“Domingo, eu vou ao Maracanã. Vou torcer pro time que sou fã.” Difícil encontrar algum carioca que não saiba cantar o samba O Campeão, de Neguinho da Beija-Flor, lançado em 1980, que se transformou em um hino não oficial dos estádios por todo o Brasil. Essa e tantas outras canções vindas das arquibancadas são parte do que torna um jogo de futebol um espetáculo tão magnífico.
Todo amante do futebol concorda que a torcida é o algo a mais da partida, é o 12º jogador. Seja no Maracanã ou nos pequenos estádios da Zona Oeste ou do subúrbio da cidade, como o Moça Bonita (em Bangu) e o Conselheiro Galvão (em Madureira), sempre acompanha o time com instrumentos de percussão, charangas, bandeiras e muitas vozes.
Nos gramados e fora deles
A história das torcidas acompanha a fundação dos grandes clubes da cidade e o surgimento das competições. O primeiro campeonato oficial do Brasil, o Campeonato Paulista de Futebol, foi realizado em 1902. No mesmo ano, no Rio de Janeiro, a fundação do Fluminense Football Club estimulava a criação de uma liga carioca. O time foi o responsável por começar a organizar o futebol na cidade. A partir de 1904, nasceram novos clubes, como o Botafogo e o América, e, em 1906, o primeiro Campeonato Carioca foi disputado. Em 1912, o Clube de Regatas do Flamengo, forte no remo, se expandiu para os gramados. Em 1915, o Vasco da Gama trilhou o mesmo caminho.
Em 1942, surgiu no Flamengo o primeiro embrião de torcida organizada carioca: a Charanga, fundada pelo baiano Jaime de Carvalho, também chefe da torcida do Brasil. Segundo o historiador Bernardo Buarque de Hollanda, em entrevista ao site da Revista de História da Biblioteca Nacional, foi Jaime quem incorporou o uso de instrumentos rítmicos e de sopro, que levaram a alma do carnaval para as arquibancadas. O jornalista Mário Filho, um entusiasta desse fenômeno dos estádios, criou um concurso de torcidas, as quais, além de tocar marchinhas, jogavam confete e serpentina.
Também em 1942, Lamartine Babo compôs os hinos populares do Flamengo, do Fluminense, do Botafogo, do Vasco, do Bangu, do Bonsucesso, do Madureira, do Olaria, do São Cristóvão e do América, seu time de coração. Todos são cantados até hoje. A partir de então, cada clube carioca passou a ter sua torcida e seu chefe, que era sempre uma figura carismática, como o Tarzan do Botafogo, a Dulce Rosalina do Vasco e o Paulista do Fluminense.
Pós-Maracanã
Com a construção do Maracanã, em 1950, algumas mudanças aconteceram e, como o campo ficava muito longe da arquibancada, a ideia do canto coletivo ganhou força. Os torcedores começaram a abandonar os pratos e os instrumentos de sopro – priorizando a percussão e a bateria para ditar o ritmo das canções – e também a parodiar letras de sambas-enredo, como Pega no Ganzê, do Salgueiro, e Domingo, da União da Ilha. Bernardo Buarque conta que, nos anos 1970, houve um grande crescimento desses grupos e que, a cada jogo, uma nova organização, representando um bairro específico, aparecia nos estádios.
As torcidas organizadas cresceram significativamente na primeira metade da década de 1990, criando nos estádios a atmosfera que conhecemos hoje em dia. Responsáveis pela confecção de faixas, de bandeiras e pela composição de novas músicas, motivam os torcedores não afiliados a cantarem e a incentivarem o time durante todo o jogo.
Em agosto de 2014, o jornal Lance!, em parceria com o Ibope, divulgou um novo ranking das maiores torcidas do futebol nacional. Entre os principais times cariocas, o Flamengo lidera a lista, com 32,5 milhões de torcedores, o Vasco é o quinto colocado, com 7,2 milhões, seguido pelo Fluminense, em 11º, com 3,6 milhões, e pelo Botafogo, em 12º, com 3,4 milhões.
Em 2012, a Prefeitura do Rio de Janeiro, por meio do Decreto nº 35.877, declarou as torcidas Patrimônio Cultural Carioca de natureza imaterial. O decreto leva em consideração o futebol, mais do que prática atlética, como uma manifestação cultural e social. Também considera atributo estético universal as distintas manifestações artísticas e culturais que fazem referência ao futebol e às torcidas cariocas.
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