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Bertha Lutz, pioneira na defesa dos direitos da mulher
12 Agosto 2014 | Por Luís Alberto Prado
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LutzMaior representante da luta pelos direitos políticos das mulheres brasileiras no século XX, a bióloga paulista Bertha Maria Julia Lutz, nascida em 2 de agosto de 1894, consagrou-se como uma das principais figuras do feminismo e da educação no país. Filha de Adolfo Lutz, precursor da Medicina Tropical, e de Amy Fowler, enfermeira inglesa, Bertha se formou, em 1918, em Ciências Naturais pela Universidade de Sorbonne, em Paris.

De volta ao Brasil, aos 24 anos, tornou-se defensora incansável dos direitos da mulher, após conhecer de perto os movimentos feministas na Europa e nos Estados Unidos. Suas ideias começaram a se popularizar a partir da publicação de um artigo em resposta a um colunista de um jornal carioca, segundo o qual os progressos femininos nos Estados Unidos e na Inglaterra não exerciam grande influência na vida das mulheres brasileiras. Em sua contestação, veiculada na Revista da Semana, em dezembro de 1918, Bertha conclamava as mulheres brasileiras a fundarem uma associação para lutar por seus direitos.

Reputação internacional

Em 1919, prestou concurso para bióloga do Museu Nacional e tornou-se a segunda brasileira a ingressar no serviço público. Lá trabalhou por 46 anos, construindo uma reputação internacional como cientista, e foi reconhecida por sua valiosa contribuição na pesquisa zoológica, voltada para espécies anfíbias brasileiras. Nada disso, porém, atrapalhava sua militância.

Bertha Lutz elaborou, por aqui, as bases do feminismo, cuja primeira luta foi o direito de voto da mulher. Com sua liderança, esse direito, uma das mais importantes vitórias da cidadania feminina, foi assegurado no texto da Constituição Federal de 1934.

Tornou-se advogada em 1933 pela Faculdade do Rio de Janeiro (hoje, Universidade Federal do Rio de Janeiro). Um ano depois, foi eleita suplente de deputado federal, assumindo o mandato em 1936, na vaga deixada pelo falecimento de Cândido Pessoa. No parlamento, tinha como plataforma a implantação de mudanças na legislação referentes ao trabalho da mulher e do menor. Naquela época, Bertha já falava em igualdade salarial, licença de três meses para a gestante e redução da jornada de trabalho, então de 13 horas diárias.

Com o golpe do Estado Novo e o consequente fechamento do Congresso Nacional, em 1937, Bertha continuou a carreira em órgãos públicos até se aposentar, em 1965. Durante esse período, integrou oficialmente diversas delegações do Brasil em conferências internacionais.

Proteção às florestas

Em paralelo à militância política, a cientista sucedeu a educadora Leolinda de Figueiredo Daltro – feminista, indigenista baiana e fundadora da primeira escola de enfermeiras do Brasil –, organizando o primeiro congresso feminista do país, na Organização Internacional do Trabalho (OIT). Além disso, fundou a União Universitária Feminina, a Liga Eleitoral Independente, em 1932, e, no ano seguinte, a União Profissional Feminina e a União das Funcionárias Públicas.

Buscando conciliar a atividade política com seu interesse profissional, Bertha aproveitava sempre as viagens ao exterior para realizar estudos referentes à sua especialidade. Manteve-se fiel à luta das mulheres pela cidadania no decorrer da segunda metade do século. Ainda como cientista, participou da elaboração da legislação de proteção às florestas, nos anos 1950.

Berta Lutz 2Viveu o suficiente para ver aprovadas algumas de suas ideias, que julgava necessárias para permitir às representantes do sexo feminino alcançar a condição de igualdade com os homens. Em 1975, Ano Internacional da Mulher, estabelecido pela ONU, Bertha foi convidada pelo governo brasileiro a integrar a delegação do país no I Congresso Internacional da Mulher, realizado no México. No ano seguinte, faleceu no Rio de Janeiro, em 16 de setembro de 1976, aos 84 anos.

Prêmio Bertha Lutz

Criado pelo Senado Federal, em 2001, o Diploma Bertha Lutz, também conhecido como Prêmio Bertha Lutz, foi instituído para contemplar mulheres que tenham contribuído na defesa dos direitos da mulher e em questões do gênero no Brasil. Outro tributo à sua memória aconteceu em março de 1979, com a inauguração da Escola Municipal Bertha Lutz (10ª CRE), em Pedra de Guaratiba, Zona Oeste do Rio de Janeiro.

 
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