Um dos maiores desafios que o século XXI impôs à humanidade foi cuidar do planeta e agir de forma sustentável, com o menor impacto possível no meio ambiente. As mudanças começaram a ser praticadas por empresas e indivíduos, que estão transformando os hábitos para se readequar aos novos tempos. Pensando nisso, as secretarias municipais de Educação e de Meio Ambiente criaram o projeto Escolas Sustentáveis.
Lançado em 29 de abril na E.M. Rodrigo Otávio (11ª CRE), o projeto tem por objetivo promover a consciência ambiental nos alunos para tornar a cidade mais sustentável. Além dessa escola, outras cinco unidades da Rede são contempladas: E.M. Antenor Nascentes (6ª CRE), E.M. Claudio Besserman Vianna (7ª CRE), E.M. Mário Paulo de Brito (4ª CRE), E.M. Castro Alves (9ª CRE) e E.M. Francisco de Paula Brito (2ª CRE).
O projeto equipa as escolas com recipientes para a coleta de óleo vegetal e resíduos eletrônicos, como pilhas e baterias; postes de luz híbridos – eólicos e fotovoltaicos, que aproveitam o vento e a luz do dia para gerar energia; painéis fotovoltaicos, horta, compostagem e coleta seletiva. Também acontecem palestras com alunos, funcionários e professores sobre os cuidados com o meio ambiente.
Alunos cultivam o próprio alimento
Na E.M. Rodrigo Otávio, na Ilha do Governador, os alunos plantam, cultivam e colhem hortaliças no pátio da unidade. Os alimentos vão para a cozinha, onde são preparadas saladas e sucos pelas cozinheiras. Depois disso, é sentar-se no refeitório e saborear refeições ricas em nutrientes e vitaminas.
Desde 1° de abril, os alunos se empenham no cuidado com a horta. De lá para cá, o espaço já foi ampliado e novas sementes passaram a germinar no solo.
“Já colhemos couve e três tipos de alface: crespa, lisa e roxa. Também foram plantados chicória, rúcula, espinafre, quiabo, cenoura, chuchu e maracujá. A Secretaria de Meio Ambiente forneceu algumas sementes, mas também ganhamos muitas”, comemora a diretora Margareth Soares da Rocha.
A escola é modelo para outras, pois é a única que possui todos os itens do projeto. Para incentivar a participação da comunidade escolar, a Comlurb e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente ofereceram palestras, e na E.M. Rodrigo Otávio foram confeccionados cartazes sobre o tema. Em pouco mais de dois meses, os resultados já começaram a aparecer.
“Os alunos já estão criando uma nova maneira de pensar, e nós, educadores e professores, também. Eu mesma trago material para a escola e as crianças trazem papelão, lixo reciclável, além de óleo usado”, diz Margareth.
Projeto de Ciências ensina os alunos a reutilizar materiais
Outra escola da Rede Municipal a participar do projeto é a E.M. Antenor Nascentes, no Parque Anchieta. Lá, estão disponíveis recipientes para a coleta de óleo, baterias de celulares, computadores e pilhas. Como parte do projeto, a unidade também promoveu palestras com órgãos da Prefeitura para aprender a lidar com o lixo.
Em conjunto com o Escolas Sustentáveis, outra ação é desenvolvida dentro da unidade, o Laborartes. Criado pelas professoras de Ciências Ellen de Oliveira Abreu e Ana Baptista, ensina aos alunos diversas atividades dentro e fora do laboratório, como o manejo correto do lixo orgânico e inorgânico, a reciclagem de materiais e a fabricação de produtos de limpeza. “Fazemos oficinas com óleo usado e ensinamos a criar sabão e detergente. Esses itens serão usados dentro da escola”, diz Ellen.
No dia 28 de junho, os produtos ficaram expostos em um evento na escola. No mesmo dia, os alunos criaram um mosaico ecológico com itens recicláveis, após terem escolhido uma paisagem como inspiração.
Dentro da Antenor Nascentes também há três hortas: duas verticais – feitas com garrafas PET e canos de PVC – e outra no chão. Ali são plantadas cebolinha, couve, erva-doce e coentro, mas ainda não foi possível colher as hortaliças.
Para a coordenadora pedagógica Denise Dourado, aos poucos, os resultados dos trabalhos estão aparecendo.
“Em uma turma de 40 alunos, tem crianças que se destacam mais, que estão se empenhando. Alguns, por exemplo, estão indo mais à horta para irrigar as plantas.”
Linha pedagógica da E.M. Claudio Besserman Vianna é ligada à sustentabilidade
Quando o projeto Escolas Sustentáveis chegou à E.M. Claudio Besserman Vianna, em Rio das Pedras, o tema sustentabilidade não era tão novo assim. Isso porque desde a inauguração da escola, em 2008, os alunos já estão familiarizados com o assunto, devido ao projeto político-pedagógico de lá, intitulado “Afinal, que planeta é esse? Preservando o mundo em defesa da vida”.
Com a inauguração do projeto Escolas Sustentáveis, o trabalho que já vinha sendo realizado ganhou mais força. De todos os itens do projeto, as placas solares são os únicos materiais ainda não instalados. A escola, que já tem um pomar, ganhou de presente uma horta com 20 canteiros, onde estão plantadas mudas de couve, salsinha, cebolinha, quiabo, entre outras.
De acordo com a diretora Maria da Silva de Jesus Maia, alunos, pais e professores têm contribuído, mas é preciso mais mobilização.
“Muitas pessoas trazem celulares velhos, pilhas, baterias, mas ainda estamos sentindo falta de as pessoas trazerem garrafas com óleo usado. A captação está difícil e, por isso, pensamos em criar uma gincana com os alunos.”
Outra ideia que vai entrar em ação é a confecção de cartazes ecológicos. O intuito é que tudo que for produzido dentro da unidade seja feito com materiais recicláveis. Antes do recesso escolar, está programada uma festa julina ecológica.
Assim como em outras escolas, já é possível notar uma mudança no comportamento das crianças desde que o projeto foi implantado, principalmente em relação ao lixo.
“Existe um cuidado maior com a escola. Hoje, eles não jogam tanto lixo no chão na parte externa, como acontecia antes. Estamos construindo um novo comportamento, que é para a vida toda”, diz a diretora.
No Irajá, preservação da água e coleta seletiva são temas dos trabalhos
Na E.M. Mário Paulo de Brito, no Irajá, a execução do projeto Escolas Sustentáveis ainda está em fase de adaptação. Lá, funciona um posto de descarte para óleo usado e materiais eletrônicos, tem coleta seletiva, além de duas placas fotovoltaicas instaladas no teto da unidade. Embora os alunos estejam contribuindo, levando itens para reciclar, a diretora da unidade, Silvia Santos Amorim, percebeu a necessidade de criar um projeto paralelo, para trabalhar o tema com mais profundidade.
Ainda sem nome, a ação foca nas quatro turmas de 7° ano. A primeira fase consiste na leitura de textos simples sobre o que é a sustentabilidade na sociedade e como ela pode ser desenvolvida dentro do ambiente escolar.
A etapa seguinte compreende a divisão de cada turma em grupos de seis alunos, que deverão fazer trabalhos sobre os temas: uso consciente da energia elétrica e a reutilização da água; a reutilização de materiais recicláveis; a coleta seletiva e os três Rs – reduzir, reutilizar e reciclar.
“Vou trabalhar esse projeto junto com o professor de Artes, para desenvolvermos a parte artística dos trabalhos. A ideia é que, após todo esse processo, seja feita uma culminância para expor o que foi criado pelos alunos. Queremos que eles sejam os protagonistas desse projeto”, diz o professor de Língua Portuguesa Alexandre Barboza, um dos coordenadores da ação.
Em Campo Grande e na Rocinha, o projeto ainda está tímido
Em Campo Grande, na E.M. Castro Alves, o projeto está começando a ser desenvolvido com os alunos. Assim como em outras unidades, lá também existem recipientes para o depósito de resíduos eletrônicos, além da coleta seletiva. No dia a dia, os alunos descartam, por exemplo, canudos e latas de refrigerantes, além de levarem materiais de casa para a escola.
De acordo com a coordenadora pedagógica Nilceia Lima, cada ano da escola ficou responsável por trabalhar um tema ligado à sustentabilidade. A Educação Infantil vai receber ajuda de um morador local para criar uma sementeira, que dará início à horta. Já o 4° ano estudará a importância de se preservar a água; o 5° ano vai focar os trabalhos na reciclagem; e o 6° ano concentrará os estudos na matriz energética do país, procurando saber como funciona a divisão.
Outra estratégia para aproximar os estudantes do projeto Escolas Sustentáveis é a participação de antigos alunos, que hoje estão na universidade, para falarem sobre as áreas estudadas pelas crianças.
“Vimos que temos ex-alunos nossos que podem ajudar. Um estuda Engenharia Elétrica; outro, Engenharia Ambiental; e outra é de Engenharia Química. Ainda estamos tentando conversar com uma menina que faz Biologia, para que ela também possa vir”, explica Nilceia, acrescentando que deseja fazer uma feira de sustentabilidade, ainda sem data definida.
Na E.M. Francisco de Paula Brito, na Rocinha, já chegaram os tonéis para a coleta de óleo, pilhas e baterias; foram instalados quatro holofotes abastecidos de energia fotovoltaica, responsáveis por iluminar a fachada da escola; e as placas fotovoltaicas também já estão colocadas no teto.
Apesar dos materiais já terem chegado à unidade, a diretora adjunta Noemi Mariz conta que, até agora, houve apenas uma palestra sobre como funcionam as placas. A escola também já realizou o pedido para a instalação de uma horta, mas ainda não teve resposta à solicitação.
“Estamos muito felizes de termos sido uma das escolas escolhidas, mas ainda faltam coisas para fazer. Acredito que tenha que haver mais divulgação na comunidade para o projeto começar a andar. Espero que, depois dos Jogos Olímpicos, ele ganhe mais força e os alunos se envolvam mais”, diz Noemi.
*Beatriz Calado, estagiária, com supervisão de Regina Protasio.