Esta ação foi desenvolvida em formato de oficina, oferecida durante as edições do Escola de Férias do mês de julho de 2024.

Inicialmente, os estudantes foram estimulados a refletir sobre o ambiente virtual, suas facilidades e seus riscos, relatando as suas experiências pessoais no uso da internet. A pergunta chave foi: a Internet é um lugar seguro? Em seguida, eles foram apresentados ao E Agora? Um Rolé Digital, que mistura jogo e narrativas interativas, no formato de árvore de decisões, com personagens Zoomorfos - Layanne, Yan, Kaio e Vlad - que são colocados diante de dilemas digitais.

Os participantes deviam escolher que atitudes tomar em determinadas situações, sabendo que cada escolha tem uma consequência. Como a atividade foi desenvolvida em grupo de 25 estudantes, na faixa etária dos 11 aos 14 anos, as escolhas foram combinadas de serem feitas pela maioria, por manifestação corporal e coletiva: bater uma palma, levantar do lugar, levantar um dos braços ou bater o pé no chão.

Para iniciar, o grupo escolheu uma das quatro histórias: "Ameaça digital - seguranças nas escolas", "Cyberbullying não é brincadeira", "Fraude digital: não caia nessa" e "Inteligência Artificial, use, mas não abuse".

Foi escolhida a história 4, na qual o adolescente Vlad, de 12 anos, estudante do 7º ano de uma escola municipal da Zona Oeste, ganha um concurso de poesia e o prêmio é uma viagem a um parque de diversões no Sul do País. O problema é que o texto foi criado por um programa de IA generativa. Além de discutir a utilização dessas ferramentas tecnológicas, essa narrativa explora dilemas éticos e morais. O protagonista se depara com situações envolvendo seu melhor amigo, sua família, sua professora e os colegas da turma. Isso o leva a ter de decidir entre sustentar uma mentira ou assumir que trapaceou.

Durante o processo de decisão sobre os caminhos a seguir, foi importante dar espaço para que os estudantes pudessem comentar as suas escolhas e pensar sobre as possíveis consequências. Não há repostas certas ou erradas e nem pontuação no jogo, mas é fundamental que cada um reflita sobre as suas atitudes e o que elas podem acarretar para si e para os outros. Assim, a dinâmica funcionou como um estímulo ao debate sobre os temas abordados.

Com o desfecho da narrativa, todos foram convidados a discutir o que aconteceu com o Vlad e os demais personagens envolvidos. Os estudantes foram questionados se situações como esta podem acontecer com eles ou com alguém na escola. Para finalizar, foram apresentadas imagens geradas por IA do Papa Francisco e do Presidente Biden dos EUA, a fim de perceber os riscos do seu uso indevido e as possibilidades que esta nova ferramenta pode ter para a educação.

Questão central: Como os estudantes podem fazer o uso consciente e ético da IA generativa?

Na atividade realizada, a maioria dos estudantes escolheu não revelar que a poesia havia sido feita com o uso da Inteligência Artificial. Assim, o personagem Vlad aceitou o prêmio mesmo sabendo que seu amigo foi prejudicado. Este foi o foco da roda de conversa, na qual cada um expôs o porquê das suas escolhas. Ficou evidente a necessidade de abrir espaço na escola para esse tipo de discussão sobre lealdade, ética e responsabilidade.

Incorporar no processo de ensino e aprendizagem alguma dessas tecnologias de inteligência artificial pode ser uma forma pedagógica de debater o assunto com os estudantes, destacando os perigos da desinformação que este recurso pode trazer. A mediação humana para analisar, observar, refletir sobre qualquer conteúdo obtido na internet ou pela utilização dessas tecnologias precisa estar no cerne desse debate. Assim, é importante observar de que maneira os adolescentes pensam e tomam decisões diante dos dilemas apresentados.