Quando se fala de barroco brasileiro, é impossível não citar o artista mais icônico do período: Antônio Francisco Lisboa. Morto há 200 anos, em 18 de novembro de 1814, Aleijadinho – como ficou conhecido – só ganhou reconhecimento internacional na segunda metade do século XX. O renome alcançado se deve, principalmente, a Germain Bazin, ex-conservador-chefe do Museu do Louvre (Paris), que se referiu a ele como “o último grande escultor do mundo ocidental” em um livro publicado após ter ido a Ouro Preto em 1963. A Escola Municipal Antônio Francisco Lisboa, de Guadalupe (6ª CRE), homenageia o artista.
O lugar de honra de Aleijadinho no panteão dos grandes artistas plásticos nacionais foi concedido bem antes disso pelos brasileiros. Em 1919, Mário de Andrade partiu para Minas Gerais com o objetivo de estudar a arquitetura colonial barroca. Depois disso, publicou o estudo A Arte Religiosa no Brasil, em que flagrou indícios de uma manifestação artística “genuinamente brasileira”, com destaque para Ouro Preto e as obras do escultor – e também arquiteto, pois ele projetou várias fachadas de igreja.
Em 1924, uma caravana de artistas do movimento modernista saiu em direção às cidades históricas mineiras, em busca de nossas matrizes culturais. O resultado da viagem foi a revelação, para o país, da “brasilidade” das obras de Aleijadinho e do patrimônio arquitetônico barroco de Minas, definidos por eles como uma das mais preciosas manifestações das raízes artísticas brasileiras. Quatro anos mais tarde, Oswald de Andrade ainda escreveu a poesia Ocaso, em que destacou o monumentalismo da obra de Antônio Francisco Lisboa:
“No anfiteatro de montanhas
Os profetas do Aleijadinho
Monumentalizam a paisagem
[...]”
A relação que o modernismo estabeleceu com a obra de Aleijadinho não foi a de um mero ufanismo. Vários estudiosos afirmam que ele realmente abrasileirou os cânones do barroco europeu. Por exemplo, para o museólogo Orlandino Seitas, antigo diretor do Museu da Inconfidência, a arte de Antônio Francisco Lisboa parecia querer afirmar um sentimento nacionalista, diante das várias revoltas contra o regime colonial português, como a Inconfidência Mineira, que o escultor presenciou.
Vida e obra
Em razão da escassez de acervo documental, a vida e a obra do artista ainda são recobertas de várias dúvidas. Uma delas é sobre a sua data de nascimento. Segundo a certidão de batismo, foi em 29 de setembro de 1730, na então cidade mineira de Vila Rica (atual Ouro Preto). A certidão de óbito, contudo, afirma que ele morreu aos 76 anos, em 1814, e, por esse motivo, o Museu Aleijadinho passou a adotar o ano de 1738 como data oficial de nascimento.
Antônio Francisco Lisboa era filho de uma escrava de nome Isabel e de seu proprietário, o arquiteto português Manoel Francisco, que o alforriou quando ainda era bebê. A formação artística é outro ponto obscuro de sua biografia, mas muitos acreditam que ele começou a aprender o ofício com o pai e o tio Antônio Francisco Pombal, entalhador, para, depois, aprofundar seus conhecimentos com outros mestres, como o pintor e desenhista João Gomes Batista, bastante renomado na época.
Em meio a uma biografia cercada de mitos e controvérsias, há um consenso de que Aleijadinho gozou de boa saúde até cerca de 40 anos – “Era dado aos vinhos, às mulheres e aos folguedos”, diz seu primeiro biógrafo, Rodrigo Bretas. Foi a partir dessa idade que ele começou a ser acometido por uma doença degenerativa, que deformou totalmente seu corpo. Lepra? Sífilis? Encefalite? Na verdade ninguém sabe. Mas o que sempre correu de boca em boca, desde então, é que, ao ter os membros superiores e inferiores atrofiados, passou a andar de joelhos e a esculpir com o cinzel e o martelo amarrados no pulso. Segundo o poeta Manuel Bandeira, para não expor sua aparência horrenda, ele sempre estava envolto em uma ampla capa e um enorme chapéu.
A identificação dos trabalhos não tem sido, igualmente, uma tarefa muito fácil para os pesquisadores, pois, na época, os artistas não assinavam suas criações. Alguns dividem a obra em duas fases: antes e depois da enfermidade. A primeira se caracterizaria por uma produção mais serena e equilibrada. A segunda, por um espírito mais expressionista, tomado por uma revolta política contra a metrópole colonialista, revelada nas imagens deformadas de senhores brancos e capitães romanos. Para Beatriz Coelho, professora de Conservação e Restauração de Bens Culturais da Universidade Federal de Minas Gerais, ela se divide em três fases: entre 1760 e 1774, marcada por estilo indefinido; entre 1774 e 1790, caracterizada pela firmeza e idealização das imagens; e entre 1790 e 1814, ano de sua morte, quando a estilização chega a extremos e as figuras expressam forte espiritualidade e sofrimento.
O trabalho mais conhecido e bem reputado de Antônio Francisco Lisboa é o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo, Minas Gerais. Erguido na segunda metade do século XVIII e declarado Patrimônio Mundial pela Unesco em 1985, é o último empreendimento de grande porte de Aleijadinho e foi encomendado pelo português Feliciano Mendes, em pagamento de uma promessa que fez para curar-se de uma enfermidade.
O santuário inclui a igreja; os passos, com seis capelas e 76 esculturas de madeira; e o adro, com muros, escadaria e os 12 profetas do Antigo Testamento (Isaías, Jeremias, Baruc, Ezequiel, Daniel, Oseias, Joel, Abdias, Amós, Jonas, Habacuque e Naum). Dispostas de maneira “harmoniosamente assimétrica”, as esculturas do adro, talhadas em pedra-sabão, ocupam lugar de destaque no rol das pérolas da arte colonial brasileira.
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