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O lugar da infância na imprensa
06 Outubro 2016 | Por Sandra Machado
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Jornalistas discutiram o protagonismo infantil na imprensa (Foto: Caíque Cunha)

Notícias falam, quando muito, sobre crianças, mas dificilmente para elas. Felizmente existe quem esteja atento e queira abrir espaço para discutir o assunto. Como aconteceu no oitavo Fórum sobre Políticas, Narrativas e Linguagens do Cinema Infantil no Brasil, realizado, no Rio de Janeiro, em paralelo a mais dois importantes eventos – o 14º Festival Internacional de Cinema Infantil (FICI) e o 9º Prêmio Brasil de Cinema Infantil. No painel Imprensa e Infância, especialistas debateram, justamente, a importância da divulgação de projetos culturais voltados para as crianças, assunto costumeiramente considerado como gênero menor pelos grandes veículos de comunicação. Participaram três jornalistas: Maria Flor Calil, diretora de conteúdo do portal A Verdade É Que; Pétria Chaves, apresentadora da Rádio CBN; e Camila Hungria, repórter do Catraquinha, versão infantil do Catraca Livre.

Para elas, é unânime a percepção de que faltam indicações literárias, críticas de filmes e notícias, em geral, que sejam importantes para o público infantil. Pensando em reverter o quadro, há oito anos Pétria, que hoje é mãe de uma bebê, incluiu pautas bem específicas no seu programa de rádio Caminhos Alternativos, e não tem do que reclamar. Percurso semelhante ao percorrido por Camila, em atendimento à linha editorial do site onde trabalha. “Nosso objetivo é trazer uma agenda positiva, que faça frente ao sensacionalismo da grande imprensa”, resume.

Da esquerda para a direita: Pétria, Maria Flor e Camila (Foto: Caíque Cunha)

Maria Flor acredita que a perspectiva mais aberta da imprensa frente ao público infantil pode contribuir, inclusive, para que pais consigam lidar melhor com a chamada Era da Infantocracia, momento histórico atual no qual a criança praticamente manda no consumo da família. “Não se pode confundir essa síndrome com protagonismo infantil. Os pais devem continuar a escolher a escola, a comida e os demais aspectos importantes do cotidiano de seus filhos.” Mãe de duas meninas, ela acredita que não há problema em levar crianças para as compras no supermercado, tão cheio de tentadores produtos industrializados, contanto que os pais levem seus filhos, também, às feiras livres, por exemplo, onde a oferta de alimentos frescos serve de contraponto. Vale tudo, menos julgar e culpar os responsáveis de forma generalizada.

“Os adultos têm a responsabilidade feliz de buscar informação e dar o exemplo no consumo de coisas bacanas”, afirma Pétria, lembrando que as crianças sempre cobram coerência dos mais velhos. Graças a uma mudança de mentalidade, o cuidado com o consumo cultural dos pequenos vem crescendo no interior das famílias. “Os pais são realmente ávidos por saber de tudo que acontece, principalmente nos fins de semana, para levar as crianças”, confirma Camila. Mas não basta o mero entretenimento. É preciso haver, também, alguma reflexão.

“A criança vê um vídeo no YouTube e, se a família discute junto sobre aquilo, é positivo”, acredita Pétria, afirmando que o suporte digital é hoje um tremendo aliado para a constituição de redes de interesse. De acordo com as jornalistas, os colegas idealistas não precisam desistir da grande imprensa, embora devam continuar militando por caminhos alternativos, como os blogs. “O meio virtual tem servido para dar mais voz às crianças”, afirma Camila. “Mas o protagonismo infantil começa, mesmo, quando garantimos os direitos delas. A voz das crianças está no seu direito de serem ouvidas.”

 
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