Nada de foto, reprodução, livro. Você frente a frente com um quadro que impressiona os sentidos – esta é uma experiência que vale a pena. Quer tentar?
Que tal começar por uma mulher que ajudou a pensar uma cultura brasileira genuína? Em 1920, no Brasil, o comum era achar que o produzido na Europa era melhor do que aquilo que se fazia por aqui.
Pois Tarsila do Amaral não concordava com isso. Mesmo que os mestres franceses com quem estudou dissessem que o colorido, que tanto amava desde criança, era feio e caipira, ela não se dobrou à regra: “Vinguei-me da opressão, passando-as para minhas telas: o azul puríssimo, o rosa violáceo, o amarelo vivo, o verde cantante”. Essas cores, que tinham impressionado a artista em Minas Gerais, tornaram-se a marca de sua obra, assim como temas ligados ao Brasil – paisagens rurais e urbanas, fauna, flora e folclore.
Tarsila nasceu em 1886, em Capivari, interior de São Paulo. Filha de pai fazendeiro, pôde estudar pintura em Paris, na França. Com Oswald de Andrade, seu namorado, e outros intelectuais paulistas, participou do movimento antropofágico, que queria “engolir a cultura europeia e transformá-la em algo bem brasileiro”.
Tarsila, com seus pincéis e tintas, deu forma visual ao que Oswald de Andrade diria em palavras. Ela pintou o quadro Abaporu, a tela brasileira mais valorizada no mundo, que, atualmente, está no Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires, na Argentina.
Tarsila no Rio
Mas não desanime. O Rio tem três telas da artista. Duas estão no MAM: Urutu (1928) e Vendedor de Frutas (1925). Ambas na exposição permanente Genealogias do Contemporâneo. O museu expõe, ainda, um estudo de Tarsila para o quadro Antropofagia.
Há uma terceira obra finalizada de Tarsila em nossa cidade. É Manteau Rouge (casaco vermelho, em francês), um autorretrato, de 1923. Este óleo sobre tela fica no Museu Nacional de Belas Artes, mais precisamente na Galeria de Arte Brasileira, Moderna e Contemporânea. Neste museu, a entrada é gratuita em qualquer dia escolhido para visitação.
Tarsila faleceu em São Paulo, em 1973. Pode-se ler mais sobre sua vida no site oficial da artista, e 2.132 obras de sua autoria podem ser conhecidas neste catálogo.
Serviço:
MAM (Museu de Arte Moderna) – Avenida Infante D. Henrique, 85, Aterro do Flamengo. De terça a sexta-feira, das 12h às 18h, e sábados, domingos e feriados, das 12h às 19h. Ingresso: domingo tem ingresso família - até cinco pessoas por R$ 12. Nos outros dias, inteira R$ 12 e meia-entrada, R$ 6.
Museu Nacional de Belas Artes – Avenida Rio Branco, 46, Centro. De terça a sexta-feira, das 10h às 18h, e sábados, domingos e feriados, das 12h às 17h. Gratuito.