Em 1902, o primeiro maxixe era gravado na Casa Edison – Sempre Contigo, de autoria ignorada. Mas o gênero já se desenvolvia na cidade desde a década de 1870. Sua melhor definição vem do crítico e pesquisador de MPB José Ramos Tinhorão: “forma malandra e exagerada de dançar a polca-tango, que acabaria por fazer surgir o maxixe como gênero musical autônomo”.
No livro Maxixe – A Dança Excomungada, Jota Efegê afirma que a primeira citação ao ritmo apareceu na propaganda de um baile de carnaval que iria acontecer no Clube dos Democráticos, publicada no Jornal do Brasil, em fevereiro de 1883. O nome, tomado emprestado da hortaliça, faz uma associação irônica a seu pouco valor. No entanto, o teatro de revista, que fazia uma crítica acirrada aos costumes durante o período da Belle Époque, em breve se apropriaria do gênero. Escrita por Arthur Azevedo, A República estreou em 26 de março de 1890 e foi responsável por popularizar o primeiro grande sucesso do maxixe, intitulado As Laranjas da Sabina.
O jornalista Pedro Paulo Malta, que também é pesquisador musical, confirma a prevalência do meio teatral como lugar de cultura. Ele ressalta a diferença que existe entre conseguir popularizar um estilo na atualidade e o processo trabalhoso no início do século XX. “Essas músicas ‘pegavam’ sobretudo no teatro. Hoje em dia, quem compõe tem, de saída, a facilidade de botar um vídeo no YouTube, com visibilidade instantânea.”
Maxixe tipo exportação
Em 1912, o dançarino e compositor Antônio Lopes de Amorim, ou Monsieur Duque, radicado há três anos em Paris, apresentou o maxixe aos salões da Europa, de onde a sensação seguiu para os Estados Unidos. Até mesmo um dos mais importantes escritores norte-americanos do século XX, F. Scott Fitzgerald, chegou a fazer menção ao maxixe em alguns de seus contos. Enquanto isso, no Rio, nomes como Sinhô (José Barbosa da Silva, autor de Jura e Gosto Que Me Enrosco) e Chiquinha Gonzaga (autora de O Gaúcho, mais conhecido como O Corta-Jaca) compunham sucessos.
O Corta-Jaca, por sinal, deu início a uma verdadeira revolução em prol da música popular brasileira. Nair de Teffé era esposa do presidente da República, o marechal Hermes da Fonseca, e muito amiga de Chiquinha Gonzaga. Em 1914, a primeira-dama promoveu um recital, no qual executou a música ao violão, em pleno Palácio do Catete. As notícias sobre o evento escandalizaram a alta sociedade, principalmente depois das duras críticas públicas feitas por Rui Barbosa.
Mais suscetível ao preconceito, Ernesto Nazareth, compositor de Odeon, preferia incluir suas obras no grupo chamado de “tango brasileiro”, sobre o qual não há consenso – há quem diga que é um subgênero do choro e quem afirme ser o tango brasileiro também o maxixe. Da mesma maneira, o clássico Pelo Telefone, de Donga (Ernesto dos Santos) e Mauro de Almeida, embora registrado como samba, seria, segundo puristas, igualmente um maxixe.
24/03/2015
Um dos mais conhecidos produtos de exportação da indústria cultural brasileira, a bossa nova teve origem nos bairros da Zona Sul do Rio de Janeiro, no fim dos anos 1950.
Rio de Música
17/03/2015
Atribui-se o mérito da criação do choro no cenário musical carioca ao surgimento de uma classe média urbana, predominantemente negra, composta por pequenos comerciantes e funcionários públicos.
Rio de Música
24/02/2015
Muito popular já em meados do século XVIII, o ritmo é fruto de uma mistura cultural única e traz em sua gênese influências dos escravos angolanos, dos espanhóis e dos portugueses.
Rio de Música
10/02/2015
O convívio de várias etnias – em especial bantos, jêjes e nagôs – fez do Rio de Janeiro o lugar ideal para a ocorrência de uma mistura musical única. Diante da repressão à realização de suas festas, os negros respondiam com uma rede inventiva e solidária, da qual o gênero se origina.
Rio de Música
03/02/2015
O Portal MultiRio homenageia os 450 anos da Cidade Maravilhosa com a série Rio de Música, sobre os gêneros musicais cariocas. Lundu, maxixe, marchinha de carnaval, choro, samba e bossa nova ajudam a retratar o espírito de época e contar as transformações pelas quais a cidade tem passado.
Rio de Música