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Como intensificar a cultura da participação nos estudantes em debate nos 30 anos da MultiRio
26 Outubro 2023 | Por Larissa Altoé
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Estudantes adolescentes estão no centro do palco. Há um apresentador à esquerda deles e, na frente, espectadores na plateia. Atrás, o cenário possui quadrados empilhados e coloridos. No meio do cenário, há o logotipo dos 30 anos da MultiRio.
Estudantes do GET Cardeal Leme participaram da produção da plataforma digital E Agora? da MultiRio e estiveram presentes no evento dos 30 anos da empresa (Foto: João Paulo Engelbrecht)

 

O evento comemorativo dos 30 anos da MultiRio, no Museu de Arte do Rio (MAR), na praça Mauá, em 18 de outubro, congregou autoridades municipais, professores, estudantes e funcionários da MultiRio em torno de palestras como “Construindo competências para o mundo atual: educação mediática na sociedade digital", com Sara Pereira, pesquisadora da Universidade do Minho, em Portugal; “A Escola e a Inteligência Artificial”, com Priscila Lima (UFRJ), e Adriana Bruno (UniRio); “GETs: abrindo as portas para a inovação”, com Adriano Giglio, subsecretário de Ensino, Débora Garofalo, diretora de Inovação da MultiRio, e professores articuladores dos colaboratórios. Além do lançamento de E agora? - um rolé digital, o mais novo projeto da MultiRio com a Secretaria Municipal de Educação (SME) e a Secretaria Municipal de Integridade, Transparência e Proteção de Dados (SMIT), rodas de conversa sobre boas práticas em midiaeducação e sobre a produção audiovisual de alunos da Rede Municipal de Ensino do Rio.

Abaixo, as principais contribuições das reflexões para o dia a dia da comunidade escolar.

Sara Pereira é pesquisadora do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho. Ela leciona sobre letramento midiático e tem como uma de suas principais áreas de investigação a relação entre crianças, jovens e a mídia.

“As pesquisas que desenvolvi revelaram que a cultura participativa de crianças e jovens é baixa. A relação com as mídias não é apenas uma questão de acesso, mas de desenvolver nas crianças e jovens a habilidade de usar a informação como conhecimento”, afirmou Sara.

Para a pesquisadora, a escola não pode ficar longe das “questões vivas”. O que está acontecendo no mundo da criança precisa ter lugar na sala de aula, defende Sara. “Os professores podem ajudar os estudantes a desenvolverem a capacidade de ler o mundo atual, que é profundamente midiatizado”, ressaltou ela.

Na educação infantil, Sara deu o exemplo da atividade que apresenta determinada história sob diversos pontos de vista, citando Chapeuzinho Vermelho (a história é diferente dependendo de qual personagem a conta – a vó, o lobo, chapeuzinho ou o lenhador). “Dessa forma, mostramos às crianças que a mesma história tem diferentes perspectivas e que se buscamos informações em fontes diversas, nossas chances de compreender melhor o que está se passando aumenta”, exemplificou ela.

Outra ideia trazida por Sara para promover a participação cidadã dos estudantes desde cedo é utilizar o início ou o fim da aula para abordar assuntos da atualidade na escola. “Pode-se pegar cinco minutos iniciais ou finais para que os estudantes respondam à pergunta: o que está acontecendo no mundo? De início, eles estranham, mas depois participam, se expressam, e é preciso dizer que continuem a conversa após a aula, já que o programa escolar deve ser cumprido”.

Sara Pereira coordena o projeto bYou, promotor da ideia de que uma das tarefas mais importantes dos educadores é auxiliar os estudantes a se expressarem. Não à toa bYou vem de “be you” (seja você, em Inglês) e também “by you” (por você). Vale visitar o site e participar dessa experiência. É possível enviar produções em diversas mídias para O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.. Pessoas de até 18 anos que se expressem em Língua Portuguesa podem participar. Para mais detalhes, assista ao vídeo da página principal do site e leia a sessão “mural”.

A escola e a Inteligência Artificial (IA)

A parte do evento de aniversário da MultiRio dedicada à inteligência artificial e suas relações com a educação teve a participação de Priscila Lima, professora do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação da UFRJ; e de Adriana Bruno, professora da UniRio e coordenadora do grupo de pesquisas Aprendizagem em Rede (GRUPAR).

À esquerda, homem sentado em uma cadeira. À direita, sofá com duas mulheres. Atrás, cenário com cubos coloridos e o logotipo MultiRio 30 anos.
Palestra sobre IA. Da esquerda para a direita: Eduardo Guedes, assessor da presidência da MultiRio, Adriana Bruno (UniRio) e Priscila Lima (UFRJ) Foto: João Paulo Engelbrecht

 

Priscila fez uma retrospectiva de como chegamos ao ChatGPT e ferramentas semelhantes. “IA é uma área em permanente delineação, cujas bases remontam ao século XX. A escola deve atuar em três camadas: sensibilização, conscientização e letramento.”, disse a especialista.

Adriana Bruno lembrou que já estamos diante de várias IAs generativas disponíveis, mas que é preciso cautela, pois os resultados fornecidos por esse tipo de tecnologia, muitas vezes, ainda são imprecisos e incorretos. Segundo Adriana, há consenso de que que se trata de uma tecnologia revolucionária, mas ninguém sabe precisamente como será essa revolução.

A experiência de dois professores articuladores de GET

No evento foi possível conhecer também o trabalho desenvolvido em dois Ginásios Educacionais Tecnológicos (GET). Roselaine Silveira, professora articuladora do GET Max Fleiuss (6ª CRE), na Pavuna; e Luiz Gustavo Queiroz, P.A. do GET Marechal Mascarenhas de Moraes (1ª CRE), no Caju, falaram sobre a experiência desse novo jeito de lecionar no dia a dia da escola.

Roselaine relatou que os recursos disponíveis nos colaboratórios são "fantásticos": notebooks, impressora 3D e máquina de costura, entre outros. “E o material didático GET na Prática traz percursos inspiracionais para apresentar os recursos disponíveis no colaboratório”, disse ela.

Para o professor Luiz Gustavo Queiroz “o trabalho nos colaboratórios dos GETs dá significado ao processos de ensino e de aprendizagem, tornando o conhecimento palpável para os estudantes. Para o conceito de plano cartesiano, por exemplo, posso usar tanto o scratch quanto o ponto cruz”. Scratch é uma linguagem de programação voltada para crianças e jovens, disponível em um site gratuito na internet.

Adriano Giglio, subsecretário de Ensino, explicou que os GETs “contribuem para a atualização da escola pública de ensino fundamental, reposicionando professores e estudantes com uma proposta de trabalho na qual as crianças e adolescentes constroem seus conhecimentos mediados pelos professores”. Atualmente, são 75 GETs em funcionamento.

Débora Garofalo, diretora de Inovação pedagógica da MultiRio, ressaltou que os GETs constituem a construção de uma “política pública pioneira e inovadora, baseada nas tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC), na cultura digital, e no pensamento computacional”.

Plataforma digital trabalha proteção de dados com os estudantes 

E Agora? - um rolé digital é o nome da plataforma digital lançada pela MultiRio, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação (SME) e a Secretaria Municipal de Integridade, Transparência e Proteção de Dados (SMIT), durante a comemoração dos seus 30 anos. A iniciativa apresenta histórias online interativas e ilustradas. Os percursos – inspirados em jogos do tipo RPG – trazem reflexões sobre segurança digital, cyberbulling e golpes na internet. O projeto teve a colaboração de estudantes do GET Cardeal Leme (1ª CRE), em Benfica, e possui uma linguagem voltada para esse público.

O projeto foi desenvolvido em colaboração com as secretarias municipais de Educação (SME) e de Integridade, Transparência e Proteção de Dados (SMIT).

Vídeos das palestras na íntegra

Se interessou pelas ideias da pesquisadora Sara Pereira e gostaria de saber um pouco mais? É possível assistir à participação da especialista no evento dos 30 anos da MultiRio. Clique aqui e vá até 49’37’’ do vídeo.

Mulher branca sentada em um sofá com um microfone na mão. Atrás, logotipo MultiRio 30 anos.
Sara Pereira, da Universidade do Minho, falou sobre como construir competências para o mundo atual (Foto: João Paulo Engelbrecht)

As outras atrações da parte da manhã também estão nesse mesmo link, como as palestras sobre Inteligência Artificial (IA) de Priscila Lima (UFRJ); e Adriana Bruno (UniRio).

A parte da tarde do evento também está disponível neste link. Você pode conferir como foram os seguintes momentos:
- GETs: abrindo as portas para a inovação;
- E Agora? Um rolé digital (o mais novo projeto da MultiRio que envolve segurança de dados para crianças e adolescentes);
- Boas Práticas em Midiaeducação (experiências escolares da Rede);
- Escola, Câmera, Ação (conversa acerca de filmes produzidos na Rede que foram selecionados para o Festival do Rio).

 
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