Em 2018, dei início a um projeto no CIEP Dr. Bento Rubião, como parte da equipe do Proinape, em parceria com a Assistente Social Patrícia Almeida. Nosso objetivo inicial era estimular a participação dos alunos no grêmio estudantil, criando um espaço de voz e representatividade para os estudantes. No entanto, em diálogo com a coordenadora, fomos convidados a ampliar o foco do nosso trabalho, desenvolvendo ações que contribuíssem para a melhoria da frequência escolar e o fortalecimento da autoestima dos alunos.

A partir desse novo direcionamento, criamos uma apresentação em PowerPoint com base nas entrevistas que realizamos com os alunos. Nela, destacamos as respostas deles e incluímos fotos, procurando criar um material que representasse a identidade de cada estudante. A ideia era que, ao se verem refletidos nessa apresentação, os alunos pudessem se sentir mais valorizados e, assim, motivados a frequentar a escola com mais regularidade. Nas entrevistas individuais com os estudantes, perguntávamos o que eles mais gostavam de fazer e o que mudariam na escola. Os alunos adoravam o momento da entrevista e vibravam com os colegas ao ver suas fotos e respostas exibidas no PowerPoint.

Desde então, continuei trabalhando em escolas que atendem alunos da Rocinha no Ensino Fundamental II, acompanhando o desenvolvimento de muitos desses estudantes. Atualmente, reencontro vários deles, que hoje estão no 8º ou 9º ano. Alguns lembram-se claramente do trabalho que realizamos em 2018, enquanto outros precisaram ser relembrados. Mostrar as fotos e reavivar as memórias da época ajudou a restabelecer um vínculo de confiança, essencial para a continuidade das ações em 2023/2024. Esses reencontros destacam a importância do acompanhamento contínuo ao longo da trajetória escolar. Quando realizamos um trabalho que ajuda os alunos a se descobrirem, a entenderem quem são e a respeitarem sua própria história, criamos laços duradouros. Os profissionais que se dedicam a esse processo tornam-se figuras de confiança, reconhecidos como aqueles que conhecem um pouco de suas vivências ao longo dos anos. Essa relação não apenas fortalece o vínculo dos alunos com a escola, mas também constrói um espaço onde eles se sentem apoiados e seguros.