Um estudo realizado pelo Departamento de Psicologia da Universidade de Warwick, na Inglaterra, constatou que quase 40% dos voluntários não conseguiram diferenciar entre fotos originais e fotos manipuladas. Entre os que identificaram a falsificação, aproximadamente metade deles não soube apontar onde exatamente havia a alteração. Segundo os pesquisadores Sophie Nightingale, Kimberley Wade e Derrick Watson, “o crescimento da manipulação de fotos tem consequências em muitas áreas – dos tribunais de justiça, passando pela segurança nacional, até a publicação científica, a política, a mídia e a publicidade”.
O estudo de Warwick, publicado em 18 de julho no Cognitive Research Journal, é um dos pioneiros na área. Nele, 1.366 pessoas participaram, online, do teste que propôs identificar quais fotos eram originais ou manipuladas. Cada voluntário viu dez imagens, em cores, com cenas de pessoas em situações cotidianas. Cinco dessas fotos possuíam pelo menos uma forma comum de adulteração: airbrushing (retirada de imperfeições, como rugas, ou branqueamento de dentes, etc.), adição ou subtração de elementos, inconsistências geométricas ou de projeção de sombras dos objetos.
Atualmente, é possível detectar se uma imagem foi ou não manipulada usando programas de computador que identificam se os pixels que formam a imagem sofreram alteração. A manipulação digital deixa rastros. Apesar disso, mesmo nos Estados Unidos, os tribunais ainda não utilizam o recurso, confiando no olho humano para julgar fotos usadas como provas.
O mais importante concurso de fotojornalismo atual – World Press Photo – adotou uma verificação computadorizada para sua competição anual. Esse é apenas um indicador de que são necessárias diretrizes e políticas atualizadas com a era digital para lidar com os desafios impostos.
O último encontro do G-20, em 7 e 8 de julho, em Hamburgo, na Alemanha, por exemplo, rendeu uma foto fake que viralizou. Vê-se Vladimir Putin, presidente da Rússia, rodeado por Donald Trump, presidente dos EUA, Angela Merkel, chanceler alemã, e Erdogan, presidente da Turquia. Na verdade, Putin foi digitalmente colocado em uma cadeira vazia, em torno da qual os líderes conversavam. Ele nunca esteve, de fato, no momento retratado. A foto original, com a cadeira de Theresa May, primeira-ministra do Reino Unido, vazia, é da Associated Press.