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Educação municipal na luta pelos direitos da mulher
03 Outubro 2018 | Por Márcia Pimentel
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Mulher 400
Foto Alberto Jacob Filho, 2018, MultiRio

O Comitê de Gênero da Educação, criado em 2007 pela Secretaria Municipal de Educação (SME), realizou, no dia 28 de setembro, um evento que reuniu, além de alunos e professores, feministas e representantes de instituições de defesa dos direitos das mulheres. O encontro aconteceu no auditório do Centro Administrativo São Sebastião e foi a culminância do Projeto Mulher Cidadã: Eles por Elas, Elas por Elas, Todos por Todas, que consistiu no debate sobre a questão feminina nas escolas e na produção de vídeos sobre o tema pelos estudantes da Rede.

Segundo a coordenadora do Comitê, Waléria de Carvalho, a finalidade do projeto foi introduzir, entre as crianças e os adolescentes, a discussão sobre o combate à violência contra as mulheres, com foco no respeito: “Nosso objetivo foi o de multiplicar a reflexão sobre esse tema tão importante, em especial porque, nesse momento do país, o debate sobre as questões de gênero tem tomado feições radicais”. Os vídeos foram exibidos no início do evento e eram o resultado das reflexões realizadas pelas unidades de ensino.

Empoderamento feminino

A subsecretária municipal de Direitos das Mulheres, Comba Porto, feminista de longa data, falou aos alunos, durante o evento, sobre a importância da luta por direitos específicos: “Foi uma grande batalha conseguir escrever, na nossa Constituição, que homens e mulheres são iguais perante a lei. Muitos constituintes achavam que bastava escrever a palavra ‘todos’. Mas sabíamos que, numa sociedade machista, era fundamental que a igualdade dos direitos constasse de forma explícita. Na primeira Constituição da República, estava escrito que ‘todos’ tinham direito a voto. Na verdade, ‘todos os homens’, porque só em 1932 é que a mulher votou pela primeira vez”.

Mulher Comba
A subsecretária municipal de Direitos da Mulher, Comba Porto, durante o evento. Foto Alberto Jacob Filho, 2018, MultiRio

Ela também lembrou da conquista dos 120 dias de licença-maternidade: “Diziam que isso nos expulsaria do mercado de trabalho”. E ainda frisou: “É fundamental entendermos que nós, mulheres, precisamos nos empoderar para que a lei não seja apenas letras”.

Para a presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, Helena Piragibe, também presente ao debate, tal empoderamento passa pela Educação: “Estudar nos dá autonomia financeira e de pensamento, nos leva a enxergar outros horizontes. Não podemos permitir que nos neguem a universidade pública”.

Ocupação dos espaços de trabalho

Apesar de, no Brasil, as mulheres constituírem cerca de 80% da força de trabalho na Educação, o país só teve uma única ministra na área até hoje. Esse dado foi lembrado pela jornalista Flávia Oliveira, que defendeu a necessidade de ocupação dos cargos de decisão. Para as repórteres fotográficas Wania Corredo e Milla Dantas, as dificuldades das mulheres no mercado de trabalho são mais amplas. Segundo elas, na Copa do Mundo do Brasil, por exemplo, só havia duas fotógrafas do sexo feminino fazendo a cobertura dos jogos.

Para romper o cerco masculino na profissão, um grupo de mulheres brasileiras ligadas à imagem se uniu, em 2016, em busca de visibilidade e reconhecimento profissional. Organizaram-se na internet e nas redes sociais e, aos poucos, têm conseguido avançar. “Falar é uma coisa, posicionar-se é outra, lutar para conquistar é outra ainda mais relevante”, observou Flávia Oliveira.

Questão gay

Mulheres Dandara
A atriz e travesti Dandara Vital. Foto Alberto Jacob Filho, 2018, MultiRio

Na plateia, a atriz e travesti Dandara Vital, integrante do Projeto Damas, implementado em parceria com Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, disse ter sentido falta de mulheres travestis e transexuais no evento. Ao indagar aos alunos e professores presentes se havia ou não gays com esse perfil em suas escolas, ouviu um sonoro “sim”. “É fundamental sermos incluídas nesses debates, porque de 60% a 80% de nós não concluímos o Ensino Fundamental por causa do bullying e porque nossa expectativa de vida é de 27 anos. Precisamos mudar isso”, reivindicou.

O evento foi finalizado com uma apresentação musical de um grupo de alunas da E.M. Roma (2ª CRE), que cantou a música Juntas somos mais e abriu uma faixa em homenagem à vereadora assassinada Marielle Franco.

Abaixo, os vídeos produzidos pelos alunos da Rede para o Projeto Mulher Cidadã: Eles por Elas, Elas por Elas, Todos por Todas.

 
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