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Os mangás e a sala de aula
24 Fevereiro 2014 | Por Márcia Pimentel
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mangá-astroboy2Ícone máximo da cultura pop do Japão, o mangá ocupa cada vez mais espaço no mercado editorial brasileiro de histórias em quadrinhos (HQs). Com uma narrativa bem mais lenta que as tradicionais HQs ocidentais, explorando ao máximo os detalhes psicológicos e físicos que movimentam cada ação do personagem e da narrativa, o mangá foi um dos principais instrumentos de reconstrução do “espírito japonês”, principalmente infantil, após a derrota do país na Segunda Guerra Mundial. Consumido por pessoas de todas as idades, o gênero, no Japão, também é amplamente utilizado como suporte ao ensino. E, no Brasil, também vem sendo adotado por alguns professores, como material auxiliar no desenvolvimento das linguagens.

O mangá, na forma como existe hoje, foi criado pelo desenhista Osamu Tezuka, influenciado pela ilustração tradicional japonesa e pelas HQs e desenhos animados ocidentais. Quem quiser saber mais sobre o surgimento do gênero e o trabalho do artista – que criou personagens como Astro Boy, entre outros – não pode deixar de visitar a exposição Tezuka, o Rei do Mangá, em cartaz no Centro Cultural Municipal Oduvaldo Vianna Filho, o Castelinho do Flamengo, até o dia 16 de março.

O mangá no ensino do Japão

A indústria de mangás, no Japão, é tão popular que consome cerca de 50% de todo o papel utilizado no país. As edições, a maioria semanal, são vendidas a preços bastante baixos e cada uma tem de 400 a 500 páginas, com cerca de 20 histórias de autores diferentes. Há também uma forte segmentação por sexo e faixa etária – dos 3 anos à terceira idade –, de forma que os traços e os efeitos visuais variam conforme o público-alvo. O shoujo mangá, por exemplo, endereçado às meninas adolescentes, apresenta histórias românticas, com traços e efeitos visuais bem mais delicados e leves que o shounen mangá, especializado em histórias de aventura para os meninos da mesma idade.

mangá-doraemon3Uma parte bastante representativa do segmentado mercado é direcionada às edições de cunho educativo, publicadas conforme o calendário escolar de conteúdos. Os mangás tornaram-se, inclusive, ferramentas fundamentais no ensino da Língua Japonesa, da Educação Infantil ao Ensino Médio. É que os ideogramas necessitam de décadas de ensino até serem totalmente compreendidos e, para auxiliar esse processo de aprendizagem, os mangás colocam o sistema silábico japonês ao lado dos ideogramas, ensinando o leitor a pronunciá-los.

Há também um número considerável de mangás de muito sucesso voltados ao ensino de Ciências e de História. O jidai mono mangá, que relata eventos e personagens históricos do país com grande riqueza de detalhes, é praticamente uma indústria à parte. Nos mangás direcionados ao ensino de Física, Biologia e Química, os personagens explicam, com linguagem acessível, vários assuntos das matérias.

No Brasil

mangá-páginaEmbora, no Brasil, os quadrinhos ainda não tenham estabelecido parceria tão estreita com o ensino das diversas disciplinas, a linguagem do gênero vem sendo cada vez mais enfocada nos livros didáticos de Língua Portuguesa e nas provas do Enem. Várias obras literárias também vêm sendo reeditadas em linguagem de quadrinhos.

A coordenadora pedagógica e consultora da MultiRio Adriana Guedes, entusiasta do uso dos quadrinhos em sala de aula, diz que o gênero ajuda a trabalhar inúmeras habilidades dos alunos, a juntar conhecimentos, a desenvolver a coerência, a síntese e muitas outras coisas. “O tipo de balão, o tipo de letra, a expressão dos personagens, o texto... Cada um desses elementos tem uma função. Isso é muito fascinante para eles, os ajuda a se expressar e a elevar a sua autoestima”, diz ela.

A versão oriental dos quadrinhos também tem sido útil em sala de aula. Segundo Adriana, por meio dos mangás, os alunos entram em contato com uma forma bastante distinta de desenvolver a história. O tempo e o espaço, por exemplo, são tratados de maneira totalmente diferente das HQs ocidentais. “O melhor de tudo isso é que chegamos a várias questões conceituais de forma bastante simples”, avalia a coordenadora pedagógica.

 
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