ACESSIBILIDADE
Acessibilidade: Aumentar Fonte
Acessibilidade: Tamanho Padrão de Fonte
Acessibilidade: Diminuir Fonte
Youtube
Facebook
Instagram
Twitter
Ícone do Tik Tok

Rio é recordista brasileiro de arte a céu aberto
18 Julho 2016 | Por Sandra Machado
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Whatsapp
Arcos da Lapa (Fonte: Wikimedia Commons)

Cercado por uma beleza que generosamente se mostra a visitantes e moradores, o carioca imita a natureza, com sua personalidade tipicamente extrovertida. Talvez isso explique o desenvolvimento de um senso estético apurado, capaz de harmonizar a paisagem com criações da mão humana, até mesmo quando essa não era a intenção original. Isso já vem de longe, e começa com um marco que continua sendo apreciado até os dias de hoje – os Arcos da Lapa. Inaugurado em 1750, o aqueduto tinha, originalmente, apenas o objetivo de criar um sistema de abastecimento regular para a população, levando água potável da Serra da Carioca ao Centro. Era só o início de um acervo que reúne centenas de criações, distribuídas por diversos bairros.

Eco e Narciso: pioneirismo na fundição de estátuas no país

Originários da mitologia grega, os personagens inauguraram a tradição de escultura pública não religiosa na cidade. As peças faziam parte de um conjunto apelidado de Chafariz das Marrecas, que foi encomendado ao Mestre Valentim pelo vice-rei Dom Luís de Vasconcelos e Sousa e colocado no principal acesso ao Passeio Público, em 1785, para embelezar a capital do Brasil colônia. Até então, apenas armas eram fundidas na Casa do Trem, que funcionava onde hoje se localiza o Museu Histórico Nacional. Após a demolição do chafariz, em 1896, as obras foram transferidas para o Jardim Botânico, onde, por muito tempo, permaneceram guardadas. No ano passado, após uma restauração, ganharam um espaço de exposição permanente, batizado com o nome de seu autor, e que tem visitação gratuita.

Primeiro monumento cívico

Com a instalação da família real no Rio de Janeiro, em 1808, se multiplicaram as estátuas de mármore e de ferro fundido. O monumento que abriu o período de homenagem aos heróis nacionais foi a Estátua Equestre de Dom Pedro I, inaugurada por Dom Pedro II em 1862, na Praça Tiradentes. Na base da escultura forjada na França, estão representados quatro rios brasileiros – Amazonas, Paraná, Madeira e São Francisco –, além de indígenas, animais selvagens e plantas nativas.

Cuauhtémoc (Fonte: Rio Arte Cidade)

Doação iniciou estilo art déco na cidade

A estátua do guerreiro Cuauhtémoc foi doada pelo governo mexicano por ocasião do Centenário da Independência, em 1922. O pedestal com cinco metros de altura também tem grande relevância no conjunto. Sua base é adornada por quatro cabeças de uma divindade asteca, sendo que o granito foi especialmente escolhido por ter sido muito utilizado naquela sociedade. O monumento fica na praça de mesmo nome, entre os bairros do Flamengo e de Botafogo, que recebeu posteriormente tratamento paisagístico de Roberto Burle Marx.

O Manequinho e o futebol

A estátua do menino que urina em uma bacia é a versão de Belmiro de Almeida para o Manneken Pis, atração turística na Bélgica. Quando apareceu na Cinelândia, em 1910, escandalizou a sociedade conservadora, o que culminou com sua retirada do local, três anos mais tarde. Só em 1927 voltou a público, desta vez em uma praça em frente ao Mourisco, no bairro de Botafogo. Trinta anos mais tarde, quando o alvinegro se sagrou campeão carioca, o Manequinho foi definitivamente adotado pela torcida e vestido, pela primeira vez, com a camisa do time de futebol. Desde a restauração da sede social do clube, em 1994, a estátua está na Avenida Venceslau Brás, devidamente tombada pelo município.

Arte contra o trabalho infantil

Pequeno Jornaleiro (Fonte: Rio Arte Cidade)

Mandar fazer uma estátua do Pequeno Jornaleiro partiu do extinto jornal A Noite. Inaugurada pelo prefeito Pedro Ernesto em junho de 1933, a peça fazia parte de uma campanha que pretendia despertar a atenção da sociedade para questões sociais urgentes. Esse movimento teria começado a partir de uma entrevista concedida pelo compositor e pintor Heitor dos Prazeres à publicação, na qual emocionou os leitores ao contar sobre sua infância humilde no bairro do Estácio. O modelo para a obra de Anísio Mota, até hoje na Rua Sete de Setembro, foi o garoto José Bento de Carvalho, que, com apenas 10 anos, cantava pelas redondezas para atrair o público, enquanto vendia uns poucos exemplares.

Homenagem às mães

 

O ministro Gustavo Capanema encomendou ao escultor Celso Antônio algumas esculturas que deveriam compor os jardins do Ministério da Educação e Cultura, no Centro. Entre elas, Maternidade, de 1943, feita em granito e, posteriormente, transferida para os jardins da Praia de Botafogo. Marca registrada do artista, a figura da mãe – que olha com ternura para o bebê em seus braços – mostra traços fisionômicos característicos da miscigenação cultural brasileira, uma grande novidade para a época. Até então, prevalecia na arte nacional a referência-padrão do perfil greco-romano.

Mural de Cândido Portinari (Fonte: Rio Arte Cidade)

Peixes e mais peixes

Nas paredes externas do prédio do mesmo ministério, também chamado de Palácio Gustavo Capanema, se destaca uma preciosidade de Candido Portinari. O mural, que reproduz a vida marinha, é considerado como uma das mais belas e expressivas manifestações do modernismo, a ponto de inspirar Roberto Burle Marx na concepção de um painel para o clube do Vasco da Gama, na Lagoa, cinco anos depois.

Patriotismo em concreto

Com o imponente nome de Monumento à Juventude, uma obra de arte localizada na Praça Garrastazu Médici, no Maracanã, desde 1974, serve de marco para o período da ditadura militar (1964-1985). De contornos geométricos, a peça de Haroldo Barroso foi estrategicamente colocada junto a uma passarela de acesso ao Estádio do Maracanã, bem próximo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Retângulo Vazado (Fonte: Rio Arte Cidade)

Esculturas Urbanas

Em meados da década de 1990, o programa assim batizado pela Prefeitura realizava concursos para a instalação de obras pela cidade. Franz Weissmann, que já trabalhava em prol da arte pública desde a década de 1950, deixou também a sua contribuição. Retângulo Vazado, por exemplo, estabelece um forte contraste com o Real Gabinete Português de Leitura, que fica logo adiante.

Cultura do spray

Uma das mais modernas formas de expressão artística nas ruas do Rio é o grafite com base no design. Como o trabalho do artista Toz, fundador do grupo Fleshbeck Crew. Apesar de exposto à degradação natural, esse tipo de arte pública já tem recebido curadoria. Recorrente nos muros das grandes metrópoles, a forma de expressão contemporânea é capaz de mesclar diferentes linguagens visuais com uma forte simbologia social, onde quer que se encontre.

Fontes: Site Rio Arte Cidade e Site EBC

 
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Whatsapp