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Neogeografia customiza significado dos mapas urbanos
07 Novembro 2016 | Por Sandra Machado
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Uma nova geografia se apresenta a todos aqueles que se apropriam da tecnologia dos aplicativos para compartilhar suas memórias afetivas em relação a uma cidade. É a chamada neogeografia, que vai além da leitura fria das ruas e acrescenta marcos em forma de relato com o intuito de aproximar as pessoas.

A tendência, que acompanha o fenômeno wiki, tem um potencial imenso de avanço, no entender do designer gráfico Fernando Alvarus de Oliveira. Em 2013, ele defendeu uma dissertação de Mestrado cujo título já diz tudo – Geolocalização, redes sociais e dispositivos móveis: proposta de sistema gráfico. “A questão da geoafetividade apareceu ao longo da pesquisa. Creio que ela aproxima as pessoas do lugar em que elas vivem e, ao mesmo tempo, humaniza a cidade, que passa a ser uma região de acontecimentos e registros humanos. É bacana poder sinalizar, por exemplo, aquela praia que você frequentava quando era garoto.”

Aplicativo relaciona logradouros do Rio à obra de Machado de Assis

Na dissertação, o designer citou a experiência do Platial, um site especializado em geotags, ou etiquetas de informação, que funcionou de 2004 a 2010. E que começou quando os criadores resolveram usar o Google Maps como base para acrescentar comentários sobre uma viagem particular a Amsterdã. Foi a cofundadora Di-Ann Eisnor, inclusive, quem cunhou o termo neogeografia, em 2006.

Alvarus ressalta que os chamados mapas culturais, que trabalham a partir de equipamentos de cultura já consagrados, como museus ou monumentos, não são exatamente a ideia da neogeografia, pela qual as pessoas é que atribuem valor ao local apontado. Da mesma forma, não se deve confundir neogeografia com cartografia colaborativa, ferramenta de colaboração para criação de mapas, da qual o OpenStreetMap é o melhor exemplo.

“O que a internet está possibilitando é a interação”, ressalta Alvarus. “Acho que o futuro do Facebook, entre outras funcionalidades, é intensificar essa linha que incorpora os aspectos da localização, de onde você manda postagens ou tira fotos.”

Guardadas as devidas proporções, geolocalização já era objeto literário

Embora trabalhe diretamente com museus e exposições, o estúdio 32 Bits Criações Digitais também tem feito incursões no ramo da geolocalização. Seguindo uma tendência internacional que aproxima a arte do cotidiano urbano, dois desses projetos geraram aplicativos específicos sobre o Rio. Casa da Marquesa inclui cem itens do acervo e da história da Casa da Marquesa de Santos, além de falar do bairro imperial onde fica, São Cristóvão. Já Rio de Machado apresenta cem lugares relacionados à vida e à obra de Machado de Assis (1839-1908), com fotos e trechos dos romances do escritor, que fez da cidade do Rio de Janeiro um dos seus personagens recorrentes. A concepção surgiu de uma parceria com a Artéria Conteúdo e Projetos, que se inspirou em aplicativos similares já existentes na Europa.

Os diretores da 32 Bits – Danilo Medeiros (Negócios), Daniel Morena (Tecnologia) e Nei Caramês (Produção) – acreditam que a neogeografia é um território ainda pouco explorado. “Trata-se da evolução muito natural das tecnologias móveis. O enorme poder dos nossos smartphones e seu alto nível de personalização trazem possibilidades incríveis para a visualização de conteúdos, combinando informações e dados de geolocalização. O que estamos vendo é apenas o início da utilização dessas tecnologias – GPS, realidade aumentada, geolocalização, beacons (transmissores para identificação da localização de smartphones), entre tantas outras –, que, quando combinadas, transformam informações estáticas em aplicativos dinâmicos, que se relacionam de forma íntima com o lugar em que estamos.”

 
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