Disortografia e disgrafia são transtornos que afetam a escrita e cujos sinais podem ser identificados por professores em sala de aula. O primeiro está relacionado a uma dificuldade na aprendizagem de ortografia, gramática e redação – no nível da palavra, da frase e/ou do texto. Já o segundo diz respeito a uma questão motora.
“A disortografia pode ser caracterizada por uma dificuldade no nível da palavra, na organização de frases, do texto ou em todos esses. Com palavras regulares, é possível identificar sinais em crianças mais novas. No caso de frases e textos, percebe-se quando a criança é mais velha”, explica Renata Mousinho, fonoaudióloga e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde coordena o Projeto ELO: escrita, leitura e oralidade.
“Quando a letra é ilegível e/ou a criança escreve muito devagar por uma questão motora, falamos em disgrafia. Muitas pessoas acham que se trata de ‘letra feia’, mas não é: se a letra for feia, mas legível, e a criança escrever rápido, tudo bem, é uma característica. Mas se for ilegível, nem mesmo as próprias crianças conseguem entender o que escrevem”, contrapõe Renata, que é doutora em Linguística pela UFRJ.
O diagnóstico e o tratamento
A disortografia, segundo Renata, pode acontecer de forma isolada ou vir acompanhando a dislexia. “Todos os que possuem dislexia possuem também disortografia.”
Segundo a especialista, o tratamento da disortografia é feito, em um primeiro momento, com um fonoaudiólogo e, depois, com um psicopedagogo. Já a disgrafia pode ser tratada com um terapeuta ocupacional, um psicomotricista ou algum fonoaudiólogo especializado na área. “Uma orientação importante: no caso da disgrafia, é preciso ir a um médico para avaliar se existe uma questão motora mais global envolvida. Um pediatra pode atender e encaminhar o caso”, ressalta a professora da UFRJ.
A edição mais recente do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), uma das bases de diagnósticos de saúde mental mais usadas no mundo, lista três transtornos específicos de aprendizagem, que causam prejuízos: à leitura (também chamado dislexia), a habilidades matemáticas (discalculia) e à expressão escrita (disortografia). Por se tratar de uma questão motora, a disgrafia não é mencionada no documento nesta área, mas está ligada aos Transtornos Motores.