja necessidade da retirada de uma árvore que apresenta riscos, é suficiente replantar outra da mesma espécie no lugar ou mais alguma coisa se perde com isso?

NK – Uma árvore tombada ou declarada imune ao corte, quando se encontra em estado de senescência ou morte, provocada por velhice ou doença, pode e deve ser removida para garantir a integridade de benfeitorias e vidas. É óbvio que a morte ou a necessidade de remoção de uma árvore com tais características causa comoção e tristeza. Porém, o poder público deve atuar dentro da legalidade e, principalmente, com base técnica, visando preservar, em primeiro lugar, a vida. Quanto à questão de se realizar um plantio com a mesma espécie no mesmo local, vai ser decidida caso a caso, de acordo com avaliação das condições do local e da disponibilidade da espécie.

Fontes: site da Prefeitura do Rio e site Ecologia Urbana.

 
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