Eu me chamo Raquel. Sou filha de nordestinos. Minha mãe é mãe solteira, descendente de indígenas e meu pai, um afrodescendente que, por infelicidade, faleceu quando eu tinha apenas nove meses de idade.
Sempre estudei nas escolas da rede pública de ensino e nelas aprendi que só com os estudos eu poderia mudar minha realidade.
Sou casada e tenho uma filha. Desde criança sempre quis ser professora e de Matemática! Consegui me graduar na disciplina e me sinto realizada.
Em 2012, prestei concurso para a SME-Rio e fui aprovada. Fui indicada para trabalhar na E.M. Professor Floriano de Brito (9ª CRE), em Campo Grande, onde ainda estou.
Iniciei como professora regente; depois, coordenadora pedagógica, o que me impulsionou a fazer pós-graduação em Gestão Escolar.
Hoje, como diretora-adjunta na mesma unidade, venho adquirindo novos conhecimentos.
Objetivo geral: Contribuir para a formação de leitoras e leitores autônomos, enriquecendo o repertório do vocabulário dos alunos e desenvolvendo neles a imaginação e a construção da competência comunicativa.
Justificativa: Leitura e compreensão de texto são fundamentais para o desenvolvimento dos educandos. Por isso, busco promover momentos de leitura para que todos os meus alunos avancem em suas aprendizagens.
Objetivos específicos: Fazer leituras em voz alta para diferentes públicos, em diferentes situações comunicacionais;
Sentir prazer em ler/contar /ouvir histórias a partir do acesso a diferentes gêneros e portadores textuais;
Reconhecer as diferentes práticas de leitura que precisam ser contempladas no planejamento do professor, visando à formação de leitores e escritores competentes.
Em 2021, com a volta do ensino presencial à E.M. Professor Floriano de Brito, era necessário estimular o gosto pela leitura, já que muitos alunos haviam ficado sem ler no período de isolamento da pandemia.
Isso me levou a ampliar a percepção dos professores sobre o conceito de aluno leitor e a concentrar seus trabalhos em propostas que contribuíssem para o desenvolvimento das habilidades priorizadas pelo currículo nos eixos de oralidade, leitura, escrita e análise linguística.
Uma das professoras da escola – a Márcia – pensou então em articular o projeto Leitura Todo Dia ao nosso projeto político-pedagógico Vivendo o Presente de Olho no Futuro. O escopo dessa ação ilustra bem o pensamento do educador e filósofo Paulo Freire quando ensina que “o futuro não é coisa escondida na esquina; o futuro a gente constrói no presente”.
Acreditamos que “é pela leitura que se garante o direito de acesso à cultura da sociedade letrada, aos bens culturais construídos socio-historicamente (...) Logo, parte-se da concepção de que ler é construir sentidos na interação com diferentes textos.” (SME-RIO, 2020).
Inspirados nesses preceitos, os professores da escola prepararam uma caixa com textos de diferentes gêneros impressos em papel e os deixaram acessíveis para que cada aluno escolhesse o seu.
Mas, e aquele aluno que não sabia ler? Ele lia as imagens e contava uma história. Com o tempo, começava a estabelecer diferentes relações entre letras e imagens e entre o oral e o escrito.
E os alunos muito tímidos? Esses participavam da atividade com outro colega e ambos compartilhavam suas leituras.
Todos os dias um aluno vestido com um “jaleco de leitura”, usado para identificar o leitor do dia, lia um texto escolhido em outra turma. Finda a leitura, a professora comentava o texto, lançava perguntas sobre sua compreensão e direcionava atividades de reflexão à turma sobre o sistema de escrita.
O diário de classe era o recurso utilizado para registrar o nome do leitor e para trabalhar a ordem alfabética dos nomes das crianças.
O Leitura Todo Dia aconteceu em diferentes espaços da escola. Até hoje esse projeto é um sucesso e contribui para a alfabetização de qualidade que tanto almejamos!
Observamos uma grande motivação e muita alegria de todos os envolvidos no projeto Leitura Todo Dia. Na trajetória de leituras, vimos alunos com sorrisos cativantes depois "daquele frio na barriga", marcando o momento de superação do medo para a afirmação do “Eu consigo!”.
Percebemos alunos praticando valores como respeito, empatia e acolhimento.
Os professores (os incentivadores da prática) observavam com alegria as conquistas dos alunos na leitura e na escrita, no conhecimento dos diferentes gêneros textuais e no aumento do vocabulário e da autoconfiança.
Os responsáveis expressavam o prazer de ver os filhos tomando gosto pela leitura, cuidando dos livros, inventando suas histórias e praticando a leitura onde quer que houvesse oportunidade.
Todos nós constatamos, assim, que a prática de leitura diária produz frutos significativos, na medida em que contribui para que os alunos, além da construção de conhecimentos, produzam textos com sentido e desenvolvam a oralidade nas interações sociais.