Por hábito, cultura familiar ou mesmo a correria do dia a dia, nossos alunos consomem uma alimentação inadequada às suas necessidades. A ingestão excessiva de calorias e a redução do gasto energético já fazem parte da cultura dos dias de hoje.
A alimentação está diretamente ligada ao desenvolvimento de doenças como obesidade, colesterol alto, hipertensão arterial ou diabetes tipo 2. Transtornos alimentares são problemas de saúde pública e a escola precisa desenvolver um planejamento que inclua esse tema.
Como muitos alunos dos blocos 1 e 2 da EJA já haviam tido experiência com hortas comunitárias, resolvemos desenvolver um trabalho interdisciplinar que envolvesse estudantes do 2º e 5º anos dos Anos Iniciais no Ciep Armindo Marcílio Doutel de Andrade (9ª CRE), em Campo Grande, Zona Oeste da cidade. Eles foram os protagonistas nesse processo e a EJA sentiu-se valorizada por ter seu saber reconhecido nessa troca com seus pares.
No nosso ciep há uma horta hidropônica que ficou inativa durante a pandemia da covid-19. Mas com a redução dos índices de contaminação pela doença, nossos professores entenderam que podiam reativar a hidroponia na horta e fazer dela uma horta orgânica para potencializar o aprendizado dos alunos sobre o cultivo de alimentos.
Como algumas atividades na horta vinham sendo trabalhadas no contraturno (período da manhã), os alunos do 1º turno se interessaram em participar das atividades de cultivo. Cientes de que essas ações estão integradas ao currículo escolar, resolvemos juntar os Pejas I e II com o 2º e 5º anos dos Anos Iniciais para, juntos, introduzirmos práticas sustentáveis em nossa unidade. Com isso, conseguimos contribuir para melhorar a alimentação e a qualidade de vida dos alunos e favorecer uma formação voltada à cidadania e à criticidade.
Para Freire (1983) e Vygotsky (1996), o sujeito não obtém o conhecimento no silêncio, mas na ação reflexiva com o outro e com o objeto do conhecimento.
A horta escolar tem como foco principal integrar as diversas turmas envolvidas, favorecendo sua aprendizagem e gerando fontes de observação e pesquisa. Ela proporciona aos atores envolvidos uma reflexão diária sobre alimentação saudável e segura e sobre saúde. O espaço favorece o desenvolvimento de ações pedagógicas interdisciplinares que atendam aos Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODSs), com destaque para o ODS2 – Fome Zero e Agricultura Sustentável e o ODS4 – Educação de Qualidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, F. T. A Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável da ONU e seus atores: o impacto do desenvolvimento sustentável nas relações internacionais. Revista Interdisciplinar de Sociologia e Direito, v. 21, n. 3, p. 5-19, 2020.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente.. 4.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
A hidroponia tem algumas características peculiares. Com a técnica, o cultivo de hortaliças é processado no interior da estufa para proteger os vegetais de ataques de pragas e insetos. Os gastos com água são infinitamente inferiores. O processo é mais higiênico e a produção de vegetais pode ocorrer em todos os meses do ano, sem o uso de agrotóxicos.
Na horta orgânica os alunos metem a mão na terra e regam as plantações, além de proteger os vegetais contra pragas, entre outras ações.
Fizemos uma comparação entre ambas as técnicas para que os alunos percebessem suas potencialidades e dificuldades. Eles participaram ativamente de todas as etapas que descrevemos a seguir:
O projeto é uma iniciativa completa. É um recurso interdisciplinar que une teoria e prática de forma contextualizada e tem como alvo:
Este projeto permitiu que os alunos vivenciassem o plantio e as etapas de desenvolvimento dos vegetais, estimulando habilidades de observação e registro científico. Mas o melhor mesmo foi nossos alunos terem seu trabalho reconhecido e premiado