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Professora da Rede aborda o conhecimento arqueológico
16 Novembro 2021 | Por Larissa Altoé
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Pintura rupestre encontrada no Piauí (Fundham)

O currículo da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro propõe conteúdos relacionados à Arqueologia para o 6° ano, como período pré-colonial, povos originários e patrimônio.

Renata Nunes, professora na E.M. Estado da Guanabara (3ª CRE), em Higienópolis, e mestranda em Arqueologia no Museu Nacional da UFRJ, promove um diálogo entre suas formações em História e Arqueologia, desenvolvendo atividades com os estudantes do Ensino Fundamental II para que eles se apropriem criticamente desses conceitos.

É importante notar que há material na internet para os professores não especializados em Arqueologia que queiram desenvolver aulas nessa área (veja algumas indicações no fim da reportagem).

Na experiência de Renata, ela buscou formas simples de apresentar o conhecimento arqueológico em sala de aula. Encontrou uma boa atividade no YouTube, criada por uma professora de Ensino Fundamental de outro estado, da qual ela não se lembra mais o nome. A atividade envolvia a fabricação de carimbos e pinturas rupestres brasileiras. Na ocasião, as professoras Adlane Vasconcelos e Rose Covre, durante a realização de uma atividade de Língua Portuguesa, estavam apresentando formas não verbais de comunicação aos estudantes utilizando emojis. Renata aproveitou o embalo para explicar que a História não se dá apenas por meio da escrita; há outras formas de expressão e comunicação. Ela mostrou aos alunos as pinturas rupestres brasileiras, falando sobre seu significado e localização. Abordou principalmente as da Serra do Boqueirão, em São Raimundo Nonato, no Piauí.

Moldes de pinturas rupestres feitos com materiais acessíveis para atividade com linguagem não verbal (acervo de Renata Nunes)

“A História dos povos originários do Brasil é riquíssima e não chega aos estudantes. É desconhecida. Além disso, a História não escrita cobre um período enorme da jornada humana, um período que só podemos conhecer por meio da cultura material remanescente. A História do Brasil não começou em 1500 com a chegada dos europeus. É muito anterior a isso. Precisamos falar dos sambaquis, dos marajoaras e tupis. Há inclusive sítios arqueológicos em Araruama e São Pedro da Aldeia, no estado do Rio de Janeiro", expõe Renata.

Renata não ficou apenas nas aulas teóricas sobre pintura rupestre. A partir daí, ela desenvolveu uma atividade diferenciada com os estudantes. A professora e a turma montaram carimbos e os alunos fizeram suas próprias inscrições no mural, usando figuras que mostravam o sol, a lua, caçadas, animais, água, rituais etc. “É preciso uma atividade simples para que os alunos se apropriem do conteúdo mais complexo”, explica Renata.

Passo-a-passo dos carimbos rupestres

Renata usou papelão para cortar retângulos com cerca de 10 X 15 cm. Imprimiu figuras rupestres, cortando-as e colando-as sobre o papelão. Contornou cada figura com cola quente, sobrepondo com elástico (dos que se usa para guardar dinheiro, por exemplo). E assim estava produzida a matriz do carimbo. A turma usou tinta guache e de carimbo para molhar o molde e usá-lo no mural. Os alunos fizeram “paredões rupestres” na escola, expressando-se de maneira não verbal.

Atividade com carimbos (acervo Renata Nunes)

Posteriormente, a professora dividiu a turma em grupos e, em vez de deixar que escolhessem os carimbos a serem usados, distribuiu-os de sete em sete, em envelopes fechados, de forma que os estudantes não sabiam de antemão quais seriam. A partir das figuras disponíveis, eles criavam suas mensagens no mural da escola, como se fossem indivíduos pré-coloniais, deixando, dessa forma, a imaginação correr solta.

Grécia, mas também Cais do Valongo: outras abordagens

Renata Nunes conta que os alunos se interessam muito pelos grandes monumentos da Grécia, de Roma e do Egito, mas que também podem ter curiosidade sobre o Cais do Valongo, um elemento muito importante de identidade para os cariocas e brasileiros. Apresentar o Cais do Valongo aos estudantes e falar sobre sua importância enquanto local de memória depende em grande medida dos professores.

"Paredão rupestre" feito pelos alunos (acervo Renata Nunes)

Em suas aulas, Renata aproveita o interesse dos alunos em relação ao Egito antigo para falar sobre tolerância religiosa. “Essa sociedade africana já possuía a ideia de ressurreição da carne, como há também nas sociedades cristãs, por isso mumificavam seus mortos. É preciso mostrar que as ideias se transformam e circulam; que a intolerância deve ser deixada de lado", assegura ela.

Outra possibilidade apontada pela professora é abordar os símbolos adinkras, feitos por artesãos negros que vieram da África Central e Ocidental e eram especializados na fundição de metais, como o ferro. Esses símbolos podem ser observados em portões e janelas de ferro na cidade do Rio de Janeiro - em casas particulares e também em edifícios governamentais. Os adinkras também são exemplos de comunicação não verbal, cada desenho significando uma mensagem diferente e expressando a identidade de determinados grupos.

Os professores que desejarem saber mais sobre os temas expostos encontram material gratuito e de qualidade na internet, como os artigos Arqueologia da região do Parque Nacional Serra da Capivara - Sudeste do Piauí, da arqueóloga Niéde Guidon, publicado na Revista da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), e  Tratamento dos Mortos entre os Sambaquieiros, Tupinambá e Goitacá que ocuparam a Região dos Lagos, Estado do Rio de Janeiro, escrito por quatro arqueólogos da UFRJ e publicado na Revista da USP. Há também o site da Fundação Museu do Homem Americano – Fumdham.

 
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