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Calendários e comemorações de Ano-Novo ao redor do mundo
26 Dezembro 2019 | Por Rosana Freitas*
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Ano-Novo lunar em Nova York em 2018 (Wikimedia Commons)

No Brasil, a influência do candomblé trouxe o costume de usar branco na noite de 31 de dezembro e pular sete ondas no mar, fazendo um pedido para cada. Os espanhóis comem 12 uvas, uma para cada badalada do relógio, e, na zona rural do Canadá, principalmente em Quebec, é comum passar a virada pescando no gelo com os amigos. Já em Sydney, na Austrália, existe uma queima de fogos às 21h para que as crianças possam participar da festividade sem deixar de dormir cedo.

Mas o Ano-Novo só acontece nessa data nesses locais porque todos são países ocidentais e adotam o calendário gregoriano. Esse calendário solar foi adotado pelo Papa Gregório XIII em 1582 para reestruturar o calendário juliano, criado pelo imperador romano Júlio César em 46 a.C. Ao perceber que, com o passar do tempo, a Semana Santa era comemorada cada vez mais tarde, Gregório XIII notou que o calendário juliano estava atrasado em relação às estações do ano e optou por retirar os dias de 5 a 14 de outubro naquele ano.

A duração do calendário gregoriano é de, geralmente, 365 dias divididos em 12 meses. Para manter o calendário ajustado com a translação da Terra, todo ano que for divisível por quatro ou quatrocentos recebe um dia extra, quando acontece o ano bissexto de 366 dias. Um evento físico que se repita sempre, em um mesmo intervalo de tempo, historicamente serviu como base para contar o tempo. Os calendários, em geral, se baseiam no ciclo do Sol e/ou da Lua, já que são os objetos celestes mais evidentes.

Atualmente, existem aproximadamente 40 calendários em uso no mundo e eles são classificados em três tipos: os solares, baseados no movimento de translação da Terra; os lunares, nos quais os meses lunares são indicados pelas fases desse corpo celeste; e os lunissolares, no qual os anos são baseados no movimento da Terra em torno do Sol e os meses, no movimento da Lua em torno da Terra.

Abaixo, conheça alguns calendários que são utilizados pelo mundo e os costumes de Ano-Novo dessas culturas.

Calendário chinês (Han)

Calendário chinês (Creative Commons)

Esse calendário lunissolar teve início com a chegada do imperador Huangdi, em 2637 a.C. Ele possui 354 ou 355 dias dividido em 12 meses com 29 a 30 dias. O ano inicia-se na segunda Lua nova depois do solstício de inverno – em 2020, o equivalente a 5 de janeiro no calendário gregoriano. Os chineses relacionam cada ano a um dos doze animais que, de acordo com a lenda, teria atendido ao chamado de Buda para uma reunião. Os doze animais foram transformados em signos do horóscopo chinês e, na ordem, são rato, boi/búfalo, tigre, coelho, dragão, serpente/cobra, cavalo, cabra/bode/carneiro, macaco, galo/galinha, cão e porco/javali.  Segundo a crença, os animais também recebem a influência dos cinco elementos fundamentais do Universo: metal, madeira, água, fogo e terra. No próximo ano, o animal vigente será o rato com influência do metal.

Uma das tradições chinesas de Ano-Novo são envelopes vermelhos, entregues pelos mais velhos ou casais aos mais novos e solteiros com uma quantia em dinheiro de número par e que devem ser mantidos sob o travesseiro durante sete dias após a virada do ano. Também existe o costume de usar roupas vermelhas ou de cores vibrantes para espantar espíritos malignos e a má sorte.

Calendário judaico (Luach)

Calendário judaico dos anos 1926 a 1937 (H.J. Heinz Company, publicado em 1920/Domínio público)

Também é lunissolar e composto por 12 meses que variam entre 29 e 30 dias. Cada ano judaico é 11 dias mais curto que o ano gregoriano. Para ajustar, foram criados anos bissextos que adicionam um mês. São sete anos bissextos a cada 19 anos. Os meses seguem as fases da Lua e iniciam a cada Lua nova. Os dias começam sempre com o surgimento da primeira estrela da noite, e não à meia-noite. Por isso, as festas e os feriados judaicos começam ao anoitecer. O luach foi criado há mais de 3.300 anos, quando, segundo tradições religiosas, Deus teria mostrado a Moisés a Lua nova duas semanas antes do início do êxodo dos judeus escravizados no Egito. Esse acontecimento marcou o primeiro mês do calendário que, de acordo o calendário gregoriano, seria o mês de março.

 

No entanto a contagem do Ano-Novo só se iniciou em setembro deste ano, quando, segundo a religião, o mundo e os primeiros seres humanos foram criados. No Rosh Hashaná – o Ano-Novo judaico – existem várias tradições, principalmente relacionadas a alimentos, como o consumo da maçã e do mel para atrair um ano doce. Outro costume é comer romã e desejar para o outro tantas bênçãos quanto as sementes da fruta. Também é importante a oração silenciosa só com o toque do shofar, instrumento sagrado feito com o chifre do carneiro.

Calendário muçulmano (islâmico)

Celebração do novo ano mulçumano na Índia (Lion Multimedia Production U.S.A./Creative Commons)

É o principal calendário lunar em uso atualmente. Teve início quando o profeta Mohammad (Maomé) foi de Meca para Medina, evento que também é o marco inicial da própria religião islâmica. No calendário gregoriano, corresponde ao ano de 622. Essa passagem recebe o nome de Hégira, que muitas das vezes é traduzida como fuga ou evasão. Nesse sistema, o ano tem 354 ou 355 dias e é formado por 12 meses, que representam os 12 ciclos completos da Lua. Cada mês se inicia na Lua Nova e tem de 29 a 30 dias. A cada ciclo de 30 anos lunares, existe uma alternância pré-estabelecida de 11 anos com 355 dias e 19 anos com 354 dias de duração. Considerando que o ano lunar é mais curto que o ano solar, os que seguem o calendário islâmico se encontram no ano de 1441, que teve início em 31 de agosto deste ano no calendário gregoriano.

A comemoração do Ano-Novo islâmico acontece por motivos religiosos e não pela virada do ano em si. Durante a época em que é comemorado, muçulmanos de todo o mundo se reúnem em Meca. A peregrinação é chamada de Hajj e é um momento para lembrar e celebrar as provações e triunfos do profeta Abraão ou Ibrahim, sendo obrigatória pelo menos uma vez na vida.

Calendário budista (tibetano)

É utilizado em países que seguem a religião, como Laos, Tailândia, Sri Lanka, Cambodja e Japão. São necessários alguns anos para estudar e aprendê-lo da forma tradicional. Dessa forma, não existem efemérides com dia certo onde se possa consultar, elas são calculadas de acordo com um modelo matemático para determinar e descrever o movimento dos planetas. Assim como os outros calendários, ele foi criado a partir de um evento importante, que, neste caso, foi a morte de Buda aos 80 anos em 483 a.C em Kushinagar, atual Índia. É um sistema lunissolar, de 12 meses, mas, de 3 em 3 anos – para se alinhar com o calendário gregoriano –, o ano possui 13 meses. Os meses possuem identificação numérica e têm 29 ou 30 dias, de acordo com a Lua. As estações do ano são divididas em três: quente, chuvosa e de ventania.

Práticas budistas celebram a chegada do novo ano (Creative Commons)

Existem também, nas práticas budistas, os dias que são considerados favoráveis e outros desfavoráveis para algumas atividades. O dia mais desfavorável é conhecido como “dia dos nove maus augúrios”, começa no sexto dia do 11° mês ao meio-dia e dura até o meio-dia do sétimo, onde começa o “dia dos dez bons augúrios”. O dia desfavorável acontece porque, segundo a tradição, uma pessoa tentou realizar muitas coisas positivas nesse dia e nove coisas ruins aconteceram com ela, porém, no dia seguinte, dez coisas boas aconteceram àquela pessoa quando continuou tentando fazer o que era positivo.

O Ano-Novo budista é uma grande celebração, porém diferente da que acontece no Ocidente, apesar de comemorarem na mesma data. Dentro dos templos, a noite começa com uma meditação e, um pouco antes da virada, todos os presentes tocam um  sino por pelo menos 108 vezes, representando os 108 obstáculos que devem ser ultrapassados. Os participantes também comem uma tigela de macarrão japonês com a intenção de obter sucesso e compartilham alimentos e bebidas após o sino e as preces.

*Rosana Freitas, estagiária, com supervisão de Adriana Nascimento.

 
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