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Guerra apenas no campo tecnológico
05 Janeiro 2010 | Por Luís Alberto Prado
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Skylab2A maior herança da humanidade com a ida do homem à Lua, na opinião de José Roberto Costa, mestre em Ensino de Astronomia, foi a forma pacífica como o episódio aconteceu. Segundo Costa, a viagem à Lua foi impulsionada por um momento político muito marcante na história recente: a disputa ideológica, econômica e militar entre os Estados Unidos e a antiga União Soviética. “Mas, em vez de guerras sangrentas por essa causa (como Vietnã e Afeganistão), a disputa ficou no campo científico e tecnológico. A chamada corrida espacial tinha uma linha de chegada, um prêmio, e esse prêmio era a Lua. Sua conquista foi um feito pacífico. Para mim, esse é o maior legado. Quisera eu que todas as grandes disputas da humanidade tivessem um prêmio tão grandioso e uma herança tão poderosa”.

De acordo com Costa, os maiores benefícios trazidos para o dia a dia do cidadão com a corrida espacial ocorreram no plano da cidadania e da consciência da questão do meio ambiente. “A imagem da Terra solta no espaço e todos os sentimentos que ela evoca, inclusive nossa consciência planetária e a necessidade de preservar os recursos naturais do planeta, são os benefícios mais evidentes. Isso parece tolo, singelo, mas não tínhamos tal imagem nem semelhante consciência global antes da corrida espacial”, filosofa ele.

Porém, há outros ganhos, materiais, que José Roberto Costa sinaliza. "Os benefícios aplicados em nosso cotidiano são incontáveis: de equipamentos de combate a incêndios mais eficientes a sistemas de imageamento médico, passando por detetores de fumaça, óculos escuros com proteção UV, mantas térmicas (contra frio ou calor), tênis com tecnologia de absorção de impacto, novos materiais usados tanto em embalagens de produtos (mais fortes e leves) e trajes especiais para natação, entre muitos outros.”

Refletindo a respeito do volume financeiro aplicado nesse histórico empreendimento, Costa afirma que valeu a pena tanto dinheiro empregado. “Ainda que nenhuma aplicação prática pudesse ser citada, o simples conhecimento de um fenômeno em um corpo celeste a milhares de anos-luz da Terra – e que talvez nunca um homem possa observar diretamente – já justificaria a pesquisa básica para a aventura humana neste planeta. E sem a pesquisa básica, nenhuma aplicação de um conhecimento pode ser melhorada. Se estamos aqui, hoje, é porque fomos capazes de enxergar novos horizontes. A Astronomia e a Astronáutica descortinam o maior dos palcos para a aventura humana deste novo milênio. Se vamos interpretar um épico ou uma tragédia só depende de nós.”

O mestre em Ensino de Astronomia não enxerga prejuízo a nenhuma contrapartida gerada  à humanidade com a chegada do homem à Lua. "Não vejo nenhum dano, e ainda que possamos citar algum, acredito que o elenco completo de benefícios para a sociedade oriundo das pesquisas e do desenvolvimento espacial é, sem dúvida, várias vezes maior do que tudo o que já foi investido no programa espacial.”

Sobre a controvérsia em relação à veracidade de o astronauta americano Neil Armstrong, no dia 20 de julho de 1969, ter ou não pisado em solo lunar, o professor acredita em duas hipóteses. “A primeira, as pessoas se esquecem do verdadeiro motor por trás dessa realização, o momento histórico que o mundo vivia; e a outra, uma falta de base no aprendizado de Ciências (deficiência em âmbito mundial). Todos os argumentos, sem exceção, citados por quem duvida podem ser contrapostos com conhecimentos simples no campo das Ciências.”

Quem é

José Roberto Costa  é mestre em Ensino de Astronomia; sócio-fundador da Associação Aeroespacial Brasileira; secretário no Brasil da ONG The Planetary Society, fundada pelo astrônomo Carl Sagan, em 1980; e astrônomo amador há mais de 25 anos, tendo trabalhado em vários centros de difusão científica no país. Há dez anos, gerencia o site Zenite, sendo ainda colunista do caderno de Ciência e Meio ambiente do jornal A Tribuna, de Santos (SP).

 
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