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Mario Filho: futebol, carnaval e construção da alma carioca
07 Junho 2013 | Por Sandra Machado
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MarioFilho4Nascido de uma família de talento, Mario Filho idealizou o Maracanã – estádio que leva o seu nome – e o primeiro desfile de escolas de samba no Rio de Janeiro. Só faltou inventar a praia... Ele também deu sua contribuição ao jornalismo, ao abrir espaço para a cobertura esportiva na capa dos jornais e dar ao tema uma linguagem coloquial que aproximava os leitores. Foi jornalista, pesquisador, escritor e um dos maiores agitadores culturais e esportivos do Rio de Janeiro na primeira metade do século passado. Segundo o irmão Nelson Rodrigues, um dos maiores nomes da dramaturgia brasileira, Mario Filho era um “criador de multidões”. O Criador de Multidões é, também, o nome do documentário dirigido por Oscar Maron sobre a vida de Mario Filho.

Considerado o pai da crônica esportiva brasileira, Mario Filho se inspirava no estilo de texto de modernistas como Oswald de Andrade e Ronald de Carvalho. Gostava de trocar impressões com os amigos Gilberto Freyre e José Lins do Rego, do movimento regionalista nordestino. Mario Filho também escreveu vários livros – a maioria sobre futebol: Bonecas (1927), Copa Rio Branco (1932), Histórias do Flamengo (1934), Romance do Football (1949), Senhorita (1950), Copa do Mundo de 62 (1962), Viagem em torno de Pelé (1964), O Rosto (1965), Infância de Portinari (1966) e Sapo de Arubinha: os anos de sonho do futebol brasileiro, publicado postumamente, em 1994. Mas O Negro no Futebol Brasileiro (1947) foi considerado sua produção literária mais significativa.

Antes de ser lançada, a obra foi publicada aos poucos, ao longo de cinco meses, diariamente, no jornal O Globo. Com prefácio do sociólogo Gilberto Freyre (autor do clássico Casa Grande e Senzala), o livro de Mario Filho apresenta algumas informações curiosas: o primeiro clube, no Rio de Janeiro, a aceitar um jogador negro foi o Bangu. O Vasco da Gama inovou ao colocar em campo um time misto de negros e brancos. Naquela época, por melhor que fosse o jogador, só os brancos eram autorizados nos times dos clubes. Para driblar a proibição, alguns usavam toucas para esconder o cabelo e pó de arroz para camuflar a cor da pele – até hoje, pó de arroz é apelido associado ao clube do Fluminense. No Rio Grande do Sul, jogadores negros criaram a Liga da Canela Preta, no fim da década de 1920.

“Eu preferia, porém, ouvir dirigentes, jogadores e torcedores. Ouvi centenas deles, de todas as épocas do futebol brasileiro”, lembrava Mario, no texto de apresentação. Segundo as pesquisas do autor, o futebol só foi considerado pauta jornalística a partir da década de 1910. Mesmo assim, com informações publicadas praticamente em forma de notas, que pouco interesse despertavam no leitor – e muito menos emoção. Mas a intuição de Mario Filho lhe dizia outra coisa. Quando trabalhava no jornal do pai, chamado A Crítica, no fim dos anos 1920, certo dia ficou encarregado do fechamento da edição. Na falta de matérias de capa, apelou para a notícia sobre uma partida de futebol entre Flamengo e Vasco, que ia acontecer em Laranjeiras. Como tinha horror àquele esporte, Mario Rodrigues ficou enfurecido. Em compensação, todos os exemplares se esgotaram nas bancas.

ArquibancadaMARACANA2De acordo com o jornalista Mario Neto, especialmente os jogos de Fla-Flu deixavam seu avô preocupado, não propriamente com a partida, mas com a arquibancada. Afinal, para Mario Filho, a festa era mais importante do que o placar final. A cada confronto entre os dois times, a melhor torcida ganhava algum prêmio das promoções do Jornal dos Sports, que tanto podia ser alguma quantia em dinheiro quanto...  uma geladeira! Qualquer ocorrência violenta, devidamente confirmada pelas autoridades policiais, era motivo de tristeza para Mario. “Ele foi o pernambucano mais carioca que já vi. Tudo que ele fazia pensava primeiro no Rio”, ressalta o neto.

 
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