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Pisa 2018: um resumo do que você precisa saber
12 Dezembro 2019 | Por Márcia Pimentel
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Os resultados do Pisa 2018, anunciados em 3 de dezembro, revelam que a Educação do Brasil não avançou no último triênio, ao contrário das províncias chinesas de Pequim, Shangai, Jiangsu e Zhejiang que galgaram nove posições e atingiram o topo de ranking mundial. Os 10.691 alunos brasileiros de 15 anos que fizeram o teste, provenientes de 597 escolas de todas as unidades da federação, até pontuaram ligeiramente melhor do que aqueles que foram avaliados em 2015: passaram de 407 pontos para 413 em Leitura, de 377 para 384 em Matemática e de 401 para 404 em Ciências. Mas a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), responsável pelo Pisa, considera essa variação irrelevante para as estatísticas. Tanto que a 59ª posição do Brasil permaneceu inalterada no ranking dos 79 países que participam da avaliação internacional.

Entre os estudantes brasileiros avaliados pelo Pisa em 2018, todos nascidos entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2002, a maioria é oriunda da Rede Estadual (68,3%). Os participantes da Rede Municipal – 13,7% do total – foram os que menos pontuaram. Em Leitura, por exemplo, obtiveram uma média de 330 pontos, bem abaixo da média nacional (413), nessa área do conhecimento.

Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), instituição responsável pela aplicação do Pisa no Brasil, a provável causa desse baixo desempenho reside no fato de os estudantes de 15 anos das escolas municipais ainda cursarem o 7º, 8º ou 9º ano do Ensino Fundamental, apresentando defasagem idade-série. No entanto, no Brasil, o total de alunos defasados, avaliados pelo Pisa, é de 25,7%. Ou seja, 12% a mais que o número de participantes da Rede Municipal.

Veja, abaixo, a proficiência em Leitura dos jovens brasileiros de 15 anos, por tipo de escola, e o número de participantes por ano escolar. Os dados foram fornecidos pela organização do Pisa.

pisa2018 tabela redes de ensino

pisa2018 tabela ano escolar

Leitura: mudanças na matriz

A Leitura foi avaliada como área foco pela terceira vez desde que o Pisa foi criado, em 2000. Segundo o Inep, isso significa uma terceira mudança na matriz de referência, cada uma refletindo as transformações ocorridas na sociedade e na cultura, num certo período. O foco espelha as atualizações no conceito de letramento e nos contextos de uso da leitura, já que as habilidades exigidas hoje são diferentes das de duas décadas atrás.

Quando, em 1997, a primeira matriz do Pisa estava sendo elaborada, por exemplo, apenas 1,7% da população mundial usava a internet. Em 2019, estima-se que esse número esteja na casa dos 51%, no mundo, e próximo aos 70%, no Brasil. Ou seja, além das habilidades de compreensão, interpretação e reflexão de um texto escrito, hoje, também se requer um letramento mínimo em Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) para que se consiga operar dispositivos e aplicativos.

Mais que isso: a leitura em ambiente digital exige habilidades para avaliar a veracidade e confiabilidade dos textos, saber integrar e sintetizar as informações oriundas de múltiplas fontes e reconhecer quando há conflito entre elas. A navegação tornou-se outro componente-chave da leitura nos dias atuais, pois as escolhas influenciam diretamente naquilo que é lido e assimilado. O letramento em leitura digital, enfim, tornou-se fundamental para participar da sociedade e para conquistar algum sucesso pessoal.

A média do Brasil em Leitura (413) ficou 74 pontos abaixo da média mundial (487). A China conquistou o topo do ranking (555) em função, segundo o jornal Folha de São Paulo, do forte investimento em tecnologia educacional e em formação e valorização dos professores. A Estônia, em 5º lugar, foi o país europeu que mais pontuou (523). O Canadá, em 6º, teve a melhor performance das Américas (520).  Portugal ficou em 24º (492), um ponto atrás da França e da Bélgica.

Abaixo, a posição dos países latino-americanos que participam do Pisa e a média dos brasileiros por ano escolar. O primeiro quadro também mostra o interdecil, ou seja, a média dos 10% dos estudantes com as notas mais baixas e a média dos 10% dos estudantes com as notas mais altas. Observe que o Brasil é o país que apresenta a maior disparidade entre as duas faixas. Segundo o Pisa, uma das características do sistema educacional brasileiro é que algumas poucas escolas formam ilhas de excelência, enquanto a maioria oferece um ensino insuficiente.

pisa2018 tabela pais media em leitura

pisa2018 tabela ano escolar media em leitura

O Pisa 2015 introduziu, na avaliação da área de Leitura dos países com baixa proficiência, mais um nível na escala de letramento, o 1c, para descrever o que conseguem fazer os estudantes que antes eram classificados como “abaixo de 1b”. A escala revela não só o desempenho dos alunos, como também reflete o grau de dificuldade dos itens avaliados.

Os estudantes que se encontram no nível 1c só conseguem entender frases curtas, com vocabulário e estrutura sintática simples. Já no nível mais elevado, o 6, têm habilidade para ler e integrar textos longos, múltiplos, abstratos e complexos, com estruturas sintáticas sofisticadas e vocabulário rico, além de saberem detectar quando uma fonte é confiável, ou não. No nível 2, média do Brasil,  os alunos são capazes de compreender textos com tamanho e complexidade moderada e detectar detalhes específicos, desde que estejam explícitos. Também conseguem produzir argumentos (breves e simples). Abaixo, o percentual de estudantes por nível de proficiência.

pisa2018 tabela estudantes no nivel

SOS para Matemática e Ciências

Como o foco de 2018 foi em Leitura, o letramento em Matemática e em Ciências foi avaliado de forma secundária, não trazendo novidades em suas matrizes de referência. Apesar disso, a performance dos estudantes brasileiros nestas duas áreas do conhecimento foi pior do que em Leitura. A média dos 79 países avaliados é de 489 pontos tanto em Matemática como em Ciências, enquanto a do Brasil é de 384 e 404, respectivamente. Isso significa que, nessas duas áreas do conhecimento, o Brasil ocupa uma posição pior no ranking dos dez países latino-americanos do que Leitura (5º lugar).

pisa2018 tabela pais media em matematica

pisa2018 tabela pais media em ciencias

Um dos dados mais alarmantes do Brasil é que 41% de seus estudantes estão abaixo do menor nível de proficiência em Matemática, o nível 1, enquanto, apenas 9,1% dos alunos de todo o mundo encontram-se neste patamar. No nível 1, estão 27,1%  dos participantes brasileiros, o que significa que apenas 31,9% encontram-se no nível dois (ou acima) e possuem as  habilidades básicas para participarem da vida social, econômica e cívica. Em Ciências, a situação é um pouco melhor, mas não é muito diferente: 55,3% estão no nível 1 ou abaixo dele, enquanto todos  os países que participam do Pisa contabilizam 21%.

 

 
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