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Sociabilidade do jovem é o maior ganho com o uso continuado da internet
01 Novembro 2013 | Por Sandra Machado
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internet-no-mundo2A televisão não deixou de ser a babá eletrônica. Só que, agora, divide a tarefa com a internet. Games são realmente coisa de menino. A predileção das meninas é pela fotografia. Essas e outras constatações estão num estudo realizado pela pesquisadora Rita Migliora, e compiladas em sua tese de Doutorado em Educação, que defendeu em 2013, na PUC-Rio. Jovens da Rede Pública Municipal de Ensino do Rio de Janeiro – Modos de Uso e Habilidades no Computador e na Internet apresenta as respostas de um questionário bastante detalhado, que foi aplicado a 3.705 alunos do 9º ano do Ensino Fundamental de 39 escolas municipais, no segundo semestre de 2009. Na segunda etapa, em 2011, Rita complementou o material com entrevistas obtidas por meio de um perfil criado para este fim no Facebook. Desde 2002, ela integra o Grupem – Grupo de Pesquisa em Educação e Mídia, que realiza a Pesquisa Juventude e Mídia, base para seu trabalho de campo.

Ficou para o Pós-Doutorado, já em curso na Unirio, relacionar habilidades sociais, tecnológicas e educacionais com o desempenho dos alunos. Até o momento, só é possível afirmar que os jovens da Rede Municipal do Rio de Janeiro se consideram bastantes hábeis no uso do computador e da internet para fins educacionais. No entanto, a cada dois alunos, apenas um utiliza programas educativos; e, a cada quatro, só um lê livros digitais. Segundo Rita, o fenômeno deve estar relacionado com o hábito incipiente do computador na escola e das próprias práticas propostas pelos professores, em geral atreladas à pesquisa sobre um tema específico. Já a questão dos livros digitais pode derivar somente da falta de familiaridade.

Mesmo assim, a pesquisa identificou alguns fatores que influenciam positivamente a habilidade educacional: usar o computador em casa, o tempo de uso em número de anos, o cultivo da prática de atividades culturais (tais como ir a teatro, cinema e biblioteca), uso do celular, disponibilidade de mídia em casa (televisão, máquina fotográfica, aparelho de DVD), bem como de livros. Segundo a pesquisa, 68% dos alunos declararam que leem revistas ou jornais com frequência, 81% deles assistem a documentários habitualmente e 25% costumam ir ao cinema. Quanto à leitura de livros, 37% leem com frequência alta, ou seja, livros de literatura ou poesia mais de uma vez na semana. Em contrapartida, 34,1% dos jovens nunca leram ou leram apenas uma vez no ano.

“Aquela escola que investe em uma educação que engloba, em sua prática pedagógica, o acesso a bens culturais, por meio da visita a alguns dos equipamentos culturais disponíveis na cidade do Rio de Janeiro, estará possibilitando a ampliação do uso educacional do computador pelo seu aluno”, conclui Rita. Segundo ela, pais que incentivam e propiciam que seus filhos tenham acesso a diversas atividades culturais, bem como disponibilizam livros e revistas de divulgação científica, contribuem para um maior uso educacional do computador por parte dos alunos.

rita“Nossos resultados sugerem que o ganho mais significativo no uso do computador e da internet entre os jovens pesquisados se dá no âmbito da sociabilidade”, garante Rita. “A sociabilidade está formando identidades individuais e coletivas, com transmissão de conhecimentos, normas e valores entre eles.” Os jovens passam bastante tempo nas redes sociais, são usuários intensos do computador para a comunicação interpessoal e se declararam extremamente bons em habilidade social. A pesquisa apurou, também, que 92,8% dos jovens possuem telefone celular: 38%, um aparelho e 54,8%, dois aparelhos.

“De fato, os jovens têm mais empatia com as tecnologias do que os adultos e demonstram uma propensão maior para lidar prazerosamente com elas, sem medo de experimentar e sem tantas ideias preconcebidas”, diz Rita. Funções sempre novas e cumulativas, bastante atraentes, têm sido atribuídas aos dispositivos, o que já levou, por exemplo, à obsolescência do relógio de pulso. Mas o crescimento de importância da mídia deve ser creditado, no entender da pesquisadora, especialmente à indústria, ou melhor, às estratégias do capitalismo. A evolução tecnológica, em si, é neutra, embora interfira no modo como as pessoas constroem o mundo social e cultural.

Sobre aquelas diferenças entre os gêneros mencionadas lá no início, a pesquisadora afirma o seguinte: “Não foram observadas diferenças significativas quanto ao uso do computador, exceto no que diz respeito a jogos on-line – 43,2% dos meninos afirmaram ter um uso intenso, enquanto 16,5% das meninas indicaram fazer o mesmo uso”. Entre as três categorias de habilidades investigadas por Rita em seu estudo – sociais, tecnológicas e educacionais –, as meninas afirmaram se perceber menos habilidosas apenas quando se trata da tecnologia. “Isto, muito provavelmente, está relacionado a um padrão de comportamento que as constitui como mulheres”, pondera Rita. Quanto à velha televisão, ela conserva um papel importantíssimo, embora divida seu espaço com a internet. Até porque uma das atividades que os jovens declararam que mais fazem é assistir a vídeos on-line. A TV está muito presente no cotidiano da juventude: 87,4% afirmaram assistir a filmes e seriados com assiduidade, 84% assistem habitualmente a jornais e noticiários na TV e 78%, às novelas televisionadas.

 
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